O Reino Dourado

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Minha rainha - disse Sor Jorah, caindo sobre um joelho - minha espada, que era dele, é sua. Daenerys. E o meu coração também, que nunca pertenceu ao seu irmão. Sou apenas um cavaleiro e nada tenho a oferece-lhe exceto o exílio, mas escute-me, suplico-lhe. Esqueça Khal Drogo. Não estará só. Prometo-lhe que nenhum homem a levará para Vaes Dothrak a menos que deseje ir. Não tem de se juntar às dosh Khaleen. Venha para o leste comigo. Yi Ti, Qarth, o Mar de Jade, Asshai da Sombra. Veremos todas as maravilhas que ainda há para ver, e beberemos os vinhos que os deuses achem por bem nos oferecer. Por favor Khaleesi. Sei o que pretende fazer. Não o faça. Não o faça...

(Daenerys X - A Guerra dos Tronos)

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Enormes ruínas de cidades abandonadas brotavam entre a selva fumegante a medida que as carroças se moviam por largas estradas de pedra tão boas para locomoção quanto as estradas valirianas. Sobre as ruínas e seus altos monumentos corroídos pelo vento, Drogon voava a uma distância segura, porém perto o suficiente para lembrar a todos do perigo constante sobre os céus do Reino Dourado de Yi Ti.

Eles haviam sido encontrados há algumas semanas atrás pelos homens do Imperador de Jade da cidade de Asabhad, um movimentada cidade costeira que ostentava uma enorme muralha esculpida em pedra verde tão brilhante quanto a ondas do mar que beijavam suas encostas. Drogon havia se mantido distante, mas Daenerys sabia que eles os seguia entre as nuvens escuras da noite quando ela e Benerro foram levados até a presença do imperador Jar Joq. Ela era uma coisa suja e esfarrapada quando fora feita prisioneira com Benerro, mas a cidade inteira prendeu a respiração quando Drogon pousou ferozmente ao lado dela, depois que a levaram para dentro das grossas muralhas do castelo de esmeralda e ela ficou na presença opulenta de Jar Joq. Ela podia ser uma rainha esfarrapada, mas ainda tinha um dragão e dragão era poder.

Desde então a hostilidade que ela sentiu quando foi conduzida até a cidade foi transformada em medo e cautela. Eles a trataram não mais como uma prisioneira, mas como uma rainha, coisa que ela quase se esquecera como era. Jar Joq a presenteou com joias e sedas vindas de Leng, ofereceu a ela a mão de um de seus filhos em casamento, o que Daenerys recusou gentilmente, e deu a ela e a Benerro os melhores aposentos em seu castelo.

- O mundo acreditava que a Mãe dos Dragões estava morta e veja só você - ele dizia admirado, em valiriano inseguro, mas compreensível. Era um homem gordo e de meia idade, com brilhantes olhos escuros esculpidas em pálpebras puxadas e que sorria mais do que deveria.

- É bom que continue assim.

- Será um prazer abrigar a Mãe dos Dragões em nossa cidade, você pode ficar aqui se quiser. Há muito tempo não víamos um dragão... nem mesmo seus antepassados valirianos vinham muito para essas terras.

- É uma terra bonita, lamento estar de passagem.

No fundo Daenerys se perguntava se ele sabia como ela havia morrido e entendia que o interesse do homem não estava nela exatamente, mas em Drogon. A constatação a deixou alerta. Durante as refeições ela farejava a comida que eles enviavam em busca de venenos e todas as manhãs olhava para as chamas em busca de perigos, como Aisha havia a ensinado. Eles continuaram sendo gentis no entanto, e no fundo ela sabia que eles temiam que ela ou Drogon dessem a eles o mesmo destino ardente de Porto Real. Aquilo a fez lembrar-se do que Sor Jorah lhe dissera certa vez sobre os Khals, de como os poderosos das cidades aonde eles chegavam com o seu khalasar os paparicavam para não serem atacados e para se livrarem logo deles, mas que nem sempre isso era o suficiente. Um Khal ainda podia atacar se algo não o agradasse. Ela sabia que Jar Joq estaria disposto a ajuda-la, ainda que fosse para se ver longe da destruidora de cidades e a filha de Aerys Targaryen.

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