O Fosso Cailin

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Ele tinha que admitir, perdera completamente a noção do tempo quando enfim avistou as ruínas chamuscadas de Fosso Cailin, a fortaleza ancestral que controlava o talude, a única rota segura para atravessar os perigosos pântanos do Gargalo e chegar ao Sul. Quanto tempo estivera viajando? Ele não fazia ideia. Parara de contar e isso parecera tornar sua jornada um pouco mais confortável.

Da fortaleza imponente que um dia fora Fosso Cailin, restara apenas três torres. A Torre dos Filhos era alta e imponente, mas parte havia desmoronado após o ataque de Drogon no passado. A Velha Ama contava que fora daquela torre que os Filhos da Floresta invocaram seus deuses para enviar o martelo das águas e esmagar o Gargalo, numa tentativa falha de separar Norte e Sul, para impedir o avanço dos Primeiros Homens. O resultado foi o surgimento dos pântanos. Eras mais tarde, Robb ficara hospedado naquela mesma torre durante sua marcha para o Sul, antes de encontrar o seu destino.

A Torre do Bêbado havia enfim desmoronado por completo e a Torre do Portão era a única que ainda aparentava boas condições.

Jon olhou para trás, mas apenas neve e uma escuridão sopravam vindas do Norte. Já não era possível avistar mais nada. Não dava mais para voltar atrás. E toda aquela escuridão que se aproximava lhe dava arrepios. Eles estão vindo. Atrás de nós só resta a morte.

Voltou-se para o Fosso, sentindo o peso de Agulha presa ao seu gibão, lembrando-se dos olhos de um azul doentio de Arya. Lembrando-se da morte sempre a espreita.

Farejou o ar. Fantasma andou a sua frente, uma sombra branca e magra, completamente camuflada pela tempestade, desaparecendo na imensidão. Jon avaliou sua situação e posição. Havia pessoas na Torre dos Filhos, era possível avistar o alaranjado agradável de uma fogueira. Farejou pelo menos seis cheiros diferentes. Todos machos, cheirando a óleos silvestres e à cavalo. Dothrakis.

Provavelmente estavam de vigia, atentos a qualquer coisa que se aproximasse demais. Jon havia lutado ao lado daqueles homens, sabia como eram perspicazes e letais. Se fosse visto e se fosse pego, sabia que não teria a menor chance, especialmente ele. Eles me matariam sem pensar duas vezes. Me matariam pelo o que eu fiz a Daenerys. Mesmo assim, era lutar ou enfrentar o perigo dos charcos e pântanos que inundavam o Gargalo. Nenhuma das perspectivas o agradava, mas ele precisava tentar. Seria seis contra um, mas ele tinha Fantasma. Ele era um Stark de Winterfell e aquele ainda era o seu território.

Fantasma voltou naquele momento para o local onde Jon estava escondido, atrás de uma enorme pedra que um dia fizera parte das muralhas exteriores da Fortaleza. Ele não estava sozinho.

– Jon Snow – sussurrou a garota, tão baixo que apenas alguém meio lobo gigante poderia escutar – Sou Meera Reed e vim buscá-lo.

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