A Nascida da Tormenta

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Meereen era tão grande quanto Astapor e Yunkai juntas. Tal como como suas cidades-irmãs, tinha sido construída de tijolos, mas enquanto Astapor era vermelha e Yunkai amarela, Meereen era feita de tijolos de muitas cores.

(Daenerys V - A Tormenta de Espadas)

***

Daenerys Targaryen ergueu o rosto para o alto, enquanto uma chuva fria sibilava através de um céu escuro para transformar as ruas de tijolo da antiga cidade em rios. Seus fios gelados lavavam seu rosto sujo de fuligem e suor, escorrendo pelo pescoço e pelo aço negro da armadura que ela ganhou de presente da guilda dos Feiticeiros das Sombras, depois que um de seus magos tentou roubar-lhe a vida durante sua estadia em Asshai.

A chuva apagara a maior parte dos incêndios, mas nuvens de fumaça ainda se erguiam da ruína fumegante que havia sido a pirâmide de Hazkar, e da grande pirâmide negra de Yherizan, onde Drogon fizeram seu covil na escuridão. Do lado de fora das muralhas da cidade, onde um dia ficara o acampamento rebelde, tufos de fumaça subiam contra as nuvens cor de ardósia, como fitas negras retorcidas ao sabor do vento. Após reunir-se com os exércitos liderados por Daario, capturar os mestres e saquear o acampamento, Daenerys havia montado mais uma vez em seu dragão e varrera com fogo o que sobrara do local, até que restasse apenas cinzas e pó sobre os seus pés.

As tendas de melhor qualidade foram reaproveitadas para abrigar os doentes afetados pela égua descorada e durante os primeiros dias, enquanto Daario partia para capturar os mestres que haviam fugido pelas estradas vermelhas depois que Daenerys Targaryen descera dos céus em seu dragão, ela e Benerro se dedicaram a ajudar os doentes, preparando unguentos e porções para aliviar a dor e o sofrimento dos mais aflitos. Apesar de seus esforços, muitos não resistiram ao fluxo sangrento e uma nova fogueira de corpos precisou ser acendida. Os que se recuperaram, foram levados para dentro da cidade, onde a doença estava mais controlada, mas a cidade... estava estranhamente vazia.

- Chegou junto com a notícia da sua morte – Daario havia lhe contado, enquanto seus homens saqueavam o acampamento rebelde – Em questão de dias, metade da cidade estava morta e o cheiro no ar... – ele franziu o nariz – Todos os dias... queimávamos pilhas e mais pilhas de corpos e sobre a ordem de Razdal zo Naqqan isolamos os locais mais afetados e instruímos a fervura da água e dos alimentos conforme o ensinado pelas Graças. Os Grandes Mestres se aproveitaram do caos trazido pela doença para conspirar contra Razdal zo Naqqan. Ele foi morto em sua cama enquanto dormia e a cidade caiu nas mãos dos desgraçados logo em seguida. Eu me escondi assim que soube, sabia que eu seria o próximo, eu estava aqui lutando por você... – ele fez uma longa pausa antes de prosseguir - Depois reuni alguns homens, agitei os civis e matamos alguns deles. Nós tomamos a cidade de volta, porém alguns conseguiram escapar. Tinham aliados. Eu consegui colocar minhas mãos em alguns e os interroguei. Descobri que eles estavam se reunido em Yunkai e preparavam uma ofensiva contra nós. Não tínhamos homens suficiente para proteger a cidade e lutar com os miseráveis. Tivemos que espera-los aqui.

- Eles montaram um mercado de escravos diante das muralhas da cidade – Dany havia comentado amargamente.

- Sim, muito ousados. Tinham esperanças que eu perdesse a cabeça e pretendiam restabelecer o mercado dentro das muralhas de Meereen. Conseguiram o apoio de Braavos e seu Banco de Ferro. Estávamos prontos para morrer defendendo os portões quando vimos o dragão.

- Este um estava em Volantis com seus companheiros quando soube do estranho movimento de barcos misteriosos carregando pessoas em direção a Baía – Verme Cinzento falou andando ao lado de Dany – Estávamos a caminho de Naath, mas mudamos o curso para cá. Chegamos antes do cerco começar. Apesar dos barcos, não somos bons marinheiros e como Daario tivemos que aguardar para lutar.

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