•45

543 40 5
                                    

A luz extremamente forte tomava conta do local completamente branco em que eu estava.
Com dificuldade, abri meus olhos devagar me acostumando com a claridade.

Eu estava enxergando meio embaçado. Subi minhas mãos até meu rosto, esfregando os olhos.

Kenny - Sn?! - me encarou preocupado - ah ainda bem, como você está?

Sn - tonta... Cadê a mamãe?

Kenny - eu vou avisar a todos lá fora que você está bem, fica tranquila e procura descansar.

Assenti e ele saiu do quarto após beijar o topo da minha cabeça.

O silêncio tomou o quarto. Pousei minha mão suavemente sob o lugar em que estava o enorme pedaço de vidro, subi minha mão junto ao tecido da roupa vendo minha pele, não havia nenhuma cicatriz ou vestígio de machucado.

Venom - eu te curei, mas-...

Sua fala foi interrompida pela porta sendo aberta com brutalidade, subi meu olhar até a porta vendo o Bakugo entrar.
Seu olhar revoltado me deixava apreensiva.

Katsuki - quando...

Ele olhou no fundo dos meus olhos fixamente, ele estava irritado além de estar visivelmente segurando o choro.

Katsuki - ... Quando você ia me contar que estava grávida?

O tom de sua voz me fazia sentir um certo receio de continuar a conversa.

Sn - Kacchan, eu-...

Katsuki - você é uma puta de uma irresponsável, sabia?! - aumentou o tom de voz, batendo no colchão da cama.

Sn - ...

Um nó se formou em minha garganta, eu queria me explicar mas ele estava me intimidando de uma maneira absurda.

Katsuki - eu ouvi sua conversa com a sua amiga naquela manhã... Eu sabia de tudo e estava esperando pra ver até onde você iria me fazer de idiota. Mas por mais paciente que eu estivesse eu deixei passar, só que dessa vez você passou de todos os limites entrando em um campo de batalha, sua idiota!!

Sn - eu sei! - gritei - foi irresponsabilidade da minha parte, eu sei! Mas eu pensei que tinha tudo sob controle, eu só queria ajudar.

Katsuki - ajudou sim, Sn. Ajudou colocando a vida do nosso filho e a sua em risco! - falou sarcástico - mas a sua vida foi salva, graças ao Venom. E a do seu filho?

Aquelas palavras doeram mais que um tapa na cara, as lágrimas que eu segurava a todo custo rolaram pelo meu rosto, junto ao peso na consciência.

Katsuki - uma ferida é reversível... - falou baixo - mas e a morte?

Seus olhos marejaram, ele estava chorando também além de estar nervoso.

Katsuki - sua irresponsabilidade matou a Yuna, mas também matou o nosso filho... E quase você foi junto. Agora imagine a vida do seu namorado, da sua família, e dos seus amigos se isso tivesse acontecido.

Sn - PARA DE FALAR POR FAVOR! - gritei.

Eu estava chorando feito uma criança, de cabeça baixa. Vários pensamentos ruins me ocorreram de uma vez, eu só queria ajudar a cidade e acabei me prejudicando mais que tudo.

Sn - eu já entendi, Katsuki... Eu errei, e estou aqui agora, olhando em seus olhos e pedindo desculpas. Desculpas por ter te escondido o que você tinha mais que direito de saber, desculpa por ter sido irresponsável a ponto de tirar vidas e... Desculpa por ter te machucado.

Ele respirou fundo, se virando de costas. Ele estava com tanta raiva de mim que não conseguia olhar nos meus olhos.

Katsuki - ... Descansa um pouco, depois conversamos sobre isso.

Sua voz estava trêmula, e eu estava seriamente ferida, meu psicológico estava abalado. Eu fiz algo que jamais me imaginei fazendo; tirando a vida de uma pessoa.
Por mais que não nos déssemos bem, eu não queria ter matado a Yuna..
Mas quando vi o que ela fez com minha mãe, eu perdi a cabeça, e acabei perdendo meu filho também.

Katsuki saiu do quarto, batendo a porta. Eu comecei a chorar intensamente, os soluços me deixavam desesperada e minhas lágrimas caíam cada vez mais em maior quantidade, molhando o travesseiro que eu escorava a cabeça.

Depois de tanto chorar, com o rosto completamente molhado e inchado eu acabei adormecendo.

(...)

Mais tarde, quando acordei meu pai estava ao lado da cama com o olhar baixo.

Sn - pai...

Akira - Sn, minha filha. - me abraçou preocupado.

Sn - pai cadê minha mãe? O que houve com ela? Kenny estava aqui hoje mais cedo e evitou minha pergunta... Por favor, não esconda mais nada de mim eu não aguento mais sofrer assim.

Akira - a sua mãe está bem, mas em coma profundo. Os médicos não sabem quando ela vai acordar, e sinceramente nem se ela vai acordar...

Aqui eu choro novamente, sentindo um aperto no coração.

Sn - isso é tudo culpa minha...

Akira - não, não meu amor! Sua mãe vai ficar bem.

Sn - mas e se-...

Akira - você sabe que ela odeia pensamentos negativos, não sabe? - me interrompeu - Ela ficaria extremamente irritada se te visse assim.

Aquela dor que estava em mim era a única coisa que Venom não poderia curar, a dor atingia minha alma com todas as forças.
E naquele momento a única coisa que eu conseguia fazer era chorar e chorar.

Essa maldita profissão de herói está destruindo a minha vida pouco a pouco, meus pais não tinham necessidade de vir pra Musutafu pra proteger a cidade, mas vieram...

Aquilo era algo muito pesado de se viver, eu queria simplesmente acordar e saber que tudo isso foi um pesadelo ruim mas era humanamente impossível.

Akira - Sn se acalma, se os médicos te virem assim vão te entupir de calmantes. Desse jeito você não vai conseguir alta pra amanhã.

Sn - desculpe, pai...

Akira - relaxe ok?

Já estava anoitecendo e eu sentia necessidade de ver o Bakugo, de conversar com ele. Tudo que eu mais precisava era do apoio dele, mas ele estava irritado demais para fazer qualquer coisa por mim.

(...)

Na manhã seguinte eu recebi alta, meu pai me deixou no campus e assim que eu entrei no quarto completamente cabisbaixa, Mina correu pra me abraçar.

Mina - você está bem? Que susto você nos deu, Sn.

Sn - tudo que eu menos preciso agora é um sermão, Mina...

Mina - eu não tive tempo de te ver no hospital, como você está?

Sn - mal, eu perdi meu filho e quase a minha mãe, e pra piorar tudo meu namorado não quer me ver nem pintada em ouro.

Mina - ... Eu sinto muito, amiga. Eu não vou te julgar e nem brigar com você, serei seu pilar, amiga. Pode contar comigo pro que precisar.

Eu chorei de novo, não era pra isso acontecer. Meus hormônios estavam todos bagunçados, eu chorava por qualquer coisa.
Mina me apertou no abraço, o deixando mais reconfortante.

Ficamos ali os próximos cinco minutos até que eu conseguisse me reerguer.

Mina - por que não toma um banho pra relaxar e dorme um pouquinho?

Sn - vou fazer isso. Depois de chorar um pouquinho-

Mina - ah mas não mesmo! - se levantou agarrando meu braço - vai entra ai, toma um banho bem demorado e quando você sair dai vai ter uma caixa inteira de doces pra você comer vendo um filme comigo, ok? - me empurrou pra dentro do banheiro.

(...)

𝙷𝚎 𝙸𝚜 𝙰𝚋𝚕𝚎 𝚃𝚘 𝙻𝚘𝚟𝚎 - 𝓚𝓪𝓽𝓼𝓾𝓴𝓲 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸Onde histórias criam vida. Descubra agora