CAPÍTULO XXVIII - POR TRÁS DA PORTA

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ANTES: Samuca conta a Sérgio a verdade sobre sua relação com Sérgio e Flora. Sobre como foi adotado e maltratado por anos, mas quando Felipe o chama para morar com ele depois do apáscoalipse, o garoto recusa. Antes que alguma dúvida pudesse ser tirada, Áster entra no banheiro, nervosa.

AGORA:

― Ih, cheguei em má hora? ― indagou Áster fitando Samuca e eu abraçados sobre a pia com sinais claros de choro.

Encarei a japonesa, de olhos arregalados. Seu rosto parecia abalado. Por sinal, não pude deixar de notar as roupas diferentes. Jaqueta branca de couro, camisa esportiva rosa por baixo, calças de motoqueiro pretas com uma estampa de flores lilases subindo pela perna e coturno da mesma cor. Os cabelos presos num coque. Além disso... o rosto estava meio diferente. Ela passou maquiagem?

Áster balançou a cabeça.

― Tanto faz. Tem que vir comigo. ― ordenou. ― Agora!

Samuca olhou para ela assustado e então de volta para mim.

― E-eu tô meio ocupado aqui. ― disse apontando o garoto com a cabeça. ― Pode esperar um pouco?

― Eu acho que não ― disse ela. ― Acho que ninguém devia esperar nada agora. Tem vidas em jogo aqui. Por favor, vem comigo! Tô pedindo com educação agora.

Respirei bem fundo. Quando minha vida ficou tão complicada? Bom, não tinha muito a fazer. Dei a palavra para Áster de ficar ao lado dela quando fosse necessário. Além do mais, já tinha pressionado Samuca excessivamente. Era hora de parar. Haveria tempo para voltarmos ao assunto dele recusar ficar comigo. Talvez, mais importante, eu tinha plena certeza de que agora ele sabia como era amado. Para alguém cuja vida negou tanta coisa, isso era muito.

― Tá, eu vou ― Áster relaxou os ombros. ― Mas o Samuca vai também.

Ambos me encararam com igual cara de tacho.

― Como é? ― Áster soou confusa. ― Fefê ― ah, pronto. Agora só falta o apelido pegar. ― Você lembra porque eu estou te chamando? O tipo de coisa especial sobre a qual vamos falar?

― Eu sei ― respondi. ― Mas dele eu não me separo. É pegar ou largar.

― Tu-tudo bem ― Samuca colocou as mãos em meu peito. Senti um leve desconforto por ele colocá-las sobre minhas protuberâncias abafadas. ― Eu volto pra junto do pessoal e...

― Não ― neguei com a cabeça. ― Acha que eu vou te deixar ficar um segundo sequer perto daquela mulher?

Rubor tomou conta das maçãs do rosto dele.

― Mas o...

― Ele tá com o Érico e os soldados vigiando ela ― toquei a bochecha dele. ― Além de que ela não fez mal pra ele, né? ― Samuca assentiu. ― Seja um pouco egoísta, carinha. E me deixe proteger você. Pode fazer isso?

Ele corou e assentiu.

― Certo, vamos ― decretei tirando-nos de cima da pia. Samuca agarrou minha mão assim que ficamos em pé. Sorri fazendo carinho na palma dele com o polegar.

― Cara, cê tem sorte da gente tá tão na merda que eu não tenho nem tempo pra negar ou, sei lá, questionar ― quando me aproximei, ela disse mais baixo: ― não que eu fosse, pra você saber.

Mesmo sem muita informação, talvez eu estivesse de fato me aliando com as pessoas certas.

Mesmo sem muita informação, talvez eu estivesse de fato me aliando com as pessoas certas

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