CAPÍTULO XXVI: FAMÍLIA

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ANTES: Áster e Angélica contam sua história, revelando serem integrantes de uma organização responsável por lutar contra ameaças ao mundo, tais como a N-life. As duas pedem para Felipe se unir a elas contra as pessoas da empresa que os acompanham e ele aceita.

AGORA:

Fechei a porta do estoque atrás de mim, permitindo minhas costas deslizarem por ela até encontrar o chão. Meu coração batia rápido, as mãos suavam, a boca estava seca conforme eu arfava pesadamente. Áster e Angélica haviam saído pouco antes. Ainda conseguia ouvir os passos das duas se afastando pela escada. A lembrança das palavras de Áster antes de nos separarmos pesando sobre mim.

Angélica dera um passo para fora. A japonesa olhou em meus olhos, receosa.

― Mais uma coisa ― começou ela. ― Sobre o Érico...

― O que tem ele? ― dei um passo para trás.

― Esse é o ponto ― revelou Angélica. ― Não sabemos. Olha, eu sei que pedir isso é uma grande filhadaputagem até por termos acabado de começar esse negócio, mas você podia tentar descobrir se ele tá do lado da N-life? Já que tá ficando com ele, eu pensei que podia...

― Como é? ― perguntei sentindo-me corando.

― Ah, fofinho ― Áster riu. ― Só não vê isso quem é trouxa.

― Sei lá ― dei de ombros. ― Acho que descobrir se o meu... ― pigarrei. ― Enfim, se o cara com quem estou ficando e, merda, eu realmente disse isso ― era um sentimento engraçado dentro do peito. ―, mas descobrir se ele não é um tipo de maluco perverso condescendente parece... bem... um saco. Porém, não é impossível. E acho que teria de fazer isso mais cedo ou mais tarde.

Áster sorriu.

― Eu tenho outra pergunta... esse seu poder de adivinhar mentiras ― Áster inclinou a cabeça. ― Você monitora batimentos tipo um polígrafo?

― Eu nem imagino o que seja isso, mas sim ― a menina encarou a palma da mão. ― Na verdade, tirei a ideia de um quadrinho do Demolidor.

― Faz sentido.

― Né? ― ela sorriu. ― Só que meu grande poder mesmo é bem menos complexo.

― E seria?

― Ah, querido! ― ela inclinou a cabeça. ― Precisamos manter um pouco de mistério na nossa relação, você sabe, por precaução. ― resmunguei. Ela era boa. Esperta, sagaz, ligeira como um raio. O melhor tipo de aliada a se fazer e o pior tipo de inimiga. ― Além do mais, tenho certeza que também não contou tudo, não é? Você quer manter uma carta na manga para o caso de isso tudo ser uma armadilha, estou certa?

Dei de ombros.

― Talvez ― mordi o lábio inferior. ― Ou talvez eu estivesse desesperado e tão feliz por encontrar quem me entenda que decidi mergulhar de cabeça. Tenho muito a perder, mas o que é a vida sem um pouco de diversão?

Áster riu alto.

― Cara, eu te amo. ― disse ela. ― Você é como jogar xadrez o tempo todo.

― Obrigado?

― Com certeza "obrigado" ― retrucou ela jogando o corpo para frente.

Angélica nos apressou.

― Calma aí, apressadinha. ― Áster revirou os olhos. Em seguida, cravou-os em mim ― E você. Lembra de manter tudo aqui em segredo.

Concordei com a cabeça.

APÁSCOALIPSEOnde histórias criam vida. Descubra agora