CAPÍTULO XII - CONFIANÇA RELUTANTE!

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Antes: Felipe desperta em um lugar estranho. Demétrio, um amigo que fez há pouco tempo lhe oferece algumas explicações. Sozinho, Felipe conclui que a culpada pelos monstros e todo o caos é a própria empresa que o ajudou para qual seu pai trabalhava. A N Life.

Agora:



Demétrio me guiou por um corredor todo branco em silêncio. Haviam várias janelas ao nosso redor, o que me deu a chance de espiar o exterior do prédio. A escola ficava relativamente afastada da cidade, cercada por uma floresta de eucaliptos, logo, não dava para ver as luzes de lá ― se é que alguma estaria acesa. ― A noite jazia bem escura. Mas um escuro diferente, avermelhado que me fez pensar nas nuvens escarlate que tinha visto mais cedo. Não era algo tão estranho se comparado com todo o resto, mas não deixava de ser no mínimo atípico. Mais perto, observei ônibus semelhantes ao que me trouxe até a cidade recolhendo-se no que supus ser o estacionamento. No pátio de entrada, várias pessoas vestindo roupas semelhantes as da tal Capitã Suelen andavam de um lado para outro.

Adiante, o corredor levava ao bloco de salas do qual eu me lembrava bem. Todas se encontravam abertas, porém vazias. Ao longe, escutei um aglomerado de vozes que era justamente para onde Demétrio me guiava.

― Quantas pessoas têm aqui? ― perguntei.

― Sei lá eu ― respondeu Demétrio. ― Tem gente que é lazo*. Todo mundo que eles pegaram veio pra cá. Falando nisso ― ele rodou nos calcanhares formando uma barreira entre mim e a saída. ― Tu tem que vir aqui primeiro.

Ele apontou para uma sala à nossa direita. A última do bloco. Era a única com pessoas dentro.

― O que tem aí? ― indaguei.

― Mandaram todo mundo aqui escrever o nome no quadro dessa sala ― explicou ele. ― A ideia é deixar mais fácil saber se tem algum conhecido.

Era uma ideia genial. Entrei na sala, branca como o corredor e fui logo investigando os diversos nomes lá escritos. Procurei inicialmente por Carlos, depois Carlos Emanuel, Doutor Carlos, mas não encontrei nada. Triste, porém determinado segui buscando por Rita de Cássia. Cheguei até a localizar uma com o sobrenome errado. Mentalmente xinguei todos os nomes que conhecia. Meus pais não estavam lá. E se era o caso, então para onde foram? Será que me deixaram para trás? Ou pior... Não, eu tinha que conservar algum fio de esperança; precisava falar com aquela capitã. Ela saberia.

― Não achou quem tava procurando? ― Demétrio se aproximou. Confirmei com a cabeça. ― Seus pais?

― É ― respondi.

― Sinto muito, carinha! ― o garoto deu três tapinhas em meu ombro. ― Mas olha, por que não escreve teu nome aqui? Daí quando eles aparecerem, eles vão saber que tu tá aqui!

― Certo ― peguei um canetão vermelho ao meu alcance, porém Demétrio me deteve.

― Peraí ― disse ele, pegando um preto e entregando para mim. ― Tem que usar esse!

Achei estranho, mas não questionei. Assinei meu nome em letras garrafais para que ficasse bem evidente.

― Felipe Ferreira ― Demétrio leu o nome com certa musicalidade. ― Soa bem.

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