SEM CORREÇÃO E CONTÉM ERROS.
ELAY
Estou saindo para o almoço, mas paro rente a porta no exato momento que a copeira esbarra com Lourenço. Ele solta umas folhas de suas mãos e agarra com um braço o corpo da garota procurando apoio com o outro braço, sem sucesso. As pernas dela trança nas deles e o desfecho é trágico o jogando literalmente no chão. Lourenço é pavio curto e tem uma facilidade incrível de se estressar com bobagens, sinto até uma pontinha de dó da garota. Me mantenho escondido até tudo se desenrolar, e eu poder sair para almoçar e matar a fome das minhas lombrigas.
Meu telefone vibra na mesa, gosto de mantê-lo no silencioso, porque se por acaso estiver no fórum, não ser chamado atenção pelo meritíssimo senhor juiz. Pego o aparelho e vejo no visor a foto de Lourenço. Lourenço fala da maluquice de ter um filho de maneira não convencional afogando o ganso. Dou força pra ele o incentivando, fico sabendo que o único pequeno probleminha é encontrar a outra doida disposta a se submeter a isso.
Ele fala que não pode envolver dinheiro, aí já acho difícil, porque não acho que alguém aceite isso de graça. No desenrolar da conversa ele bola uma maneira de fazer um contrato milionário. Encerro a ligação com ele e lhe informo que passo a noite em sua casa para conversarmos, sei da audiência dele das duas da tarde, que por conta disso ele não volta no escritório hoje.
Retorno do meu almoço e vou à procura de um cafezinho fresco, chego na porta ouço a pequena atrapalhada da copa conversando com alguém. Não consigo identificar de imediato, mas quando a criatura abre a boca reconheço, Vitor, a vítima do café quente. Presto atenção na conversa. Eu sei que é feio escutar atrás da porta, mas ignoro esse ensinamento, depois faço uma doação para a igreja.
A garota diz que sonha em ter uma casa amarela com um jardim, talvez até ter um carrinho para ir ao supermercado fazer suas comprinhas. O outro reclama que ela sonha muito pobrinho, que tem que sonhar grande, com mansões, carros importados, viagens e mais um monte de outras coisas que meu cérebro não conseguiu acompanhar no processo.
Quando ela fala que antes dos bens materiais, precisa ter dinheiro para matar a fome comprar tudo que sempre teve vontade de comer e não pode. Me senti um pouco envergonhado porque minutos atrás paguei uma fortuna por um almoço e nem comi tudo.
Será que ela estava passando fome? Ouço a voz de gralha do Vitor novamente e ele afirma que enquanto ela não receber seu salário ele se compromete a comprar suas refeições todos os dias. Puta merda! Eu devia ter me tocado sobre isso, ter dado algum tipo de vale pra ela comprar a comida, ela veio por indicação do orfanato, era lógico que não tinha grana.
Ela solta um grito de obrigado para Vitor agradecendo a marmita que ele comprou para ela no dia de hoje e, que quando receber o primeiro salário ela vai lhe dar um presente. Vitor faz estágio aqui no escritório já a algum tempo, nunca tinha prestado atenção no ser humano bacana que ele é. De hoje em diante darei um toque ao meu amigo emfezadinho para prestar mais atenção nos seus funcionários. Em especial na sua copeira.
Essa garota é exatamente o que meu amigo precisa para sua vida chata e sem graça. Ela vai virá seu mundo perfeito de cabeça para baixo de um modo bom é claro. Ela é o contrário dele, o oposto na verdade, ele é tudo certinho e, organizado, ela é destrambelhada, bocuda, pavio curto, fala alto, ri alto, e mais um monte de coisas que Lourenço condena. E eu como o bom amigo que sou farei de tudo para que isso de certo.
E quem sabe no futuro ele pode até se apaixonar por ela i ela por ele, isso se não se matarem antes.Depois de ter ouvido tudo Limpo minha garganta avisando que estou entrando, eles mudam o foco da conversa o outro funcionário me cumprimenta, e vai saindo da cozinha ficando só nós dois.
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Um herdeiro Para Lourenço, completa.
RomanceComédia romântica Comédia romântica contemporânea. Homem mais velho mocinha na flor da idade. Para maiores de vinte um ano. História fictícia de minha autoria.