4.

2.4K 222 102
                                    

Pov Marília

- Mas você ainda ama a sua esposa? - A psicóloga me pergunta - Ainda se sente apaixonada por ela?

- Eu amo a minha esposa, eu nunca parei de amar ela, eu só... eu acho que ela não me ama mais.

- E porque você acha que ela não te ama mais?

- Ela não me ama - Dou de ombros - Ela ama a antiga Marília.

- E porque você acha que essa Marília não existe mais?

- Porque ela não existe - Falo como se fosse óbvio - Aquela Marília morreu a muito tempo.

- E então você acha que ela só está com você, na esperança de ter aquela Marília de volta?

- É...

- Você gostava da antiga Marília?

- Eu amava - Sorrio fraco - Eu era feliz, minha vida era melhor, a minha esposa me amava, nós duas éramos totalmente apaixonadas.

- E por que isso mudou?

" - Você não quer ligar para algum familiar? - A médica me pergunta - Para vir te buscar?

- Eu não... eu não quero ligar para ninguém.

- Sei que esse momento é difícil, mas você pode ter acesso a uma psicóloga - Ela fala alisando meu ombro - E podemos falar com os seus familiares.

- Eu estou bem - Falo engolindo o choro.

- Sua esposa sabe que você estava grávida?

- Eu iria fazer uma surpresa - Dou de ombros - Eu não vou contar para ela, sobre isso.

Maraisa me aguentou depois de quatro abortos espontâneos, não é justo eu jogar no seu colo o quinto, mesmo eu me esforçando ao máximo para dar certo.

- Você não vai poder ir embora agora - Ela fala me olhando - Você sofreu um acidente, vamos precisar fazer uma bateria de exames.

- Eu preciso voltar para a minha casa.

- Nós sentimos muito, mas é necessário esses exames.

Meu corpo está doendo, minha alma nem sequer se esforça mais para lutar. Eu tinha tanta certeza que iria dar certo dessa vez, eu criei tanta expectativa, e todas foram jogadas fora naquele maldito acidente de carro.

Faço a bateria de exames, eles fazem o curativo no meu rosto, cobrem os machucados, limpam a minha boca, e eu nem sequer me importo mais. Saio do hospital e vou direto para a minha casa, pelo menos eu consigo me acalmar nós braços da minha mulher.

Meu corpo está todo cortado, os cacos de vidro me machucaram inteira, cortes finos, aonde nem os curativos amenizam a dor.

Quando abro a porta, escuto vozes de dentro da casa, e me aproximo devagar.

- Ela saiu e não me atende - Maraisa fala chorando - Não me responde, está de madrugada, eu não sei o que fazer.

Esposa Troféu (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora