18.

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Pov Marília

Acordo com pingos gelados caindo na minha mão, fico confusa, não sabia que tinha goteiras dentro de casa. Abro os meus olhos devagar, e quando vejo aonde eu estou, meu mundo vira ao contrário. Eu não estou na minha casa, estou em um hospital, e só Deus sabe como eu estou viva.

Lembro exatamente o rosto do homem, de como ele me olhava, a forma que o carro nós atingiu, não foi acidental, tenho certeza disso.

Quando para frente, vejo que não era chuva, e sim lágrimas, Maraisa está chorando, com a cabeça baixa e segurando a minha mão.

- Por que você está chorando?

Quando ela vê que eu acordei, pula em cima de mim, beijando meu rosto. Normalmente eu ficaria feliz com isso, mas quando seu corpo fica em cima do meu, tudo dói, e eu tento afastar ela.

- Amor, meu corpo está doendo...

Quando ela percebe o que fez se afasta, sentando do meu lado, limpando as suas lágrimas.

- Você acordou - Ela fala sorrindo - E- eu estava preocupada, você não faz ideia.

- Eu fiquei muito tempo dormindo?

- Umas doze horas, Lila.

Foi tão rápido, que eu nem sequer percebi que passou tudo isso de tempo. Mas eu acabo lembrando que eu não estava sozinha no carro, eu não fui a única a ser atingida.

- Cadê o Gustavo? - Pergunto dessesperada - Ele está bem?

- Ele está na casa dele, com a família dele.

- Mas ele está bem?

- Melhor que você - Maraisa é totalmente ignorante - Se preocupa com você.

Tento me sentar, mas algo me prende na cama, meu corpo parece pesado, e eu não entendo o porquê.

- Por que eu estou assim? - Pergunto nervosa - Eu não consigo sentar.

Maraisa tira a coberta do meu corpo, e eu vejo porque não consigo me sentar direito. Minha panturrilha totalmente enfaixada, com uma bota preta por cima. Além da dor de cabeça, a dor no corpo, os cortes finos e ardidios, agora eu estou com a perna quebrada.

Ela percebe que eu fico chateada com isso e volta a me cobrir, se aproximando de mim e selando nossos lábios.

- Eu vou cuidar de você - Ela fala me olhando - São só por algumas semanas esse gesso.

- Eu não preciso que ninguém cuide de mim.

- Não começa com isso, Marília, por favor - Maraisa fala seriamente e isso me assusta um pouco - Não começa com seu jeito teimoso.

- Me desculpa...

Ela parece estressada, sua linguagem corporal está tensa, e eu tenho medo desse estresse ser culpa minha.

- Por que você está brava comigo?

- Não estou brava com você, Lila.

Puxo ela pelas roupas, fazendo a mulher deitar do meu lado e eu abraçar o seu corpo, ouvindo seu suspiro baixinho.

- Mara...

- Oi, amor.

- Não foi um acidente - Sussuro no seu abraço - Eu acho que alguém realmente queria bater no carro.

Maraisa fica em silêncio por alguns segundos, até beijar a minha cabeça e voltar a acariciar meu rosto.

- Descansa, Lila, ainda é muito recente.

Esposa Troféu (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora