Esposa Troféu (Malila)

50.

Pov Marília

- Todos que você ama estão te esperando - Uma voz me traz a realidade aos poucos - Eu só quero que você acorde, meu amor...

Abro meus olhos com dificuldade e uma luz invade a minha visão e a minha única reação é tampar os meus olhos. Resmungo irritada e sinto alguém me abraçando.

- Oi... - Maraisa fala segurando meu rosto - Tá tudo bem, você está comigo.

Vou tomando a realidade aos poucos, minha cabeça começa a girar e eu me seguro na mulher. Deito minha cabeça no seu ombro, as memórias começam a voltar, a batida na cabeça que Henrique me deu para desmaiar, o sangue, o barulho do tiro, os socos, os xingamentos, até o aborto.

- Você dormiu dois dias - Maraisa fala baixinho.

- Minha cabeça está doendo...

- Eu vou chamar os médicos - Ela fala tentando se levantar, mas eu seguro as suas roupas.

- Não, não me deixa sozinha.

- Eu só vou ali...

- Não, eu espero eles chegarem - Abraço a minha esposa e deixo nossos corpos juntos, nunca mais vou soltar.

Maraisa passa a mão nas minhas costas, mas quando ela passa pela minha barriga, eu suguro e afasto.

- Lila...

- Não quero falar disso - Nego com a cabeça - Nunca mais quero falar disso.

- Amor, dei-

- Não, Maraisa - Começo a me irritar - Não começa, não com aquela história de esperança, isso é besteira

- Lila, a Zoe está bem - Maraisa fala segurando meu rosto - O líquido amniótico protegeu ela das batidas.

- O quê?

- É o líquido que envolve o bebê, amor, Naiara fez o seu ultrassom e não tinha achado a pequena, mas depois que você saiu da cirurgia eu refiz e ela estava lá.

- Ela está bem? - Pergunto com a voz embargada.

- Bem grande - Maraisa fala rindo - Você está com quase dois meses, mas parece que é mais.

Abraço a minha esposa com força e escuto a sua risada baixa no meu ouvido. Eu já tinha aceitado a perda, mas não, minha filha é especial, eu tinha certeza disso. Maraisa segura meu rosto novamente e sela nossos lábios, acariciando meu rosto.

- Me desculpa... por ter te colocado nesse pesadelo - Ela sussura baixinho - Por... por ter feito você passar tudo que passou.

Eu estava brava com ela, mas a minha última lembrança daquele dia, é a minha esposa se colocando na minha frente, para não deixar o tiro me acertar, ela estava disposta a dar a vida por mim.

- Está tudo bem, amor - Sorrio fraco - Mas para de ser a heroína de tudo um pouco, eu entendi que você só queria me proteger, mas somos um casal, uma dupla, temos que estar juntas, o tempo inteiro.

Ela concorda com a cabeça e beija as minhas mãos, depois continua olhando nós meus olhos.

- Eu te amo, Lila...

- Eu também te amo, am-

Quando vou terminar de falar, alguém entra correndo no quarto, só vou entender quem é, quando duas mãozinhas aparecem na cama. Pela altura, não consigo ver quem é, só a parte de cima de uma cabeça passando pela cama.

- A mamãe acordou? - Léo pergunta para a minha esposa.

Maraisa coloca nosso filho na cama e quando ele vê que eu acordei, pula nós meus braços, me arrancando um gemido de dor.