23.

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Pov Maraisa

- Ela pediu para te desligar desse atendimento que eu tenho com ela - A psicóloga fala me olhando - Marília disse que você não precisa mais acompanhar o seu processo.

- Mas ela não pode fazer isso - Falo irritada - E se acontecer alguma coisa?

- Marília é uma mulher adulta, Maraisa, claro que ela pode.

Marília sabe como é importante para mim acompanhar esse processo com ela, porque eu posso saber se ela está bem e se não estamos regredindo para anos atrás. Não consigo deixar de ficar chateada, mas foi uma escolha minha, não posso brigar com ela.

- Mas ela está melhorando? - Pergunto cabisbaixa - Ela está melhor?

- Eu não posso te responder isso, sinto muito, mas é falta de profissionalismo eu te contar - A mulher fala me olhando - Eu sinto muito, eu sei que você se importa com ela, é bonito de se ver, mas eu não posso.

- Tudo bem... obrigada de qualquer forma.

- Sem problemas.

Saio da sala da psicóloga e vou direto para o meu carro, só vim para cá no horário de almoço, Léo está com a Marília, por isso eu não me preocupo tanto. Decido ligar para Maiara, ver se o nosso plano esta indo como o combinado.

- Não, eu não consegui achar nada na casa dele - Maiara fala pela chamada - E olha que eu procurei.

- Ele deve ter jogado fora, faz muitos anos.

- Acho que não, o acidente foi recente.

- O acidente sim... mas os abortos fazem mais de dois anos.

Maiara estava na casa do seu cunhado e eu aproveitei isso para pedir para ela procurar alguma coisa suspeita, qualquer coisa, que possa nós ajudar. Isso está demorando mais que o programado, pelo simples fato que é muito difícil provar algo que aconteceu anos atrás.

- Eu estava pensando... vocês não pegaram nenhum exame de sangue que ela fazia?

- Sim... mas que diferença isso faz?

- Podemos saber se é algo que afeta diretamente no sangue dela, porque ela ficava semanas doentes depois disso.

- Ela ficava semanas doente por outros motivos... mais psicológico do que físico.

- É...

- Mas eu vou tentar pegar os exames de sangue.

- Tudo bem.

Desligo a chamada e vou direto para o meu turno, já me sinto cansada só de pensar que quando sair daqui vou ter que ir na minha casa, montar os móveis e depois ir na minha ex, buscar o nosso filho.

Bato o cartão e começo a fazer o que está sendo mandado. Hoje mais do que nunca parece que as crianças estão surgindo do chão.

- E por que a sua mãe te trouxe? - Pergunto para a menina - O que você está sentindo?

- Eu não estou sentindo nada - Ela dá de ombros - Ela que é chata.

Seguro a minha risada, sei que é errado rir desse tipo de gracinha, mas é incontrolável, principalmente porque a criança só faz isso devido a educação dos pais. A mãe da menina fecha a cara e olha para a menina irritada, que ela não faça escândalo aqui.

- Então você está bem?

- Estou, tia.

- Eu só vou fazer os exames de rotina e você já pode ir, tudo bem?

- Tudo bem...

Faço os exames na menina e não consigo deixar de reparar nas marcas de mãos no seu bracinho. Pelo seu jeito de agir, a mãe deve bater nessa criança, mas infelizmente, eu não posso fazer nada. Nada além de tentar fazer a criança feliz, nem que seja por alguns minutos.

Esposa Troféu (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora