Esposa Troféu (Malila)

62.

Pov Marília

Acho que grande parte da minha foi conturbada, posso até dizer que os únicos momentos da minha vida que eu tive segundos de paz, foi nós meus nove meses de gestação, porque de resto, sempre existiu momentos que me prenderam em alguma situação, que arrancaram a minha atenção e a minha paz.

Geralmente odeio dias chuvosos igual a esse, mas hoje não, hoje as nuvens carregadas parecem com a minha mente, carregada de ideias e pensamentos que estão roubando a minha atenção.

Eu só queria acabar com tudo isso, só queria ver meus filhos crescendo em paz, só queria ter toda a minha atenção para eles, só queria poder amar a minha esposa livremente, não ter que ouvir seu choro no fim da noite, eu só queria poder viver, qual o problema?

Por muito tempo eu não queria viver, queria apagar a minha vida de uma vez, mas quando finalmente eu sinto vontade de viver, coisas me impossibilitam de viver intensamente, aproveitar a minha família, eu só queria isso.

Penso que se eu depor, podemos dar um ponto final nisso, falar minha versão, contar o que aconteceu desdo início, pode começar a caminhar para o fim, eu só realmente espero que aconteça isso.

Respiro fundo e aperto minhas mãos no meu moletom, tentando me acalmar, são muitas coisas acontecendo. Alguém me abraça por trás e eu sinto dois beijos no meu ombro.

- Sabe o que eu estava pensando? - Maraisa pergunta me olhando - Esse tempo é bom para fazer o terceiro filho.

Reviro meus olhos e aperto ela mais no meu corpo, respirando fundo com esse contato. Pelo menos ela está aqui comigo, somos só duas pessoas que não querem lutar contra os sentimentos, só querem ser felizes juntas, qual o grande problema disso?

- O que você está pensando, vida? - Ela pergunta tirando os fios de cabelo do meu rosto.

- Eu vou ir depor no fim da tarde, Mara.

Maraisa fica quieta e respira fundo, se encaixando melhor no meu corpo. Maraisa mesmo sendo mais nova, ela sempre teve uma pose gigante de protetora, de mãe, de leoa, que se coloca na frente, para proteger as pessoas que ela ama.

- Lila... você não precisa se forçar a nada.

- Eu só quero... encarar meus medos de frente - Sorrio fraco - Já tentei fugir deles e sempre voltam, não é mais fácil encarar de uma vez?

- Talvez seja....

Minha esposa me vira nós seus braços e segura meu rosto, selando nossos lábios, encostando nossas testas.

- Eu vou estar com você - Ela sussura para mim - Se você não quiser mais, eu vou estar lá para você.

Concordo com a cabeça e ela limpa as minhas lágrimas, olhando nós meus olhos o tempo inteiro. Passo minhas mãos pelo seu pescoço e junto nossos lábios novamente, arranhando a sua nuca.

- Eu estava falando sério sobre o clima ser bom para eu tentar te engravidar.

- Você não vai tentar nada - Falo afastando ela - Eu vou dar mama para Zoe e você vai acordar o Léo.

- Pode dar para mim primeiro - Ela fala piscando para mim.

Não consigo deixar de rir da sua cara de pau e cruzo os braços, vendo ela se aproximando mais e colocando a mão na minha cintura.

- Você é muito abusada, Maraisa.

- E você gosta, sei que gosta.

- Gosto mesmo.

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Estamos a caminho da delegacia, nosso advogado me acompanha, está um silêncio péssimo no carro, Maraisa está inquieta no volante, trocando de música a cada segundo, consigo ver seu nervosismo.