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Pov Maraisa

Marilia está no meio das minhas pernas, com a cabeça na minha coxa, recebendo a minha carícia na sua cabeça. Mesmo com ela assistindo ao filme, consigo ver seus sorrisos espontâneos para a TV e suspira baixinho as vezes, ela está feliz.

Hoje o dia foi tão cansativo, que eu só queria chegar em casa, tomar um banho e ficar com a minha esposa, mas tenho a impressão que algo aconteceu e Marília não quer me contar.

Me aproximo mais dela e beijo a sua bochecha, ouvindo seu resmungo, por atrapalhar os seus pensamentos.

- Por que você está sorrindo tanto, Lila?

- Hoje foi um dia bom - Ela fala se virando para mim - Muito bom.

Sorrio para ela e seguro as suas mãos, respirando fundo, pelo menos ela está bem. Mesmo tendo que engolir meu orgulho para falar com a minha mãe e dizer que eu vou voltar a tomar conta do hospital, ela não negou, apenas colocou o dobro de pressão nas minhas costas, o que não é pouco, mas o que mais me prende, são os horários, quase nunca fico em casa e Marília sente isso.

- O que você fez hoje, amor?

- Léo estava me ajudando com o café da manhã, depois me ajudou com a Zoe, fizemos tudo juntos hoje - Ela fala me olhando - E depois eu peguei ele chorando.

- Pelo o que, Lila?

- Ele disse que acha que está amando mais a irmãzinha dele do que nós duas e que iríamos ficar triste com ele.

Meu peito enche de orgulho e amor, com o filho que eu estou criando, nunca no mundo, vai existir criança mais carinhoso e cuidadoso. Léo quando Marília estava na sua época mais difícil, mesmo sendo bebê, ele entendia, não chorava perto dela, não fazia birra, abraçava, beijava, fazia coisas para chamar a sua atenção, ele sempre teve uma conexão enorme com a minha esposa.

- Nosso filho é a criança mais pura que eu já conheci, Lila - Falo passando a mão no seu rosto - Não é atoa que ele é assim, tem a sua genética.

- Tem a de nós duas - Marília fala sentando na cama e selando nossos lábios - A mistura perfeita.

- Sim, amor...

Aliso a sua pele e beijo a ponta do seu nariz, sentindo Marília se aproximando mais e deitando a cabeça no meu ombro, suspirando com isso. Passo minhas mãos pelas suas costas e beijo a sua cabeça, sentindo as suas mãos na minha cintura e seu corpo deitado no meio das minhas pernas. Era só isso que eu precisava o dia inteiro.

- Eu queria que todos os duas fossem assim - Ela fala com a voz embargada - Eu só... só queria que todos os dias fossem simples assim.

- Lila...

- Não fizemos nada de mais, mas foi bom, eu brinquei com meus filhos, ajudei o Léo a escrever o nome dele, Zoe estava brava, porque estava sem você, eu e o Léo distraímos ela - Marília continua - Não fizemos nada, mas... foi o melhor dia do mês.

Abraço a minha esposa com mais força e sinto as suas lágrimas descendo, molhando o meu braço. Ela passou por muita coisa, nós duas passamos por muita coisa, mas diferente de mim, o choro da minha esposa não alivia a sua dor, seus braços estão roxos para que ela consiga dormir uma noite inteira e isso dói meu coração.

- Lila... amanhã, nós vamos ficar os quatro juntos, o tempo inteiro - Falo beijando a sua cabeça - E eu posso assistir um filme com vocês.

- Você sempre dorme...

- Eu vou ficar acordada, amor...

Nós arrumamos para dormir e Marília não desgruda de mim, por nenhum segundo. Não tenho orgulho disso, mas o nosso maior problema, é a dependência emocional uma na outra, precisamos do toque, precisamos sentir o cheiro, precisamos beijar, amar, estar, precisamos... e isso que me assusta, é uma necessidade.

Esposa Troféu (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora