Luto

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As partes em negrito são em outro idioma.  


Rafaella não gostava de flores.

Para ela, era apenas beleza em um limite de tempo. Depois de colhidas, duravam apenas alguns dias antes de murcharem e morrerem. Ela não gostava de flores porque, para ela, representavam a morte. Um lembrete constante de que todas as coisas, boas ou ruins, não importa o que tenham realizado na vida, acabariam todas no mesmo lugar.

Rafaella ficou de pé, olhando para o campo florido. Ela não gostava de flores porque a lembrava dessas cerimônias, da perda da família.

Levou alguns momentos para se recompor, para pensar em sua irmã caída antes de ir se despedir.

Lembrou de como Julie Freeman era uma líder nata, forte e muito confiante. Em sua primeira missão com uma parceira, ela a fez com Raio de Sol.

Recém-formada na Academia, ainda inexperiente, cometeu um erro que poderia colocar em risco toda a missão e manifestar a fúria em Deborah. Mas Julie, com seu sorriso que iluminava qualquer ambiente a acalmou e a ajudou a remediar o caos, lhe ajudou a não falhar, graças a sua parceria teve êxito.

Rafaella nunca esqueceu o que Julie havia feito por ela, aprendeu que mesmo que as coisas saiam completamente dos trilhos, sempre há uma saída. O plano nem sempre corria como elas queriam e ela teve que aprender a adaptar suas habilidades.

Manu agarrou sua mão e a tirou de seu transe.

– Está na hora! – Ela anunciou suavemente. Rafaella se virou e sorriu tristemente para ela, caminharam juntas pelo caminho e se juntaram ao grupo.

Elas cercaram a cova rasa e observaram as cinzas de Julie serem colocadas no chão.

Deborah fez um discurso, ela falou sobre como foi como perder uma filha, mas não mencionou nada sobre encontrar seu assassino. O agente do FSB não foi responsável por colocar aquelas balas no peito dela, a culpa foi de Renata.

Rafaella a observou, Renata ficou ao lado de Deborah seu rosto de pedra não mostrando nenhuma emoção. Lágrimas salgadas arderam nos olhos de Rafaella, mas ela sabia que não podia deixá-las cair, não podia mostrar nenhum sinal de fraqueza. De pé, ela projetou o queixo para fora, apertou a mandíbula e olhou para Renata durante toda a cerimônia, com os olhos escuros de raiva.

Ela desviou os olhos apenas para colocar seu narciso na sepultura. As Assassinas do Mundo não acreditavam em funerais tradicionais, elas colocavam narcisos no túmulo para representar o renascimento, as flores desabrochavam ao longo do ano e criavam um canteiro transbordando de flores, assim criava o campo que se estendia diante delas. Rafaella passou os dedos pela lápide.


Julie Freeman

"Raio de Sol"


Observou o grupo se dispersar, voltando para o QG. Rafaella e Manu ficaram para trás e passearam pelo campo, muitas das lápides tinham nomes, mas seus corpos foram enterrados em sepulturas sem identificação em todo o mundo. Agentes, irmãs, amigas perdidas no cumprimento do dever. Mas, foi o juramento que fizeram, o voto que fizeram antes de cada missão, uma consequência de não serem bons o suficiente.

Elas estavam vivendo em tempos diferentes agora, você poderia ser a melhor das melhores e ainda assim falhar, tendo sofrido a traição de alguém que deveria estar cuidando de você.

A dupla parou na maior lápide do campo.


Isabel Al Ghul

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora