Adeus

161 26 30
                                    

A noite estava escura e fria, a chuva caía em cascata, ricocheteando na calçada diante dela. Rafaella puxou o capuz sobre a cabeça, seu corpo estava dormente e ela não sabia se era do frio ou da situação que estava prestes a enfrentar. Ela olhou para a janela, esperando, contemplando, ainda havia raiva fervendo na boca do estômago.

– Repasse suas ordens, Aranhazinha. – A voz baixa de Deborah encheu seu ouvido.

– Mate Gizelly Bicalho. – Rafaella respondeu simplesmente.

– Bom, agora siga com os preparativos finais e faça o check-in dentro de dezoito horas. Se você deixar de fazê-lo, você está por conta própria. Se você for capturada, estará sozinha. Se você for morta, será enterrada em uma cova sem identificação. Você entende esses termos enquanto os leio para você? – disse Deborah.

– Eu entendo. – Rafaella estava cansada de ser tratada como se fosse dispensável, ela era um ser humano.

– Boa sorte, Aranhazinha, que você vá em frente e conquiste.

– Suportar e prosperar. – Rafaella terminou. A linha clicou e ela estava sozinha, como sempre.

Rafaella não pensava em nada além da missão desde que deixou o escritório de Deborah. Ela havia tomado sua decisão e estremeceu ao pensar nas consequências.

A água estava começando a penetrar na última camada de sua roupa quando a luz acendeu.

Hora de ir ao trabalho.

Rafaella sacou a arma e verificou o pente antes de carregar uma na câmara, enfiou-a na cintura e atravessou a rua. Rafaella subiu pela escada de incêndio, a chuva caindo disfarçando o som de seus passos; ela geralmente era especialmente pesada para alertar Jack, mas agora ela buscava sutileza.

Ela fez uma pausa, pensando se isso era algo que ela realmente queria fazer. Se havia outra opção.

Ela escalou pela janela e caiu no chão. A cabeça de Jack disparou e ele saiu correndo de sua cesta para cumprimentá-la, abanando o rabo incessantemente.

– Ei, amigo. - Ela disse suavemente.

Gizelly saiu da cozinha, com uma clara expressão de surpresa no rosto. Rafaella se levantou lentamente e abaixou o capuz, gotas de chuva escorrendo pelo rosto. Gizelly pareceu hesitante no início, mas depois se aproximou.

– Eu sei que você provavelmente me odeia, mas preciso fazer isso. – Ela passou os braços em volta de Rafaella e apertou com força. – Eu pensei que nunca mais veria você. – Gizelly suspirou.

Rafaella respirou, o cheiro quente e picante de Gizelly a confortou muito mais do que deveria. Gizelly a soltou e deu aquele sorriso suave.

– Você está encharcada, o que eu te disse sobre essa jaqueta? – Ela soltou uma pequena risada, mas Rafaella apenas olhou para ela, seus olhos estavam frios e escuros.

— Sinto muito, Rafa. Eu sinto muito, eu só... eu pensei ... – Gizelly olhou para baixo e balançou a cabeça. – Eu realmente sinto muito. – Os cantos de sua boca viraram para baixo. – Eu sei que cometi um grande erro e sinto muito. – Ela franziu a testa quando Rafaella não respondeu. – Por favor, diga alguma coisa. – A voz de Gizelly vacilou.

– Estou ouvindo. – Rafaella finalmente disse.

– Sério?

Rafaella assentiu.

– Mas. – Ela estreitou os olhos. – Se você usar meus relacionamentos pessoais contra mim novamente, eu sairei direto por aquela porta e você nunca mais me verá. – Gizelly olhou para baixo, envergonhada com a forma como ela usou Manu.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora