Resgate Part I

186 27 21
                                    

Quando Rafaella finalmente acordou, sua cabeça latejava, ela estava grogue e letárgica. Ela moveu cada um de seus membros para se certificar de que nada estava quebrado. Seus pulsos estavam amarrados atrás das costas, seus tornozelos e joelhos estavam amarrados, ela não conseguia se mover.

Ela não queria se mexer.

A última coisa que ela lembrava antes de desmaiar era o telefonema que Deborah tinha feito.

A caçadora foi enviada para matar Gizelly e Rafaella sabia tudo sobre sua taxa de sucesso impecável. Imagens horríveis passaram por sua mente: imagens do que Bruna faria com sua amada Gizelly.

Ela olhou em volta tentando entender os arredores, não tinha ideia de onde estava e no fundo sabia que não havia chance de escapar.

Ela não tinha mais esperança.

Ela tentou enganar Deborah, tentou proteger Gizelly, mas ela falhou.

Ela não teve muito tempo para pensar em todos os seus erros antes que aquela trilha sonora muito familiar se infiltrasse na sala: uma cacofonia de gritos, perfurações, raspagens e metais batendo juntos. Rafaella não tinha energia ou força para lutar contra isso. Ela não queria lutar contra isso, ela havia feito isso a si mesma e aceitaria o castigo.

[...]

– Então, todas estão bem? – Gizelly perguntou.

– Temos noventa e sete meninas contabilizadas, as mais velhas estão, compreensivelmente, em estado de choque. Elas estão lutando para aceitar o que está acontecendo, mas todas parecem estar bem fisicamente. – Gizelly soltou um suspiro de alívio.

– Mantenha-me atualizada.

– Claro.

– Obrigada, Oscar. – Ela encerrou a ligação e se virou para Manu. Elas estavam na base da montanha, tendo passado o dia evitando os SUVs que corriam em direção ao cume. – Você não achou um pouco estranho ter que cuidar de noventa e sete crianças? – Gizelly perguntou.

Manu balançou a cabeça.

– Não depois do artigo. Em algumas ocasiões anteriores, fechamos as escotilhas para evitar a descoberta. Deborah chamou todas as agentes ativas de volta como parte do controle de danos, mantenha-os por perto e ela pode recuperar o controle.

– Como você conseguiu cuidar de trinta crianças sozinha? – Gizelly perguntou em completo choque e, principalmente, admiração.

– Quando todas saíram, todos os programas de treinamento cessaram. – Ela limpou a garganta. – As meninas mais velhas ajudaram com as crianças. – Manu parecia querer dizer outra coisa. Gizelly esperou. – Aqueles poucos dias foram provavelmente os mais estressados e ansiosos que já senti na Academia.

– Bem, você não precisa voltar nunca mais. – Gizelly observou o sorriso rastejar no rosto de Manu, ela rapidamente lutou contra isso.

– Ainda não acabou. Ainda temos trabalho a fazer. – Manu disse.

– Vamos, há uma casa segura não muito longe daqui e temos muito o que conversar. – Gizelly partiu em direção ao carro dela e Manu a seguiu logo atrás.

A viagem foi silenciosa durante os primeiros minutos, Manu se fechou em si mesma e se enrolou no banco do passageiro.

– Como... – Gizelly engoliu em seco. – Por que você acha que Rafaella está... o que acontece na terceira vez? – Gizelly finalmente terminou, ela ainda não conseguia compreender o pensamento de que Rafaella estava morta.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora