Rafaella Part II

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Aos doze anos, Rafaella se destacava em tudo. Mais especificamente, força e artes marciais, ela tinha boa resistência, excelente flexibilidade e habilidades acrobáticas; além disso, ela era excepcionalmente leve devido a todo o treinamento de balé. Ela ainda era menor do que o resto do grupo, o que significa que ela não conseguia levantar tanto peso ou bater com tanta força.

Manu teve que limpá-la após cada sessão de artes marciais.

– Ela realmente bateu forte em você desta vez. – Ela enxugou o lábio rachado. Rafaella foi emparelhada com Paola e ela nunca se conteve. – Quero dizer, ela tem que fazer. Se Juliana descobrisse que estava fazendo corpo mole, todas nós seríamos punidos. – Manu disse.

– Estou começando a achar que esse olho roxo nunca vai sarar. – Manu pressionou o gelo contra o olho, ela já tinha colocado gelo três vezes esta semana para evitar que fechasse o inchaço. – Você pode ter algum tipo de dano permanente. – Ela se preocupou.

– Estou bem. – Rafaella acenou. Ela estava sendo chutada desde os cinco anos, isso não era nada. – Não posso ser boa em tudo, vou deixar você ser a lutadora e farei todo o resto.

– Vem, vamos jantar.

Rafaella havia progredido no departamento de amigas, agora havia um grupo inteiro delas que se sentavam juntas na hora das refeições e saíam durante o tempo de lazer.

– Caramba, Paola não vai te dar nenhuma folga. – Alice se inclinou sobre a mesa e inspecionou seu rosto.

– Pelo menos não dói mais, minha tolerância à dor é incrivelmente alta agora. – Rafaella sorriu tentando ser otimista, o grupo não parecia convencido.

– Bem, você poderia ter pegado leve comigo, minha caixa torácica está toda roxa. – Manu disse a Camila, mudando de assunto.

– Juliana estava olhando para mim de novo, não posso fazer outra punição. Ela me fez fazer...

– ...cento e cinquenta flexões na barra fixa para desviar socos contra Alice, nós sabemos. – Manu revirou os olhos.

– Não consegui levantar os braços por uma semana! – Camila defendeu. Rafaella ouviu as brigas do grupo, houve um tempo em que Rafaella pensou que isso nunca seria sua realidade. Ela costumava se sentar sozinha no canto e agora tinha amigos, um sistema de apoio. Deborah estava certa, ela realmente precisava deles.

Deborah chamou-a depois do jantar.

– Vamos lá, pequenina, precisamos ter certeza de que sua cavidade ocular não está fraturada. – Rafaella foi levada para fazer um raio-x.

– Estou bem, só nunca tive a chance de me curar. – Ela murmurou, definitivamente sem amargura em seu tom.

– Independentemente disso, eu só quero ter certeza. – Deborah sentou ao lado dela. – Então, como o krav maga está funcionando para você? – Rafaella deu a ela um olhar aguçado por trás da bolsa de gelo, não havia calor e Deborah riu baixinho.

– Acho que nunca vou conseguir. – Seus ombros murcharam. Rafaella fingia que estava tudo bem quando estava com os outros, mas sabia que não estava, mal conseguia manter a cabeça acima da água.

– Você irá. Você precisa usar as habilidades que tem, você nunca vencerá Paola se lutar nos termos dela, pense de forma mais inteligente. – Deborah sempre dava pequenas pistas. Nunca dirá a ela o que fazer imediatamente, ela mesma terá que descobrir a resposta.

– Por que não posso estar no mesmo programa de pesos que as outras?

– Porque, eu estou esperando que você ainda tenha algum crescimento para fazer. Se trabalharmos muito duro agora, isso colocará muita pressão em seus músculos. É um processo delicado e precisamos ter certeza de fazer o que é melhor para você, manter seu treinamento de força e você chegará lá. – Rafaella suspirou, ela sabia que Deborah estava certa, mas isso não a fez se sentir melhor.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora