Negação

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– Vamos lá, não consegui encontrar nada sólido sobre Rafaella Kalimann. Não, "Rafaella Kalimann", e isso nos interessa de alguma forma.

Gizelly franziu o cenho esperando o que estava por vir

– Então, pesquisei o nome Kalimann em todas as bases de dados criminais conhecidas. Algumas batidas, pequenos delitos, multas de estacionamento. Nenhuma se relacionando com uma Rafaella Kalimann, no entanto. Então, pensei em todas as razões pelas quais alguém pode chamar nossa atenção: viu algo, soube algo, fez algo ou disse algo.

Gizelly engoliu em seco.

– Você acha que ela é uma jornalista.

– Bem. Procurei o nome no banco de dados de notícias nacionais e internacionais, mas não encontrei nada. Então, procurei o nome Kalimann novamente. Eu vasculhei centenas de artigos e encontrei isso. – Ele entregou a ela uma cópia de um pequeno artigo.

AINDA DESAPARECIDO: BEBÊ KALIMANN.

– O que é isso? – Gizelly perguntou.

– Leia o último parágrafo.

A polícia não tem pistas de quem pode ter levado o bebê, mas está muito preocupada com a saúde da criança e como as condições climáticas atuais podem prejudicar sua sobrevivência. A mãe da criança está implorando desesperadamente para que qualquer pessoa com qualquer informação sobre o paradeiro de sua filha se apresente. Ela disse ao médico hoje que gostaria de chamar sua filha de Rafaella.

Gizelly lutou contra a vontade de ofegar, lutou contra cada instinto que gritava com ela e conseguiu manter sua expressão facial neutra.

– Quando este artigo foi escrito?

– 28 de outubro de 1993.

Gizelly mordeu o interior da bochecha para evitar explodir.

"Aqueles filhos da puta doentes a sequestraram e então exploraram a dor de sua mãe e a nomearam no mesmo dia em que ela foi à imprensa pedir ajuda."

O sangue de Gizelly estava fervendo, ela cerrou o punho que estava fora da vista de Gustavo.

– Então, você acha que resolvemos um sequestro de vinte e oito anos?

– Bem, você mencionou o nome dela, você sabe onde ela está? – Gustavo perguntou animadamente.

Gizelly evitou a pergunta.

– Espere um minuto. Um bebê desapareceu, como isso não foi notícia de primeira página? Por que não houve uma caçada em grande escala?

– Ela era uma adolescente, mãe solteira em uma cidade pequena e muito religiosa. – Gustavo olhou para baixo. – Eles não queriam 'promover esse tipo de comportamento'. – O olhar de Gizelly endureceu. – Essas foram as palavras reais escritas pelos avós no relatório policial.

– Eles iam fazê-la desistir do bebê?

– Eles iam tentar. A mãe foi quem contactou a imprensa e, pelo que posso dizer, nunca desistiu de procurar a filha.

Gustavo abriu seu arquivo, Genilda Kalimann: havia vários artigos escritos sobre o desaparecimento de sua filha, mas apenas um mencionou seu nome completo e nenhum deles foi notícia de primeira página.

– Ok, me dê os detalhes, Gustavo. – Gizelly tinha que ter certeza de que esta era sua Rafaella e não outra criança de alguma forma.

– Bem, o bebê nasceu em 24 de outubro de 1993. Ela era prematura de quase um mês e pesava apenas 2Kg e 100 gramas, por isso eles estavam tão preocupados com sua saúde, o clima estava frio e úmido, eles temiam que, mesmo que o fizessem, encontrá-la, ela provavelmente não sobreviveria de qualquer maneira. – Gustavo engoliu em seco.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora