Não era Amor Part II

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Rafaella sabia o que iria acontecer: a espera, o medo, a culpa eram quase piores.

Quase.

O olhar no rosto de Gizelly, aquele barulho que ela fez, iria assombrar Rafaella pelo resto de sua vida.

Gizelly estava certa, ela era egoísta, manipuladora e não a merecia, mas estava errada sobre algo.

Rafaella a amava, ela sabia disso e com certeza porque não doeria tanto se ela não amasse. Como se houvesse uma cratera em seu peito, a única coisa que a tornava boa, que a tornava humana, era Gizelly. Agora, ela voltaria para a máquina de matar que ela foi criada para ser.

Ela se permitiu sofrer por três dias. Três dias e então ela desligaria e bloquearia.

A única coisa que ela tinha de Gizelly era o estúpido boné que ela ganhou em um jogo de xadrez. Não havia necessidade de mais nada, ela mal dormia em sua própria casa e não ousara levar nada de Gizelly com ela quando estava em missão. Tudo o que ela tinha para se agarrar era um boné e um colar para lembrá-la de como ela havia estragado tudo.

Ela ficou trancada em seu apartamento por três dias e pensou em como sua vida tinha sido perfeita antes de destruí-la.

****

Rafaella se espreguiçou languidamente e sentiu Jack se mexer ao lado dela.

– O que você está fazendo?

– Nada.

Rafaella podia ouvir o sorriso em sua voz.

– Não parece nada. – Os olhos de Rafaella ainda estavam fechados, ela sentiu Jack sair do sofá e Gizelly se aproximou dela.

– Você está linda e eu quero um abraço. Rafalla passou os braços em volta do pescoço e Gizelly a ergueu, deslizando por baixo dela e deixando Rafaella cair sobre si.

– E você diz que eu sou mole. – Rafaella murmurou. Ela estava sonolenta e flexível, aconchegando-se mais profundamente nos braços de Gizelly e derretendo-se em seu abraço.

– Você está provando meu ponto agora. – Argumentou Gizelly apontando para as ações de Rafaella.

– Não conta, estou sonolenta. – Rafaella deslizou a mão sob a camisa de Gizelly e coçou seu abdômen duro.

– Você é prática quando está com sono. – Ela sorriu e beijou o topo de sua cabeça. Gizelly a segurou com força enquanto Rafaella acordou lentamente. – Você, hum, você ainda quer vir à minha reunião?

– Claro. – Rafaella murmurou. – Eu disse que sim.

– Eu sei, mas depois de tudo, eu não sabia se você ainda queria vir. – Gizelly se mexeu nervosamente.

– Qual é o traje?

– Os azuis militares formais são opcionais. Normalmente eles acontecem em lugares bastante sofisticados, desta vez é um salão de baile. – Gizelly suspirou e beijou sua cabeça.

– Posso escolher sua roupa? – Rafaella ergueu a cabeça para olhar para ela, brilho malicioso em seus olhos.

– Hum, se você quiser?

– Então eu vou, definitivamente. – Rafaella sorriu e deu um beijo em seu pescoço. Elas ficaram envoltas uma na outra, o sol brilhando suavemente pela janela, mantendo-as aquecidas.

Jack finalmente começou a choramingar e se mexer, trotando de um lado da sala para o outro. Suas garras estalando ritmicamente contra o piso de madeira. Gizelly levantou a cabeça e deu a ele um olhar aguçado.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora