Crescimento

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Fazia algumas semanas que tudo havia acontecido, as coisas haviam esfriado e Rafaella se sentia muito melhor.

A dupla caiu em uma rotina fácil. Rafaella estava certa, parecia um novo começo, como se estivessem na fase de lua de mel do relacionamento.

Rafaella se espreguiçou languidamente, suas articulações estalaram daquela maneira perfeitamente satisfatória. Gizelly rolou, arrastando as pontas dos dedos pelas costas, Rafaella gemeu baixinho.

– Bom dia. – Sua voz era baixa e grossa de sono.

– Bom dia. – Gizelly respondeu com a voz rouca, ela se inclinou para frente e pressionou uma linha de beijos nas suas costas.

Rafaella rolou para encará-la, ela empurrou o ombro de Gizelly até entender a dica e deitar de costas, Rafaella deitou sobre o peito e jogou a perna sobre os quadris.

– Confortável? – Gizelly brincou e a viu puxar os cobertores sobre a cabeça. – Não não não. Não volte a dormir. – Gizelly puxou os cobertores de volta para baixo e Rafaella choramingou.

Elas se levantaram devagar, Rafaella fez o café enquanto Gizelly preparou o resto do café da manhã

– Qual é o plano para hoje? – Rafaella disse de seu lugar no balcão.

– Eu tenho que ir trabalhar. – Gizelly disse.

– Okay. Acho que vou sair com o Jack então.

– Eu quero sair com vocês. – Gizelly fez beicinho. Ela se aninhou entre as pernas de Rafaella e passou os braços em volta da cintura dela.

– Você, hum, pensou mais sobre o que você quer fazer? Sobre o emprego.

Gizelly suspirou.

– Na verdade não, acho que vou aguentar, ver o que acontece. – Rafaella assentiu, parecendo não convencida. – O que é esse olhar?

– Nada, eu só... você vai continuar trabalhando para as pessoas que mataram seus pais... quer saber, não importa o que eu penso. A decisão é sua, não minha. – Rafaella se inclinou e a beijou.

– Sim, a decisão não é sua. – Gizelly estava irritada por ter mencionado seus pais.

– Eu sei, é que... você estava com tanta raiva de tudo, não sei como você consegue entrar naquele lugar todos os dias. – A voz de Rafaella era suave, mas Gizelly não via dessa forma.

– Por que você ainda trabalha para sua organização?

Rafaella suspirou e assentiu.

– Golpe baixo, Bicalho.

– Sim, bem, você começou. Tenho contas a pagar, tenho que cuidar do meu cachorro e não posso fazer isso se desistir. Não podemos todos roubar dos ricos.

A manhã adorável azedou muito rápido.

– Não, eu entendo, você mata e rouba aqueles menos afortunados que você. Claro, a CIA nunca fez nada de errado. Eles definitivamente não destruíram os governos para benefício próprio, bem, na verdade, eles conseguiram arruinar praticamente todos os golpes que tentaram ... Não sei, financiaram a epidemia de crack nos anos 80, matando milhares de americanos. E você, você não conseguiu nem parar a pessoa que cometeu mais de trinta assassinatos que afetaram negativamente seu país perfeito. Você é a agente da CIA perfeita, por que iria querer deixar isso para trás? Vá em frente. – Ela assentiu. – Vá se arrumar para o trabalho. – Rafaella bufou, ela saiu do balcão e passou por Gizelly.

Gizelly sabia que era apenas frustração de ambos os lados. O trabalho era um assunto delicado, ambas estavam tecnicamente em lados opostos e ainda não haviam encontrado esse equilíbrio. Não ajudava que ambas estivessem infelizes. Gizelly sabia que Rafaella estava certa, ela sentia como se estivesse manchando a memória de seus pais toda vez que entrava naquele prédio, mas ainda não tinha um plano para onde ir. Ela já estava furiosa consigo mesma e Rafaella inadvertidamente esfregou sal na ferida.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora