Capítulo 1

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Estava quase dando o horário do expediente de Olivia acabar, quando o dr. Carlos saí de sua sala em direção ao bebedouro perto da janela. Com um copo descartável em mãos, enchendo-o de água, vira sua atenção para Olívia, que terminava de arrumar alguns papéis em cima da mesa.

— Já pode ir, Olívia. Creio que não há mais nenhum paciente para atender hoje.

— Tudo bem, dr. Carlos. Só vou terminar de arrumar alguns prontuários e já vou.

Com um sorriso simpático, dr. Carlos pega o copo, agora cheio de água, e volta para seu consultório, que ficava do lado da mesa de Olívia.

Terminado seus afazeres, Olívia se levanta da cadeira, pegando seu casaco e sua bolsa e segue para o consultório do dr. Carlos para saber se precisaria de mais alguma coisa antes que fosse embora.

— Com licença, dr. Carlos — diz Olívia em três batidas na porta.

— Pode entrar.

Girando a maçaneta, Olívia se depara com ele lendo algum livro que não conseguia ver qual era, pois as letras douradas que deviam estar escritas na capa de couro, estavam totalmente apagadas pelo tempo e uso.

— Queria saber se precisa de mais alguma coisa, antes que eu vá.

— Não, não. Pode ir. Tenha um bom final de semana.

— Para o senhor também.

Mas antes que pudesse fechar a porta, Olívia se lembra que Eleonora havia ligado mais cedo, pedindo para que passasse um recado à Carlos.

— Ah... Estava quase me esquecendo... A sra. Eleonora ligou mais cedo e pediu que lhe dissesse que hoje irão jantar na casa da mãe dela.

— Tudo bem, Olívia. Obrigado pelo recado.

— De nada, dr. Carlos. Boa semana para o senhor.

— Igualmente.

A atenção de Carlos voltou para o livro, enquanto Olívia fechava a porta.

Seguindo para o andar debaixo, ela segue para o ponto mais próximo. Por sorte, um bondinho estava chegando no exato momento em que havia acabado de atravessar a rua.

Olhando para o relógio em seu pulso esquerdo, percebe que foi abençoada, pois se tivesse o perdido, teria que esperar mais meia hora para que outro viesse.

Dando sinal, ela entrado no bondinho, infelizmente lotado. Mas não demorou muito para que uma senhora descesse e ela ocupasse o lugar. Ansiosa para voltar a ler seu livro, ela tira de sua bolsa um pequeno exemplar de uma estória romântica, que havia pegado na biblioteca há duas semanas atrás.

Estava tão entretida com o livro que nem percebeu, que uma senhora de cabelos amarrados num coque, um pouco gorducha e de pele negra, lhe fitava, como se esperasse sua atenção.

Vendo que isso não iria acontecer, a senhora então lhe cutuca o ombro, fazendo Olívia acordar para o mundo real.

— Judite? — Exclamou Olívia, surpresa de ver quem estava ao seu lado.

— Como está, querida?

Em um abraço aconchegante de pura surpresa, Olívia fecha o livro, guardando-o novamente em sua bolsa.

— Há quanto tempo. Eu estou bem, graças a Deus. E você? Como está Leôncio?

— Estou bem também. Trabalhando bastante. E Leôncio está na mesma. Mas tenho fé de que ele há de melhorar.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora