Eram sete horas da manhã de domingo e Olívia estava descendo as escadas, já esperando encontrar a mãe na frente da santa fazendo suas orações.
No dia anterior havia dormido tarde por causa do livro que não conseguia parar de ler. Já estava na metade dele.
Olívia não sabia se acreditava muito bem nessa história de reencarnação, já que sua crença não apoiava em nada essa "tolice". Mas até que faria sentido, levando em consideração algumas ocasiões que o livro menciona durante a história.
Com o sinal da cruz, Margarida dá por acabado sua reza matinal.
— Vamos, filha?
— Vamos sim. — Olívia carregava consigo uma bolsa de pano, onde continha panos de pratos e decorativos feitos de crochê para o bazar que sua mãe e ela administravam todos os domingos.
Havia acabado de crochetar na noite anterior, enquanto escutava o capítulo repetido da novela de sexta-feira. A rádio costumava passar a reprise dos capítulos na sexta aos sábados, para aqueles que não conseguiram acompanhar.
Ambas seguiram sentido a igreja. Sete e meia o sino iria badalar, avisando a missa que seria rezada no domingo.
De manhã elas tomavam conta do bazar, de noite iam apreciar a missa.
Contudo o que tinha acontecido no dia anterior, Olívia havia esquecido de dar a notícia a mãe sobre André.
Enquanto caminhavam, foi como um estalo dado na cabeça de Olívia.
— Ah mãe!
— O que foi? — Margarida tomou um susto, pensando que tinha acontecido alguma coisa.
— Calma. Não aconteceu nada. Só que esqueci de dar uma notícia para a senhora ontem.
— O que foi? O que aconteceu?
— A senhora não vai acreditar em quem eu vi na biblioteca ontem de tarde.
— Judite de novo? — Chutou.
Enquanto isso, viravam uma esquina, prestes a atravessar a rua e ao longe, conseguiam ver a igreja e os fiéis que já se encontravam entrando para tomar seus lugares.
A missa da manhã era mais cheia que a de noite, pois o pessoal preferia aproveitar o resto do domingo.
— Não. Por incrível que pareça, eu vi o André!
— André? Como assim?
— Sim mãe. O André. Ele voltou de Lisboa.
— Meu Deus... — Um sorriso podia ser visto em Margarida. — Há quanto tempo ele está aqui?
— Ele disse que faz dois dias que voltou.
— E por que não foi ver a gente? Onde ele está ficando?
— Ele está numa pensão perto da biblioteca. E ele não foi nos ver, porque está resolvendo algumas coisas. Disse que se os planos que tinha em mente dessem certo, ele ficaria por muito tempo aqui.
— Então não veio apenas de passagem e sim para ficar?
— É, talvez. Dependendo do que resolvesse.
— E quando ele vem ver a gente?
— Ele disse que logo, logo.
— Ele poderia ter ficado em nossa casa, não é? Por que não foi direto para lá?
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
EspiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...