Capítulo 46

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Era sábado, porém naquela manhã, André havia saído mais cedo, não podendo ficar na companhia de Olívia e Margarida para o desjejum.

A mesa já estava posta, com um delicioso bolo de milho, pão recém assado, frios em uma tábua, uma pequena barra de manteiga e uma jarra de café. Xícaras, pratos e talheres já estavam postos sobre a mesa.

Achando que a filha iria dormir até mais tarde, Margarida surpreendeu-se ao vê-la descer as escadas, ainda usando sua camisola.

— Ué, o que aconteceu, querida? Caiu da cama?

Olívia riu do comentário de Margarida. Ela se pôs a sentar à mesa, já se servindo de uma fatia de bolo, um pedaço de pão com presunto e queijo e um pouco de café.

— Tem leite, mãe?

— Tem sim. Esqueci de pegar.

— Não, deixa que eu pego.

Olívia levantou-se, mas antes que seguisse para cozinha, deu um beijo na testa de sua mãe, dando a entender que aquele era um beijo de bom dia.

Não demorou muito para trazer o leite e o despejou em sua xícara. Acomodou-se novamente.

— Tive um sonho essa noite.

— E que sonho, querida? — Foi a vez de Margarida se servir de uma fatia de bolo, passando sob o pedaço um pouco de manteiga. Já havia café em sua xícara quando dera um pequeno gole.

— Eu não consigo me lembrar direito, mas sei que foi bom, porque me sinto muito feliz. Me sinto em paz, sabe?

— Sério? Nossa, isso é ótimo.

— E sei também que foi com o meu pai.

Foi algo que Margarida não estava esperando ouvir de Olívia. O sonho ter sido bom e na qual Eusébio fazia parte, foi um pouco estranho, já que todos os sonhos que até então a filha havia tido com o pai, não acabaram muito bem.

— Eu passei um bom tempo magoada e com raiva pelo que ele fez. Agora não sinto nada disso, porém ainda sigo hesitante em tentar ter um contato com ele, depois de todo esse tempo, com medo de que não seja da forma como eu espero. Mas não há vida sem riscos e muita das vezes, precisamos enfrentar certas situações.

— Concordo, minha filha. Mas aonde quer chegar?

— Eu estou preparada, mãe.

— Preparada?

— Sim. Eu quero me reencontrar com meu pai.

Naquele instante, Margarida segurava a xícara, mas logo a soltou, abraçando fortemente a filha, que também se surpreendeu com o gesto de sua mãe.

— Louvado seja Deus.

Olívia apenas deixou que Margarida lhe abraçasse, sentindo a felicidade pela alegria que esbanjava de sua mãe.

— É sério que quer reencontrá-lo?

— Sério, mãe. Estou disposta a fazer isso. Acredito que já esperei muito. É agora ou nunca.

— Na verdade, está acontecendo no momento certo, minha filha. Deus tarda, mas não falha.

E era verdade.

No café da manhã, Margarida e Olívia já começavam a preparar o reencontro, tentando decidir se chamaria Eusébio para um jantar ou se marcaria de se reencontrarem em algum lugar na cidade.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora