Capítulo 4

162 10 0
                                    

Queridas, Margarida e Olívia.

Já não sei se residem no mesmo lugar a qual essa carta se encontra. Se for outra pessoa, peço que apenas rasgue e finja que nunca a recebeu.

Agora, se forem vocês, peço que leiam. Não ignorem.

No final, se quiserem jogar fora e fingir que nunca receberam a carta, eu vou entender e nunca mais as procurarei novamente. Caso o contrário, eu ficarei muito agradecido.

Eu sei que é muita cara de pau, depois de muitos anos, mandar notícia com uma simples carta. Ou até mesmo querendo algum contato, depois de tudo o que aconteceu.

Nem imagino o que devem ter passado pelas atitudes que tomei.

Mas o motivo de lhes escrever é para que me deem, pelo menos, uma chance de explicar o que fiz e o motivo que me levou a isso.

Meu desejo nunca foi estragar a vida de vocês e quero de alguma forma consertar esse erro que atormenta minha cabeça e meu coração há anos.

Não sou digno do perdão de vocês, mas queria ter a oportunidade de apenas lhes explicar.

No envelope, contém o endereço com o CEP onde resido. Se quiserem me ouvir, mesmo depois de tanto tempo, mandem uma carta. Se não mandarem, entenderei que não querem nem mesmo saber mais de minha existência, então as deixarei em paz.

Desde já, Eusébio.


Margarida pousa a carta no colo, ainda com a mão sobre a boca, atônita. Um nó na garganta começou a se formar e seus olhos, por um certo momento, encheram-se de lágrimas.

Por que, meu Deus? Por que agora?

Margarida, voltando para o presente, apenas dobra a carta e a enfia novamente no envelope, que continha o endereço que estava dito na carta.

Eusébio estava no Rio de Janeiro, todo esse tempo.

Margarida, por um certo momento, ficou satisfeita em receber notícias dele. Já passou em sua cabeça até mesmo que havia morrido durante os 15 anos que não se sabia mais sobre seu paradeiro.

Mas o que lhe tirava o sossego, era como iria mostrar a carta para a filha. Sabia que Olívia não iria aceitar de forma alguma. Faria como se nunca tivesse recebido a carta.

A menina guardava muito rancor e mágoa de Eusébio. Pois se não fosse pelo seu feito, sua mãe e ela não tinham passado tanta dificuldade durante os anos que esteve ausente.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora