Capítulo 35

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— Sei lá, dona Sônia. Ela ter me dito isso acabou me deixando com o pé atrás, sabia? — Disse Margarida, enquanto passava o resto de roupa que faltava e dona Sônia as pegava e levava para o quarto.

Terça-feira havia chegado e Margarida já tinha confirmado com dona Sônia que chegaria mais tarde no dia seguinte. Seria o grande momento, o grande reencontro entre os dois.

A ansiosidade mal lhe cabia no peito. Só de pensar, seu coração acelerava e suas mãos suavam.

— Como assim com o pé atrás?

— Ele tá aqui em São Paulo. E se os dois acabarem se esbarrando em algum lugar por aí? Ou pior, e se ele tentar falar com Olívia?

— Olha, você deixou claro na carta que ela não quer saber dele. E se tiver que acontecer dos dois se esbarrarem, não tem Cristo que impeça isso de acontecer. Mas Deus sabe o que faz, Margarida.

— Isso é. Eu só tô um pouco nervosa. Nem sei como vai ser amanhã.

— Só Deus sabe, minha filha. Mas vai dar tudo certo. Tenha paciência e confie Nele.

Margarida sabia disso, mas não era fácil domar dentro de si esse sentimento de euforia, até porque faz anos que não via Eusébio e muitas coisas passava em sua cabeça, desde sua aparência até o seu jeito de ser.

Ela se perguntava se ele continuava do mesmo jeito ou se tinha mudado em alguma coisa.

— Falta muita roupa?

— Não, dona Sônia. Falta só essas pecinhas aqui!

— Pois pode deixá-las aí. Eu termino. Já está dando o horário de você ir.

— Não, mas eu posso terminar. Faço isso em um minuto.

— Deixa que eu dou conta. Já guardei a maioria das roupas na gaveta mesmo. Já não vou ter mais nada para fazer.

Margarida sabia que não podia teimar com dona Sônia, até porque ela sempre vencia a disputa.

— Tudo bem. Vou pegar minha bolsa então.

***

Olívia se despedira de Carlos.

Assim que atravessara a rua para pegar o bondinho, foi surpreendida por André, que lhe esperava.

— Pensei que fosse direto para casa.

— Iria, mas quero te levar para sair hoje.

— Em plena semana? Tem certeza?

— Para sair com você não tem dia, meu amor.

Olívia enrubesceu. A forma como André demonstrava seu amor para com ela, lhe confortava e esquentava seu coração.

— Então aonde o senhor irá me levar?

— Senhor? Quer dizer que estamos casados?

— Você entendeu o que quis dizer. — O rosto de Olívia ficara quente e André riu ao ver seu semblante.

— Bem, senhora, vou te levar para jantar hoje. Será uma noite só minha e sua.

André pegara a mão de Olívia, levando-a aos lábios. E em seguida a coloca sobre seu braço. Ambos começam a caminhar.

Olívia logo percebe o caminho que estavam tomando.

— Espera... Estamos indo para...

— Uhum! — André lhe solta um olhar amistoso.

E nada mais fala a respeito. Ansioso estava para ver a cara de Olívia ao se deparar com o seu mais novo restaurante.

Assim que chegaram, tudo estava pronto e lindo, do jeito que André queria.

— O que acha?

— André, como está lindo aqui. Você vai abrir o restaurante quando?

— Logo, logo. Ainda tem algumas coisas para acertar, mas não poderia abri-lo para os clientes, antes de abri-lo para você. Você vai ser a primeira a provar minha comida.

Como forma de agradecimento pelo seu gesto, Olívia deposita um caloroso e demorado beijo nos lábios de André.

— Vamos?

— Com certeza!

Ao abrir a porta, Olívia se depara com um ambiente iluminado e muito aconchegante. Era o típico lugar onde famílias iriam ao final de semana, aproveitar suas companhias e comer um delicioso prato de comida diferenciada.

Da última vez que ela esteve ali, ainda estava reformando. Agora, ela podia ver o quão claro e proveitoso aquele restaurante havia ficado.

Todas as mesas estavam forradas com toalhas de cor bordô, porém uma em especifico continha um arranjo de flores, com pratos e talheres depositados junto a taças de cristal.

André levara Olívia até aquela mesa e afastando a cadeira, ela pôde se acomodar.

Sem dizer uma só palavra, André vai até a cozinha, voltando numa mão com uma garrafa de vinho e na outra uma bandeja coberta com uma tampa.

Ao colocar a garrafa de vinho e a bandeja em cima da mesa, André tira a tampa de alumínio, mostrando um delicioso e apetitoso espaguete ao molho pesto com bastante parmesão.

Olívia põe a mão na boca, sentindo-a enchendo de água.

— Nossa, o cheiro está maravilhoso, André!

Foi então que percebera que seria a primeira vez que comeria algo feito por ele. E de forma profissional.

— Sabe de uma coisa?

— O que, meu amor?

— Vai ser a primeira vez que vou provar algo preparado por você.

André teve a percepção da verdade. Foi então que comentou:

— Uma grande responsabilidade, já que se não gostar, ninguém mais vai.

— Deixe disso. Só de olhar e sentir o cheiro, estou salivando. Deve estar ótimo.

André tira o lacre da garrafa e num estouro a rolha sai. Então ele serve Olívia, servindo-se logo em seguida.

— Quero que prove primeiro.

Olívia pegara o garfo. Assim que enrolara o espaguete, levou-o diretamente à boca. Num fechar de olhos, pôde degustar aquele prato maravilhoso preparado por André.

— Meu Deus! — Exclamou Olívia, logo depois de engolir. — Isso está divino. Está muito bom. — E com mais uma enrolada de espaguete no garfo, Olívia pôs-se a comer.

Uma das coisas que André mais gostava era de preparar comida e ver as pessoas se deliciando. Isso lhe enchia de felicidade e gosto. E ver Olívia estar adorando seu prato, lhe trazia grande esperança de que não iria faltar cliente.

— Meu querido, tenho certeza de que o restaurante vai ser um sucesso. Se essa macarronada já está assim, eu imagino os outros pratos. — Concluiu Olívia, dando uma golada em sua taça de vinho.

— É muito bom ouvir isso. — Dessa vez foi André quem levou o garfo até a boca.

Epassaram a noite na companhia um do outro, sozinhos dentro do restaurante,aproveitando a comida e a bebida, mas principalmente o amor que a cada diacrescia entre os dois. 

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora