— Sei lá, dona Sônia. Ela ter me dito isso acabou me deixando com o pé atrás, sabia? — Disse Margarida, enquanto passava o resto de roupa que faltava e dona Sônia as pegava e levava para o quarto.
Terça-feira havia chegado e Margarida já tinha confirmado com dona Sônia que chegaria mais tarde no dia seguinte. Seria o grande momento, o grande reencontro entre os dois.
A ansiosidade mal lhe cabia no peito. Só de pensar, seu coração acelerava e suas mãos suavam.
— Como assim com o pé atrás?
— Ele tá aqui em São Paulo. E se os dois acabarem se esbarrando em algum lugar por aí? Ou pior, e se ele tentar falar com Olívia?
— Olha, você deixou claro na carta que ela não quer saber dele. E se tiver que acontecer dos dois se esbarrarem, não tem Cristo que impeça isso de acontecer. Mas Deus sabe o que faz, Margarida.
— Isso é. Eu só tô um pouco nervosa. Nem sei como vai ser amanhã.
— Só Deus sabe, minha filha. Mas vai dar tudo certo. Tenha paciência e confie Nele.
Margarida sabia disso, mas não era fácil domar dentro de si esse sentimento de euforia, até porque faz anos que não via Eusébio e muitas coisas passava em sua cabeça, desde sua aparência até o seu jeito de ser.
Ela se perguntava se ele continuava do mesmo jeito ou se tinha mudado em alguma coisa.
— Falta muita roupa?
— Não, dona Sônia. Falta só essas pecinhas aqui!
— Pois pode deixá-las aí. Eu termino. Já está dando o horário de você ir.
— Não, mas eu posso terminar. Faço isso em um minuto.
— Deixa que eu dou conta. Já guardei a maioria das roupas na gaveta mesmo. Já não vou ter mais nada para fazer.
Margarida sabia que não podia teimar com dona Sônia, até porque ela sempre vencia a disputa.
— Tudo bem. Vou pegar minha bolsa então.
***
Olívia se despedira de Carlos.
Assim que atravessara a rua para pegar o bondinho, foi surpreendida por André, que lhe esperava.
— Pensei que fosse direto para casa.
— Iria, mas quero te levar para sair hoje.
— Em plena semana? Tem certeza?
— Para sair com você não tem dia, meu amor.
Olívia enrubesceu. A forma como André demonstrava seu amor para com ela, lhe confortava e esquentava seu coração.
— Então aonde o senhor irá me levar?
— Senhor? Quer dizer que estamos casados?
— Você entendeu o que quis dizer. — O rosto de Olívia ficara quente e André riu ao ver seu semblante.
— Bem, senhora, vou te levar para jantar hoje. Será uma noite só minha e sua.
André pegara a mão de Olívia, levando-a aos lábios. E em seguida a coloca sobre seu braço. Ambos começam a caminhar.
Olívia logo percebe o caminho que estavam tomando.
— Espera... Estamos indo para...
— Uhum! — André lhe solta um olhar amistoso.
E nada mais fala a respeito. Ansioso estava para ver a cara de Olívia ao se deparar com o seu mais novo restaurante.
Assim que chegaram, tudo estava pronto e lindo, do jeito que André queria.
— O que acha?
— André, como está lindo aqui. Você vai abrir o restaurante quando?
— Logo, logo. Ainda tem algumas coisas para acertar, mas não poderia abri-lo para os clientes, antes de abri-lo para você. Você vai ser a primeira a provar minha comida.
Como forma de agradecimento pelo seu gesto, Olívia deposita um caloroso e demorado beijo nos lábios de André.
— Vamos?
— Com certeza!
Ao abrir a porta, Olívia se depara com um ambiente iluminado e muito aconchegante. Era o típico lugar onde famílias iriam ao final de semana, aproveitar suas companhias e comer um delicioso prato de comida diferenciada.
Da última vez que ela esteve ali, ainda estava reformando. Agora, ela podia ver o quão claro e proveitoso aquele restaurante havia ficado.
Todas as mesas estavam forradas com toalhas de cor bordô, porém uma em especifico continha um arranjo de flores, com pratos e talheres depositados junto a taças de cristal.
André levara Olívia até aquela mesa e afastando a cadeira, ela pôde se acomodar.
Sem dizer uma só palavra, André vai até a cozinha, voltando numa mão com uma garrafa de vinho e na outra uma bandeja coberta com uma tampa.
Ao colocar a garrafa de vinho e a bandeja em cima da mesa, André tira a tampa de alumínio, mostrando um delicioso e apetitoso espaguete ao molho pesto com bastante parmesão.
Olívia põe a mão na boca, sentindo-a enchendo de água.
— Nossa, o cheiro está maravilhoso, André!
Foi então que percebera que seria a primeira vez que comeria algo feito por ele. E de forma profissional.
— Sabe de uma coisa?
— O que, meu amor?
— Vai ser a primeira vez que vou provar algo preparado por você.
André teve a percepção da verdade. Foi então que comentou:
— Uma grande responsabilidade, já que se não gostar, ninguém mais vai.
— Deixe disso. Só de olhar e sentir o cheiro, estou salivando. Deve estar ótimo.
André tira o lacre da garrafa e num estouro a rolha sai. Então ele serve Olívia, servindo-se logo em seguida.
— Quero que prove primeiro.
Olívia pegara o garfo. Assim que enrolara o espaguete, levou-o diretamente à boca. Num fechar de olhos, pôde degustar aquele prato maravilhoso preparado por André.
— Meu Deus! — Exclamou Olívia, logo depois de engolir. — Isso está divino. Está muito bom. — E com mais uma enrolada de espaguete no garfo, Olívia pôs-se a comer.
Uma das coisas que André mais gostava era de preparar comida e ver as pessoas se deliciando. Isso lhe enchia de felicidade e gosto. E ver Olívia estar adorando seu prato, lhe trazia grande esperança de que não iria faltar cliente.
— Meu querido, tenho certeza de que o restaurante vai ser um sucesso. Se essa macarronada já está assim, eu imagino os outros pratos. — Concluiu Olívia, dando uma golada em sua taça de vinho.
— É muito bom ouvir isso. — Dessa vez foi André quem levou o garfo até a boca.
Epassaram a noite na companhia um do outro, sozinhos dentro do restaurante,aproveitando a comida e a bebida, mas principalmente o amor que a cada diacrescia entre os dois.
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
DuchoweOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...