Foi como estar de espectadora.
Já havia amanhecido e Olivia estava se preparando para sair. Mas sua atenção foi roubada pelo bater da porta de casa.
Ao descer as escadas e abrir a porta, havia um homem de terno cinza. Por incrível que parecesse, Olívia não conseguia ver o rosto desse homem, mas ele estendia a sua frente, o que parecia ser uma carta.
Assim que ela pegara a carta, sem dizer nada, o homem simplesmente sai para a rua.
Olívia fecha a porta e em seguida abre a carta. Estava endereçado certinho para ela, mas o remetente estava oculto. Não dava para enxergar quem havia mandado a carta.
Passando os olhos sobre a carta já em mãos, Olívia a deixa cair e sai correndo para o andar de cima.
Como estava de espectadora, olhando tudo isso acontecer, ela ficou confusa do que podia ser.
Ela tentou andar até a carta que estava no chão, mas parecia que seus pés não lhe obedeciam. E numa sensação repentina, Olívia sentiu que estava sendo empurrada, sugada para trás.
Foi então que acabou acordando.
***
Provavelmente já passava das oito horas e Olívia havia acordado num susto pelo que tinha acontecido no sonho.
Num gesto de proteção, como se de alguma forma fosse ajudar, Olívia faz o sinal da cruz.
Depois de tomar um longo e bom banho, Olívia coloca uma simples roupa, seguindo para o andar de baixo logo depois.
Margarida, pelo jeito, também deveria ter acordado àquela hora, pois estava na frente da Virgem Maria, fazendo suas orações matinais.
Olívia vendo a mãe concentrada, apenas sai para a cozinha para preparar um bom e delicioso café.
Passados alguns minutos, Margarida havia terminado de rezar e Olívia estava colocando açúcar no café.
— Sua benção, minha mãe. — Disse Olívia, enquanto depositava na testa de Margarida um sutil beijo.
— Deus te abençoe, filha. Dormiu bem?
— Mais ou menos. Tive um sonho estranho essa noite.
Enquanto Olívia colocava o café na garrafa térmica, Margarida tirava um saco de pão amanhecido em um dos armários e depositando em seguida em cima da mesa.
— Que sonho?
Enquanto ajudava a mãe a pôr a mesa, ela explicava o que tinha acontecido no sonho. Assim que se acomodaram para tomar o café da manhã, Margarida, assim como Olívia, fez o sinal da cruz em forma de proteção.
— Ai filha, será que é algum aviso? Sabe, no tempo de sua avó, quando alguém sonhava recebendo carta, era que notícia estava prestes a chegar.
— Não faço ideia, mãe. Mas espero que seja notícia boa. Por mais que no sonho, eu corria desesperada para o andar de cima.
— Não, eu tenho fé em Deus que não vai ser nada.
E para mudar de assunto, Olívia comenta com a mãe de que iria na biblioteca devolver o livro que estava lendo e pegar outro.
— Mas você já acabou o que estava lendo? — Margarida pergunta, espantada com tamanha sede de leitura que a filha tinha.
— Estou terminando, na verdade. Mas como vou pegar o bondinho, dá tempo deu terminar de lê-lo até chegar na biblioteca.
— Tudo bem então.
— Você vai para algum lugar hoje?
— Eu vou dar uma adiantada no vestido de ontem. Quanto mais cedo terminar, melhor.
E passaram o resto do café da manhã falando sobre vários assuntos.
Faltando meia hora para o meio dia, Olívia estava pronta para ir à biblioteca. Ao descer as escadas, ela encontra a mãe quieta, costurando o vestido de renascença.
— Não vou demorar, mãe.
Olhando para trás, percebendo a filha na sala, Margarida apenas responde:
— Tá bom. Hoje é sábado. Aproveita o dia. Segunda-feira tá vindo para começar tudo de novo. Então vá com Deus, viu.
— Fique com ele!
Com sua bolsa pendurada no ombro, Olívia apenas sai de casa. Assim que chegou no ponto, um bondinho se aproximava. Ao longe, via chegar em sua casa o carteiro, que estava prestes a depositar vários envelopes na caixa de correio.
Por algumas horas havia se esquecido do sonho, mas ao ver o carteiro chegando com correspondência, logo se lembrou.
Se era algum aviso de Deus, esperava ser um aviso bom.
Vendo um vulto de chapéu passar, através da janela, no portão de sua casa, Margarida percebeu que era o carteiro chegando com correspondência.
Deixando o vestido de lado, ela segue para o lado de fora.
— Como vai, dona Margarida? — Pergunta, vendo a senhora de estatura baixa, usando uma saia florida.
— Eu vou bem, Juvêncio. E você, como está?
— Estou bem, graças ao meu bom Deus.
— Que bom!
— Bem, aqui está. — Ele diz, entregando as cartas pessoalmente a dona Margarida.
— Muito obrigada. Um bom dia para o senhor.
— Igualmente! — Juvêncio, num aceno de respeito, retira o chapéu para Margarida, se dirigindo a casa ao lado.
Ao folhear as cartas, Margarida percebe que eram contas de água e luz. Mas a terceira estava endereçada a casa dela, sem o remetente.
Entrando dentro de casa, ela deixa na mesinha, ao lado da santa, as contas, e segue para o sofá com a carta misteriosa.
Ao abri-la, Margarida toma um susto, reconhecendo de imediato a letra. Enquanto seus olhos passeavam pelas letras, sua mão tampava sua boca aberta de espanto.
— Não é possível!
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
SpiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...