Capítulo 6

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Além do padre, Margarida tinha que contar o ocorrido para outra pessoa. Pessoa essa que não hesitou em lhe estender a mão quando estava na maior dificuldade de sua vida.

Dona Sônia, sua patroa há anos, não pensou duas vezes para dar apoio à Margarida, depois que Eusébio as abandonou. No que ela precisasse, Sônia não media esforços para ajudar.

Depois que pegou o bondinho, descera na penúltima parada, na rua onde sua patroa morava. Ao ir em direção a uma casa toda pintada de lilás, Margarida bate palma, esperando uma senhora de estatura baixa e de cabelos curtos e loiros aparecer.

Mas nada aconteceu.

Dessa vez, além das palmas, ela começou a chamar pelo nome. Passados alguns segundos, novamente nada aconteceu.

— Dona Sônia deve ter saído. — Pensou Margarida, um pouco decepcionada.

Não tinha outro jeito a não ser voltar amanhã.

Mas que precisava falar com dona Sônia, precisava. E isso não poderia esperar até segunda-feira.

Voltando para o ponto mais próximo, Margarida apenas torcia para que a filha não tivesse chegado em casa ainda e ter encontrado o envelope com a carta. Onde estava com a cabeça de tê-la deixado ao lado da santa?

Margarida até pensara em pedir, naquele momento, que Nossa Senhora cegasse o envelope aos olhos de Olívia, caso ela chegasse primeiro em casa.

A única forma era esperar. E tentar pensar num jeito de como daria a notícia de que haviam recebido uma carta de Eusébio, depois de muitos anos.

Foi então que um pensamento lhe veio à cabeça.

De manhã, Olívia havia falado que tinha tido um sonho estranho. Sonho esse que ela recebia uma carta e o que tinha nela a deixava espantada. Tanto que lhe fazia subir as escadas rapidamente.

Será que tinha sido um aviso?

***

Assim que Olívia conseguiu pegar o bondinho de volta para casa, logo abrira o livro para começar a ler. Pelo menos a capa era de couro e as únicas palavras que se formavam na frente eram o título do livro. Nada que mencionasse que tinha sido ditado por um espírito.

Não queria olhos lhe julgando.

Só tinha que se lembrar de escondê-lo na bolsa quando chegasse em casa. Não queria que sua mãe brigasse por ter pegado um livro espírita.

Olívia, por mais que nunca tivesse visto a mãe falar mal de qualquer religião, não testaria a calma e a compreensão dela, já que tinha uma única filha que também frequentava há anos a mesma igreja. Então, podia ser algo como: contanto que não seja alguém de minha família, está tudo bem.

Pelo trajeto da biblioteca até sua casa, Olívia já tinha lido três capítulos. E por mais que estivesse um pouco perdida a respeito do que poderia ser referido ao espiritismo, estava adorando a história. Parecia ser igual as outras que já lera, porém bem mais intensa.

Novamente, se não tivesse parado para ver ao redor onde estava, Olívia teria passado do seu ponto. Um ponto antes do que desceria, ela fecha o livro e se levanta.

Depois de descer o bondinho, ela segue para a rua de paralelepípedos, sentido sua casa. Ao abrir o portão, continua até o hall de entrada, subindo o pequeno degrau de escadas.

Ao abrir a porta, esperava encontrar a mãe ainda entretida no vestido, porém, a casa até certo momento parecia estar vazia.

Deixando a bolsa em cima do sofá, Olívia segue paar a cozinha. Como já estava chegando perto das cinco da tarde, talvez Margarida estivesse preparando alguma coisa. Mas não se ouvia o bater de panelas ou pratos.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora