— E quando foi que voltou, André?
Olívia e André estavam sentados nos fundos da biblioteca. Estava beirando às duas horas e Olívia levara em consideração o que a mãe havia dito mais cedo, sobre aproveitar o dia.
Quando chegasse em casa e contasse para mãe quem havia voltado para a cidade, ela ficaria completamente surpresa.
André e Olívia eram grandes amigos, desde pequenos. Eusébio trabalhava na mesma fábrica que o pai de André e ambos também eram grandes amigos. E com isso, a família dos dois lados acabaram se conhecendo e formando um laço muito bonito de amizade, incluindo André e Olívia.
Mas alguns anos da partida de Eusébio, Mirco, pai de André, acabou ficando muito doente. O que levou também a sua derradeira morte.
Mãe de André já havia falecido há muito tempo, no parto, quando tivera o filho, portanto, o rapaz não a conhecia. Mas sua madrasta Elaine, era como uma verdadeira mãe. Tanto que ele lhe chamava dessa forma.
Como Mirco havia deixado um bom dinheiro guardado para os dois, André decidiu, depois de dois anos do falecimento do pai, que iria para fora e tentar ganhar sua vida lá. Estudar e mais tarde, trabalhar. Elaine concordara, com toda certeza, a sua decisão. E com isso veio a despedida que não se sabia se haveria um reencontro.
Elaine também acabou se mudando para Minas Gerais, onde tinha alguns parentes.
Mas ver André ali, era como se fosse um sonho. Olívia pensou que nunca mais o veria novamente.
No começo, ele lhe mandava cartas avisando como estavam as coisas lá fora, mas depois parou de mandar. Olívia não se queixou ou ficou magoada, pois alguma coisa lhe dizia que André andava muito ocupado. Contanto que estivesse bem, era isso que importava.
— Faz dois dias. Ainda estou me instalando na cidade de novo.
— E onde você está?
— Estou numa pensão a alguns quarteirões daqui. Desde que minha mãe foi embora e alugou a casa que morávamos, meio que não tinha para onde ir.
— Isso não é verdade e sabe disso. Podia ter ido lá para casa.
— Não, que isso. Não iria incomodar vocês duas. E aliás, eu queria fazer surpresa. Tentaria resolver o máximo de coisa que preciso resolver e iria lá na casa de vocês para revê-las de novo.
— Minha mãe vai adorar em ver você. Não vai nem acreditar que está de volta. Mas é temporário? Pretende voltar para Lisboa?
— Bem, ainda estou resolvendo. Se o que planejo der certo, não irão me ver longe por bastante tempo. Mas, parando de falar sobre mim... E você? O que tem feito de uns tempos para cá?
Olívia olhava atentamente André. Como ele havia mudado. É claro que havia se passado muito tempo desde de sua partida, mas o jovem rapaz que conhecia, agora virara um homem muito bonito. Quando foi embora, ele não tinha barba e nem bigode, mas agora, por mais que fosse rala, ainda sim o tinha na cara. Cabelos curtos, castanho escuro. E se vestia de uma forma, que nem parecia que havia crescido em São Paulo.
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
EspiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...