Capítulo 12

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Era domingo e uma semana havia se passado, desde que mandara a carta para Margarida e Olívia. Até então, nada de resposta. Todos os dias olhava a caixa de correios com a esperança de encontrar um envelope, mas o vazio o esperava. A não ser que houvesse panfletos de propaganda ou contas para pagar.

Cansado de manter essa esperança em seu coração, apenas desistiu de esperar. Tinha que se conformar que nada mais queriam com ele. Nem mesmo suas explicações fajutas. O jeito era seguir a vida normalmente, por mais que fosse difícil.

Eusébio havia chegado do trabalho. Por mais que fosse domingo, trabalhava meio expediente. Ao invés de sair as cinco da tarde, uma hora já estava em casa.

Sem se dar conta de abrir sua caixa de correio, como fizera no dia anterior, Eusébio apenas dá um olá para dona Laura atrás do balcão e segue para o andar de cima, indo em direção ao seu quarto.

Percebendo o homem cabisbaixo, dona Laura em pensamento, pede para Deus que desse o conforto necessário ao coração de Eusébio. Ela não conseguia ter rancor ou raiva pelo que ele fez com a esposa e a filha. Ela já sabia de toda história, pois ele mesmo contou a ela. Mas no fundo de seu coração, Laura achava que todas as pessoas do mundo, por mais cruéis que fossem, deveriam sim ter uma segunda chance.

Se apegando a Deus nesse momento e tendo um pouco de solidariedade para com o homem, a senhora de blusa florida e saia longa de cor preta, se aproxima de dona Laura, intuindo-a que abrisse a caixa de correio de Eusébio.

Laura sabia que podia fazer isso na circunstância de ter passado três dias que o inquilino não o abria. E como estava quase completando o terceiro dia que ele não havia aberto sua caixa de correio, ela segue até o painel onde havia outros milhares. Pegando o molho de chaves, contendo o número de cada quarto, ela encaixa uma em especifico no número 22. Ao girar a chave e abrir o compartimento, seu coração se acelera por um momento ao ver um envelope branco.

Pegando-o, vê que o remetente vinha de São Paulo e que vinha endereçado a Eusébio Pacheco Filho, de Margarida de Jesus Pacheco.

Sem pensar duas vezes, ela sai em disparada para o andar de cima, enquanto a senhora de blusa florida apenas dá um sorriso de felicidade e desaparece como fumaça.

— O que foi, dona Laura? — Eusébio abre a porta assustado, pelo fato dela ter batido sem parar. — Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu sim, seu Eusébio. — Ela estende o envelope em sua direção. — Aconteceu um milagre.

Sem acreditar no que estava vendo, Eusébio pega das mãos de Laura o envelope, tremendo de nervosismo.

Vendo quem havia mandado, uma chama de felicidade em seu coração, se transforma num incêndio eminente.

— MEU DEUS! EU NÃO ACREDITO! — Alguns dos inquilinos eram chatos a respeito de ter paz, então percebendo que poderia surtar a qualquer momento, Eusébio entra para dentro do quarto, fazendo sinal para dona Laura lhe acompanhar.

Abrindo o envelope afoito, desdobra a carta e começa a ler a mensagem:

É Deus quem está me dando forças para escrever essa carta, Eusébio.

Eu não sei nem como reagir a tudo isso que está acontecendo, mas serei direta e o mais breve possível.

Quero que saiba que depois de tudo o que aconteceu e pelo que fez, não guardo rancor ou ódio, mas me decepciona muito a decisão que tomou. Me decepciona porque não afetou apenas você, mas a Olívia e a mim também.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora