Capítulo 37

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Margarida, para ele, continuava a mesma. A mesma mulher incrível, atraente, guerreira e dona de sua própria vida, na qual conhecera há muitos anos atrás. A mulher que escolhera para dividir sua trajetória um dia.

Ela retoma a consciência para o presente e começa a caminhar, atravessando a rua. Eusébio, com as mãos suando e o coração batendo muito rápido, a espera.

Margarida posiciona-se na frente de Eusébio, encarando-o rigorosamente, como se pudesse ver através de seus olhos. Mas não demora muito em dizer:

— Vejo que o tempo lhe fez bem.

Pela expectativa, Eusébio esperava Margarida dizer qualquer coisa, menos aquilo. Um olá, pelo menos. Ou, é bom te ver, Eusébio.

— E... Você... Continua maravilhosa como sempre.

Eusébio teve que ter um pensamento rápido para encontrar as palavras.

Sem dizer mais nada, Margarida começa a andar, seguindo para a entrada do mercadão.

Eusébio ficara parado por um momento, mas logo pôs-se a segui-la.

Ambos entram no estabelecimento gigante, na qual havia vários corredores que continham vendinhas de tudo um pouco, desde de frutas à fumo e tabaco.

Eusébio nada disse, pois não sabia nem o que perguntar para Margarida. E seria muita cara de pau começar qualquer tipo de conversa que entrosasse em como Olívia estava ou o que havia feito durante esse tempo que esteve fora.

Ele se encontrava em uma redoma de clima de constrangimento, pois era como se sua presença não estivesse afetando-a da mesma forma que a presença de Margarida lhe afetava.

Mas não era verdade.

Ver Eusébio ali, ao seu lado, andando no mercadão, como tinham o costume de fazer antigamente, lhe trazia uma sensação de nostalgia e saudade. Mas ela estava decidida em seu neutra o tempo que conseguisse.

Porém, lá dentro, alguma coisa ainda estava desperta. Algo ainda apreciava a presença de Eusébio e estava feliz por ele estar ali.

— Vamos tomar um café lá em cima. — Decidi Margarida.

Eusébio confirma com a cabeça.

No mercadão havia o segundo andar, onde tinha a praça de alimentação, que servia desde cafés, lanches à almoços.

Assim que se seguiram até o Café que costumavam frequentar, se acomodaram à frente da loja, onde Margarida trazia consigo uma xícara de café com um pão de queijo em um cesta de bambu. Eusébio pegara um suco de laranja apenas.

Ele ficara a observando colocar os saches de açúcar no café e mexer com a colher, enquanto mordiscava um pedaço do seu pão de queijo.

Isso lhe fez lembrar às vezes que vinham e Margarida sempre tinha que tomar uma xícara de café e comer um pedaço de pão de queijo. Sempre. Fizesse calor ou frio, chuva ou sol. Era seu ritual.

Com a ajuda do café, Margarida engolira o pedaço que mastigava, pondo-se enfim a falar.

— Por que, Eusébio?

— Como é?

— Por que agora? Depois de todo esse tempo, por quis tentar consertar as coisas? Se explicar?

A forma como estava sendo o reencontro e as palavras que saíam da boca de Margarida não condiziam em nada com as expectativas e as cenas que ele vinha criando em sua cabeça.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora