Margarida, para ele, continuava a mesma. A mesma mulher incrível, atraente, guerreira e dona de sua própria vida, na qual conhecera há muitos anos atrás. A mulher que escolhera para dividir sua trajetória um dia.
Ela retoma a consciência para o presente e começa a caminhar, atravessando a rua. Eusébio, com as mãos suando e o coração batendo muito rápido, a espera.
Margarida posiciona-se na frente de Eusébio, encarando-o rigorosamente, como se pudesse ver através de seus olhos. Mas não demora muito em dizer:
— Vejo que o tempo lhe fez bem.
Pela expectativa, Eusébio esperava Margarida dizer qualquer coisa, menos aquilo. Um olá, pelo menos. Ou, é bom te ver, Eusébio.
— E... Você... Continua maravilhosa como sempre.
Eusébio teve que ter um pensamento rápido para encontrar as palavras.
Sem dizer mais nada, Margarida começa a andar, seguindo para a entrada do mercadão.
Eusébio ficara parado por um momento, mas logo pôs-se a segui-la.
Ambos entram no estabelecimento gigante, na qual havia vários corredores que continham vendinhas de tudo um pouco, desde de frutas à fumo e tabaco.
Eusébio nada disse, pois não sabia nem o que perguntar para Margarida. E seria muita cara de pau começar qualquer tipo de conversa que entrosasse em como Olívia estava ou o que havia feito durante esse tempo que esteve fora.
Ele se encontrava em uma redoma de clima de constrangimento, pois era como se sua presença não estivesse afetando-a da mesma forma que a presença de Margarida lhe afetava.
Mas não era verdade.
Ver Eusébio ali, ao seu lado, andando no mercadão, como tinham o costume de fazer antigamente, lhe trazia uma sensação de nostalgia e saudade. Mas ela estava decidida em seu neutra o tempo que conseguisse.
Porém, lá dentro, alguma coisa ainda estava desperta. Algo ainda apreciava a presença de Eusébio e estava feliz por ele estar ali.
— Vamos tomar um café lá em cima. — Decidi Margarida.
Eusébio confirma com a cabeça.
No mercadão havia o segundo andar, onde tinha a praça de alimentação, que servia desde cafés, lanches à almoços.
Assim que se seguiram até o Café que costumavam frequentar, se acomodaram à frente da loja, onde Margarida trazia consigo uma xícara de café com um pão de queijo em um cesta de bambu. Eusébio pegara um suco de laranja apenas.
Ele ficara a observando colocar os saches de açúcar no café e mexer com a colher, enquanto mordiscava um pedaço do seu pão de queijo.
Isso lhe fez lembrar às vezes que vinham e Margarida sempre tinha que tomar uma xícara de café e comer um pedaço de pão de queijo. Sempre. Fizesse calor ou frio, chuva ou sol. Era seu ritual.
Com a ajuda do café, Margarida engolira o pedaço que mastigava, pondo-se enfim a falar.
— Por que, Eusébio?
— Como é?
— Por que agora? Depois de todo esse tempo, por quis tentar consertar as coisas? Se explicar?
A forma como estava sendo o reencontro e as palavras que saíam da boca de Margarida não condiziam em nada com as expectativas e as cenas que ele vinha criando em sua cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
SpiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...