Era sexta-feira, às 6h da manhã, quando Olívia despertou. E pela semana que se sucedeu, não conseguiu deixar de pensar no grande trabalho que fizeram no centro no domingo passado. André estava do mesmo jeito.
Tinha sido muito gratificante. Assim que terminaram de preparar os potes com a sopa e entregar para os que se encontravam na fila, uma carreata de trabalhadores seguiram pelas ruas, indo de encontro a aqueles que não conseguiam ir até o centro.
Jandira juntou-se a eles para ajudar.
Assim que terminaram, despediram-se todos, seguindo cada um para suas casas e na volta, André comentava com Olívia como tinha sido bom. Ela concordara.
Levantou-se, seguindo para o banheiro se banhar. Hoje teria o estudo d'O Livro dos Espíritos.
Pronta, seguira para o andar debaixo, onde pôde encontrar Margarida à mesa, passando manteiga em uma fatia de pão, junto a um delicioso café quente numa pequena xícara com desenhos de flores.
— Bom dia, minha querida. — Exclamou Margarida ao ver a filha descer as escadas.
— Bom dia, mãe. Sua benção.
— Deus te abençoe.
— André já saiu?
— Acabou de sair.
Olívia percebe migalhas de pão e uma xícara de café com leite tomado pela metade em cima da mesa, num lugar vago.
— Dormiu bem?
— Sim. E a senhora?
— Como uma ursa no inverno. — Margarida ri da própria comparação.
— Só para lembrar a senhora, hoje...
— Terá estudo no centro.
— É isso.
Margarida dá uma piscadela a Olívia, como se dissesse pode ficar tranquila, querida. Sei dos seus compromissos agora.
— Por falar em centro... Não disseram nada de como foi no domingo, não é?
E realmente não haviam dito nada.
Desde que chegaram em casa naquela noite de domingo, Margarida já havia se recolhido. E com a pressa da semana, nem se quer se ocuparam de contar a ela.
— Verdade. Foi muito bom, mãe. Servimos sopa para as pessoas. Fizeram uma fila enorme na frente do centro. E depois, caminhamos pela cidade para entregar as que sobraram.
— Deve ter sido uma experiência e tanto, não é?
— E foi. Eu e André estamos adorando.
— É bom vê-la assim. Há muito não a vejo tão empolgada com alguma coisa.
— E estou mesmo. A cada momento que passa tenho mais vontade ainda de ajudar e aprender mais sobre a espiritualidade.
Dava gosto de ver Olívia assim. Margarida estava feliz com o novo caminho que a filha resolvera seguir.
Nesse momento, imaginara a mãe, Sônia, se ainda estivesse viva, em como ela reprovaria tal atitude de Margarida para com a decisão da filha. Mas a carta que recebera dela, dava a total certeza de como podemos, até mesmo depois da morte, mudar nossa forma de pensar e agir para com as pessoas e o mundo a nossa volta.
Em uma sútil conversa, Olívia termina de tomar seu café da manhã, dando um beijo na testa de sua mãe e seguindo para o lado de fora para pegar o primeiro bondinho que passasse.
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
SpirituellesOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...