Após a saída de André e Olívia, Margarida se sentara no sofá, pegando o vestido de renascença para terminar. Faltava pouco e acreditava que até amanhã ele estaria pronto. Entregaria bem antes do prazo estipulado.
Depois de algumas voltas com a agulha no tecido, a porta da frente bate.
Margarida pensara que a filha tivesse esquecido algo, já que não esperava mais ninguém no domingo.
— Judite? — Exclama Margarida ao ver a amiga, que há tanto tempo não se encontravam.
— Margarida!
E num abraço aconchegante e apertado, deixam-se levar pelo sentimento de saudade que já estava perpetuando em seus corações.
— Venha, minha miga. Entre.
Margarida segue direto para a cozinha e traz consigo a garrafa de café junto à um pacote de torradas.
— Sente-se aqui na mesa. — Disse, depositando o que trazia, em cima da mesa.
— Há quanto tempo que não nos vínhamos, né?
— Pois é, Judite. Olívia tinha me dito que te viu dentro do bondinho, vindo do trabalho.
— Sim. Ela está linda demais.
— Ela é o tesouro que recebi de Deus.
Margarida volta para a cozinha, trazendo dessa vez uma faca e um tablete de manteiga. E então se acomodara, esperando ansiosa o que a amiga tinha a dizer.
— E como estão as coisas? Leôncio, como ele está?
— Na mesma, minha querida. Só o que tenho a fazer é rezar e ter fé.
— Faz muito bem.
E enquanto ambas se deliciavam com um delicioso café, colocavam em dia os assuntos que há muito tempo não conversavam. Até que chegou o momento certo de falar sobre Eusébio.
— E você não vai acreditar quem mandou uma carta aqui para casa.
— Quem?
— Eusébio.
Judite regalou os olhos, não acreditando no que acabara de ouvir.
— Sério, Margarida? Falando o quê?
— Falando que queria uma chance de se explicar. Depois de todos esses anos, achando que tinha até morrido, acaba acontecendo isso.
— E qual foi sua decisão a respeito?
— Eu pedi conselhos com o padre Euclides e ele me disse que escutasse Eusébio. Então vou me encontrar com ele no final do mês no mercadão do centro. Não que isso signifique que irei aceita-lo de volta.
— Entendo. E Olívia? Irá com você reencontrar o pai?
— Ela não o quer vê-lo pintado nem de ouro. Faz como se ele nunca existiu. Já até deixei isso claro na carta. Agora eu só preciso esperar a resposta dele. E ainda disse que se não respondesse, iria entender isso como um não e que ele poderia nos esquecer de vez. Bem, mas até agora a carta ainda não chegou. Talvez, a partir dessa semana, alguma coisa venha.
— Te dou todo o apoio, minha amiga. Se acha que deve ser assim, então assino embaixo.
— E você vai a igreja hoje?
— Na verdade, não. Eu ainda tenho algumas coisas para fazer. Só tirei esse tempo para vir te ver, pois estava com bastante saudades. As coisas andam tão corridas que acabamos deixando de fazer muitas outras coisas.
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
SpiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...