— Mais uma vez gostaria de agradecer o favor que me fez, dona Sônia. — Margarida dizia da sala, enquanto passava algumas peças de roupa.
— Não precisa agradecer. — Dona Sônia estava na cozinha, lavando a louça e preparando o jantar, já que Elisa, sua filha, viria até sua casa àquela noite lhe fazer companhia.
Já passava das cinco e meia da tarde e estava quase chegando o horário de terminar o turno de Margarida.
— Será que ele recebeu a carta? — Perguntou dona Sônia, da cozinha.
— Não faço ideia.
— A propósito, o que disse na carta, Margarida?
— Eu disse algumas verdades que achei que precisava ouvir, ou melhor, ler. Mas que estaria disposta a deixa-lo se esclarecer. E disse que se quisesse se esclarecer, que viesse para São Paulo e me encarasse cara a cara.
— Meu Deus, Margarida, você não acha que se precipitou em chama-lo para São Paulo? Não é perigoso se encontrarem e ele fazer alguma coisa com você?
— Eu já cuidei dessa parte também, dona Sônia. Disse a ele que se quisesse se encontrar comigo aqui, que podíamos marcar de nos vermos em um lugar público, como o mercadão, por exemplo. Assim não teria problema. E outra, eu conseguiria arrumar uma desculpa que fizesse com que Olívia não desconfiasse.
— Eu iria perguntar isso também. Espero que ele não fique tão perto a ponto de dar de cara com Olívia. Tenho certeza que se ela o ver em algum lugar, não irá dar certo.
— Também pensei a respeito disso, dona Sônia. Só preciso que ele me mande outra carta confirmando que virá para São Paulo, aí poderemos acertar o resto.
Margarida havia terminado de passar as roupas e Sônia vendo-a passar pelo corredor em direção ao seu quarto para guarda-las, protestou dizendo:
— Pode deixa-las aí, Margarida. Não precisa guardar. Já está dando a hora de você ir para casa. Pode deixar que eu faço isso.
— Mas dona Sônia eu guardo rapidinho e...
— Não precisa. Pode deixar que eu faço.
Margarida apenas sorri e segue em direção ao quarto de hóspedes, onde costumava deixar suas coisas. Já que dona Sônia disse que poderia ir, iria começar a se arrumar então.
***
— Até mais, Olívia!
— Até sr. Olavo.
Já que o consultório estava vazio e que não havia mais ninguém para que o dr. Carlos atendesse, Olívia decidira pegar o livro e termina-lo de ler. Faltava três capítulos e a história estava sendo surpreendente.
Um Amor de Outras Vidas era um livro que contava a história de uma moça chamada Antônia e um rapaz, que concidentemente, ou não, se chamava Antônio. Ela era filha de um coronel muito respeitado na cidade, enquanto ele apenas um funcionário contratado para cuidar dos cavalos da fazenda em que viviam. Mas a trama da história traz consigo muitos indícios de que o amor que sentem um pelo outro não começou nessa vida que estavam tendo e sim que já vinha de muitas outras e como a espiritualidade em si trabalha para que ambos se reencontrem e continuem o amor que um dia começaram a sentir.
— O que está lendo, Olívia? — Dr. Carlos saí de sua sala indo em direção ao bebedouro.
Olívia toma um susto, fechando o livro na mesma hora.
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
SpiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...