Capítulo 45: Um Mês Depois

100 7 0
                                    

Eusébio já se encontrava um mês em São Paulo e até então, nada de Olívia falar com a mãe que queria se encontrar com o pai, novamente. Ele sabia que Deus não iria deixá-lo na mão, principalmente agora, aonde ele havia chegado até então. Mas a agonia de poder abraçar Olívia, sentar com ela, de poder falar-lhe o quanto sentia muito e lhe pedir perdão era demais.

Mas nem sempre as coisas acontecem da forma e no tempo que almejamos.

Olívia continuava firme no tratamento, tomando passe, frequentando as reuniões e os estudos e fazendo o Evangelho no Lar todos os domingos. Nesse meio tempo, já havia passado em sua cabeça de comentar com a mãe de que queria se encontrar com o pai, porém, receava de acabar hesitando quando o visse frente a frente. Então não comentava nada.

Só que o que ambos não sabiam é que por essa afinidade que acabava ressurgindo cada vez mais, entre Olívia e Eusébio, a espiritualidade planejava o encontro de ambos no plano espiritual, antes que pudessem, definitivamente, se encontrarem frente a frente no plano físico.

Em uma noite, logo depois de uma boa companhia em meio a um jantar maravilhoso preparado por Margarida, Olívia se pusera a fazer suas preces noturnas antes de pegar no sono. No caso, nada ritmizado. Era mais como se fosse uma conversa, simples e espontânea.

E ao final do assim seja, passados exatos cinco minutos, seu espírito desdobra do corpo.

Com Eusébio não foi diferente. Mas ao contrário de se fazer preces, ele estava relembrando dos momentos bons que vivera com Olívia quando ainda ela era apenas uma garotinha. Das idas aos parques e da Praça dos Jacintos. Dos sorvetes. De ver ela correndo por toda praça, passando pelo coreto e seguindo para o jardim de variadas cores e cheiros.

E ambos acabaram se encontrando em um lugar lindo, em meio a luz do luar.

Parecia ser um campo verdejante à beira de um lago. A lua refletia na água, fazendo a luz se tornar cristalina. Em meio ao verde, havia flores e rosas de demasiados tipos, cheiros e cores.

E ambos se encontravam em lados opostos.

Sônia e Laércio também se encontravam ali, porém estavam vibrando em uma sintonia na qual Olívia e Eusébio não os conseguia ver.

Percebendo então a presença de ambos, por mais que estivessem a uma certa distância, a passos lentos, se aproximavam.

— Filha! — Sussurrou Eusébio, enquanto andava na direção de Olívia.

— Papai. — Ela nada disse, porém Sônia e Laércio pôde escutar o pensamento de Olívia exclamar pela presença de Eusébio.

A alguns centímetros, agora, se encontravam.

Um nó na garganta de Eusébio começava a se formar e lágrimas queriam escorrer por seu rosto.

Olívia sentia seu coração disparar e o sentimento que lhe acometia era de alegria e bem estar por se encontrar com o pai.

Mas como se não pudesse controlar a movimentação de seu corpo, acabou por tomar Eusébio em seus braços.

Seu abraço era tão forte, caloroso e verdadeiro, que Sônia e Laércio conseguiam sentir esse amor que há tanto tempo não pôde ser manifestado por Olívia.

E com esse gesto, Eusébio não pôde se conter. Deixou-se envolver pelo sentimento de felicidade, saudade e gratidão que envolvia ambos.

— Oh minha menina. Não sabe o quanto esperei por esse momento.

— Eu senti tanta a sua falta, pai.

— E eu senti a sua.

Eusébio desvencilhou-se do abraço da filha, levando suas mãos até seu rosto, encarando-a firmemente nos olhos, admirando a mulher que Olívia havia se tornado.

— Deus a abençoe. Sou grandemente grato por você, minha filha.

Dessa vez foi Olívia quem começara a chorar. Mas era um choro de felicidade e acalento. Se sentia em paz, como nunca estivera antes.

— Queria te pedir desculpas.

— Desculpas? Você? Mas sou eu quem devo desculpas, minha filha.

— Eu também devo desculpas. Desculpas por não tentar entender seu lado. Por te julgar sem saber o real motivo que te levou a fazer o que fez. Por te condenar.

— E não é para tanto. Seu gesto foi mais que o normal a se reagir perante a uma situação causada por mim, minha filha. Eu é quem devo pedir seu perdão por ter te abandonado. Por deixar de lado todas as lembranças boas e aconchegantes que tivemos juntos. Por não ter te visto crescer e não ter estado presente em sua vida durante todo esse tempo.

— Pra mim, agora, o importante é que você está aqui, pai. E não sinto mais nada daquilo que um dia fez eu me afastar de você. Eu te perdoou, pode acreditar. Nunca é tarde para recomeçarmos, não é?

E realmente, nunca era tarde para recomeçar. Porém, ao ouvir Olívia dizer aquilo, Sônia e Laércio se entreolharam, como se soubessem de algo. Mas assim que desviaram o olhar, viram que ambos já não se encontravam mais ali.

Aproveitando a companhia um do outro, dirigiam-se para à beira do lago, e logo acomodaram-se, sentando no macio gramado.

Sônia e Laércio se aproximaram, mas Olívia e Eusébio não diziam nada, apenas contemplavam a paisagem maravilhosa a frente, na qual o Criador havia feito com todo o carinho e amor do universo.

— Já está na hora! — Exclamou Laércio, olhando para Sônia. A mesma nada disse, apenas assentiu com a cabeça.

E num piscar de olhos, Eusébio e Olívia haviam acordado ao mesmo tempo, em seus respectivos quartos. Não lembravam do que haviam sonhado, mas sabiam que tinham estado na presença um do outro e que havia sido maravilhoso.

O sentimento que Eusébio tinha, era que esse encontro se aproximava cada vez mais e que o amor que nutria por Olívia estava mais vivo do que nunca.

Olívia soube perfeitamente, ao abrir os olhos, que esse encontro só estava dependente de uma única pessoa. Ela. E que não havia uma chance sem um certo risco e que deveria deixar de lado a hesitação de dar o primeiro passo.

Então soube, perfeitamente, o que deveria fazer. Não deixaria passar mais nenhum minuto essa chance.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora