Capítulo 44

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Olívia surpreendeu-se ao ver quem estava prostrado do lado de fora do centro. André esboçava um sorriso mais aberto, a medida que ela se aproximava.

— O que está fazendo aqui? — Perguntou Olívia, dando um beijo nos lábios de André, que retribuíra o gesto.

— Vim lhe buscar.

— Ai, só você mesmo.

E cruzando seu braço com o de André, seguiram até o ponto para pegar o bondinho. O mesmo não demorou a chegar e estava quase vazio, contendo duas pessoas além do casal.

Olívia nada disse, esperando que André lhe perguntasse como fora o atendimento e a reunião. Percebendo que ele não iria adentrar seu espaço particular, ela começa a dizer:

— Eu me sinto bem mais leve.

— Deu para notar, meu amor. Seu semblante parece mais sereno e em paz.

— E me sinto assim. Senti a presença de minha avó quando fui tomar passe. Pelo jeito, ela sempre está comigo, me auxiliando. É tão bom sentir esse conforto. Sou tão grata.

— E como foi o atendimento com o irmão Getúlio?

— Ele me abriu muito a mente e me passou um tratamento que devo fazer todas às vezes que for ao centro. E também me aconselhou a praticar o evangelho no lar. Me disse como fazer. O que acha de começarmos amanhã?

— Claro, vai ser muito bom.

Ambos ficaram quietos por alguns segundos, percebendo que em alguns pontos, o destino final chegaria.

Foi então que Olívia comentou com André:

— Sabe André...?

— O quê?

— Sinto que logo, logo estarei preparada para me encontrar com meu pai. E quem sabe, perdoar ele. Já não sinto mais raiva, ou até mesmo mágoa. De tudo que fiquei sabendo, os motivos que o levaram a fazer o que fez, só consigo sentir condescendência. Quando criança, ele era meu melhor amigo. Fazíamos tantas coisas juntos. Ele se tornava um anjo guardião. Essas lembranças, que agora aparecem em minha mente, me trazem saudade.

André sentia grande felicidade em ouvir aquilo.

O que significava que Olívia estava no caminho certo e que logo mais ambos poderiam se reconciliarem, não deixando essa pendência para uma outra existência.

E ele conseguia sentir e até mesmo ver que Olívia estava mudando. Aos poucos, mas estava.

Assim que chegaram em seu destino, os dois descem do bondinho e seguem pela rua de paralelepípedos, na direção do portão cinza.

Ao adentrarem a casa, Olívia percebera que Margarida estava na cozinha, provavelmente, preparando o jantar.

— André, Olívia, são vocês?

Mas antes que eles pudessem responder, Margarida aparece na sala, enxugando as mãos num pano de prato.

— Querida, como foi?

Olívia, ao invés de responder a pergunta de sua mãe calmamente, abriu os braços, abraçando-a, pondo-se a chorar de imediato.

André assustou-se da mesma forma que Margarida.

— O que aconteceu, minha filha?

— Nada, mãe. Estou apenas com a consciência leve e meu coração se sente em paz. Só isso.

O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora