Olívia sentia o corpo pesado. Sua cabeça parecia que iria começar a doer. Foi como se não tivesse dormido nada. Parecia que tinha ficado a noite toda andando por aí, pois suas pernas estavam doloridas.
Ao se levantar da cama, gemeu em protesto.
Que noite tinha sido àquela? E por incrível que pudesse parecer, ela conseguiu lembrar de tudo. Do sonho inteiro.
Se a espiritualidade estava querendo lhe mostrar algo, só poderia indicar fazer as pazes com seu pai. Mas como havia dito no sonho, para sua avó, ainda não conseguia perdoá-lo de verdade.
Se não consegue fazer isso agora, pelo menos o desculpe pela ignorância de seus atos, a voz de sua avó soou nítida em sua cabeça.
Mas será que ela era capaz de ao menos desculpá-lo?
A única coisa que pôde fazer naquele momento, foi suplicar a Deus que lhe ajudasse com isso, pois esse sentimento já estava lhe corroendo o coração.
Era como se lá dentro, no fundo, não quisesse sentir essa raiva. Essa mágoa. Era como se quisesse perdoá-lo de fato. Mas as lembranças dos acontecimentos passados só tornavam isso ainda mais difícil.
Como se estivesse prestes a aceitar esse perdão e uma voz lhe chegasse ao ouvido dizendo para não ser fraca, pois ele não merecia.
Olívia seguiu para o banheiro e tomou um bom banho, deixando a água quente cair sobre o corpo e torcer para que os pensamentos também se esvaíssem junto a água.
Assim que saíra, deu de cara com André, que também parecia ter acordado há pouco tempo.
— Bom dia, meu amor. — Disse, dando um leve beijo nos lábios de Olívia. — Dormiu bem?
— Um pouco, sim. E você?
— Muito bem.
— Que bom. Eu já vou descer para o café. Lhe aguardo lá embaixo.
E com mais um beijo, André segue para dentro do banheiro, enquanto Olívia desce as escadas, encontrando a mãe em frente à santa, rezando.
— Bom dia. Sua benção.
E num sinal de cruz, Margarida se vira.
— Bom dia, filha. Deus te abençoe. Dormiu bem?
— Dormi sim e a senhora?
Só que Margarida percebera o estado da filha. Não havia sido o banho que havia escondido sua aparência cansada.
— Eu dormi bem. Mas pelo jeito, você não.
— O que? Não, dormi bem sim.
— Quando foi que conseguiu mentir para mim? — Margarida segue para a cozinha, enquanto fazia a pergunta para a filha.
E Olívia sabia que nunca. Margarida sempre sabia se estava bem ou não.
— Eu sonhei de novo essa noite. Mas pelo que parece, algo deve ter acontecido, pois foi como se não tivesse dormido nada.
Ambas se sentam à mesa, servindo-se de café e pão com manteiga.
— O que sonhou dessa vez?
Foi então que Olívia contara todo o caso à Margarida e a mesma percebera que suas orações estavam surtindo efeito. Sempre pedia à Nossa Senhora que fizesse, de alguma forma, a reconciliação de Olívia e Eusébio acontecer.
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O Poder do Perdão - Pelo Espírito Amélia
EspiritualOlívia sempre carregou a dor do abandono. Quando era apenas uma criança, seu pai, Eusébio, deixou-a e sua mãe, Margarida, sem explicações. Anos de dificuldades e turbulências moldaram a vida de Olívia, que cresceu com um coração cheio de mágoa e rai...