Capítulo 15

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— Agora é só esperar! — disse Eusébio, adentrando a recepção.

— Logo, logo a carta dela também chega. E assim, tudo será resolvido!

— Se Deus quiser, dona Laura. Mas vou lá para cima.

— Está bem, querido.

Eusébio sobe para o quarto. Ao adentrá-lo vai direto para a cama, deixando seu corpo cair estatelado no colchão. Estava exausto. Toda segunda-feira era essa correria no trabalho. E no dia seguinte teria que compensar o tempo, já que pedira ao patrão para sair mais cedo para conseguir mandar a carta à Margarida.

Não demorou muito para Eusébio pegar no sono.

O homem se encontrava no que parecia ser um campo extenso, totalmente verdejante com algumas flores dispostas.

Mas logo percebera que não era o único ali. Haviam outras pessoas que andavam, algumas ao lado de outras, como um casal, outras apenas com sua própria companhia.

Ele nunca tinha visto um lugar assim antes.

Percebendo então, Eusébio viu que estava com roupas bem diferentes. Uma camisa azul clara e uma calça bege lhe vestiam o corpo.

Uma sensação de pura felicidade e paz tomavam conta de seu eu, fazendo-o desejar nunca mais sair dali. Ele, então, pôs-se a andar pelo campo, acompanhando atentamente o que as outras pessoas faziam.

Algumas crianças brincavam, correndo de um lado para o outro. Eusébio pôde ver até mesmo um cachorro que corria atrás de três crianças, e as mesmas sorriam e riam, aproveitando cada momento.

Foi então que, sem se dar conta, um homem negro e de cabelos curtos se aproximou, cumprimentando lhe, como se o já conhecesse há muito tempo.

— Como está, meu querido amigo? — O homem lhe dirige a palavra, estendendo a mão para um aperto amigável.

Eusébio retribui o aceno, perguntando:

— Estou bem, obrigado. Desculpe, mas quem é o senhor?

— Não adiantaria muito lhe falar quem sou agora, pois depois vai esquecer mesmo, mas pode ter certeza que sou um amigo. Vamos andar, enquanto colocamos o assunto em dia?

Sem entender nada, Eusébio apenas assentiu e ambos começaram a andar pelo campo.

Era como se aquele mar de grama verde não acabasse nunca.

— Muitas coisas aconteceram desde a última vez que nos vimos, não é?

— Isso é. — Eusébio não se lembrava se o tinha visto a algum momento, mas apenas concordou.

— Fico feliz que tenha refletido e que resolveu mudar. E estaremos aqui para lhe ajudar. Mas veja bem, quero que entenda que não será fácil, mas também não será impossível.

Era como se Eusébio soubesse e não soubesse ao mesmo tempo o que o homem lhe falava.

— Qual seu nome? — Perguntou Eusébio.

— Laércio. — Respondeu o homem.

— Onde é que eu estou, afinal?

— Já esteve aqui muitas outras vezes, Eusébio. Mas depois de tudo o que aconteceu, não conseguiu ter mais acesso, pois andava vibrando numa sintonia muito baixa.

Eusébio se contentou com a resposta de Laércio, que lhe continuava a falar:

— Depois dos ocorridos, será difícil ter a confiança e o amor de Olívia novamente. Ela se endureceu muito. Mas ela já está sendo guiada para o caminho da reconciliação. Mas é uma questão sua reparar o erro que cometeu, demonstrando todo o amor que sente, mesmo que isso signifique receber pedras no lugar de flores.

No fundo, Eusébio sabia bem disso.

Machucara demais tanto Margarida, quanto Olívia, porém sua filha fora bem mais afetada.

— Eu sei disso. E quero fazer. Não há um dia que não sinta arrependimento pela decisão que tomei.

— Mas isso é passado. O que você precisa é olhar seu presente, planejá-lo, para que assim possa colher bons frutos no futuro. Tenha fé. Deus teve, e sempre tem, misericórdia daqueles que querem mudar para melhor, dando-lhes uma nova chance todos os dias. Basta fazermos nossa parte e aproveitar essa chance, meu amigo.

De tanto andarem, ambos haviam chegado a uma fonte, que dela saia uma água cristalina. Ao redor, alguns bancos estavam dispostos para acomodação. As pessoas também se agrupavam ao redor dessa fonte, conversando ou apenas aproveitando a linda passagem que lhes estavam sendo dados para apreciar.

— E não se preocupe, estaremos ao seu lado em auxílio. Porém, nunca deixe de ter fé, pois é ela que vai te sustentar.

Eusébio começara a sentir-se sugado por algo invisível e quando se deu conta, havia acordado.

Ele tinha a impressão de ter sonhado algo, mas não conseguia lembrar.

Mas mal sabia ele que tudo estaria gravado dentro de seu inconsciente, sempre pronto para se fazer presente quando necessário!


O Poder do Perdão - Pelo Espírito AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora