𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon

Capítulo 02: O herdeiro de Derivamarca

Haviam se passado três sóis e três luas. Finalmente, a embarcação com as velas com o símbolo das casas Velaryon e Targaryen estava aproximando-se da capital. Lançassolar podia ser avistada de longe. Embora perto, a distância ainda era considerável, o que levaria ainda um dia para chegar mais próximo. Lucerys estava no convés do navio, um dos muitos de sua família.

Luke sentia a brisa fria da noite bater contra seu rosto junto com os respingos da água das ondas. Ele se deu conta daquilo que Corlys sempre tentava lhe explicar; agora ele sabia qual era o seu lugar e qual era seu dever. Seu lugar sempre foi o mar, seu dever sempre foi herdar Derivamarca. Ele nasceu para isso.

Ele finalmente entendia as vontades de seu avô. Depois de passar uma temporada em Derivamarca, junto de seu avô Corlys e sua avó Rhaenys, Lucerys entendeu o verdadeiro sentido de ser um Velaryon, o verdadeiro significado de ser o herdeiro do trono de madeira.

"O antigo, o verdadeiro, o valente."

O período de estadia em Derivamarca foi agradável; pôde aproximar-se mais de Rhaenys e criar laços ainda mais fortes com seu avô. Porém, algumas noites depois, acontecimentos estranhos haviam ocorrido com Luke. Bem, o certo a se dizer é: com o corpo de Lucerys. O garoto notou seus cabelos caírem e alguns fios brancos nascerem em sua cabeça. Aquilo o assustou, nunca havia acontecido nada do gênero antes consigo.

Até chegou a pensar que seriam sinais de velhice precoce, mas pensou bem e aquilo soava idiota. Então, sem saber mais o que fazer, o jovem procurou a ajuda de sua avó.

Quando contou a Rhaenys, a mulher mal podia acreditar no que estava vendo e ouvindo. Ela verificou os cabelos de Lucerys por algum tempo. Por fim, ela deu seu veredito ao jovem. Primeiro, afirmou que aquilo era normal e que havia passado pelo mesmo quando jovem.

"Quando jovem, meus cabelos eram tão escuros quanto os seus, meu amado neto. O sangue Baratheon corre em suas veias, assim como corre nas minhas." Rhaenys acariciava os cabelos do neto.

A mulher explicou detalhadamente como ocorreria todo o processo da troca dos fios de cabelo. Seria um pouco demorado, mas ocorreria bem.

Um ano depois, quando finalmente voltava para Pedra do Dragão, para os braços de sua amada mãe e de seus irmãos, o jovem Velaryon havia esquecido da sua mudança capilar.

Quando Rhaenyra olhou para o seu doce menino e o viu, seu primeiro ato foi abraçá-lo e enchê-lo de beijos. Em seguida, ela ficou pasma com a nova cor dos cabelos do filho.

Cabelos tão prateados quanto os dela. Aquilo foi um choque não apenas para Rhaenyra, mas também para Daemon, Jacaerys e Joffrey.

Então, Rhaenys tratou de explicar a Rhaenyra os acontecimentos recentes sobre Lucerys e seus cabelos agora platinados. Após longas horas de conversa com Rhaenyra e Daemon, Rhaenys finalmente conseguiu explicar o ocorrido e fazer a princesa de Pedra do Dragão enviar um corvo até a capital, informando detalhe por detalhe sobre Lucerys, para que nenhum novo boato fosse criado sobre seu neto.

Durante os últimos três anos, todos os sete reinos já haviam se acostumado com o fenômeno; afinal, aquela não era a primeira vez. Mas aquilo fez Alicent e seus filhos morderem a língua, juntamente com Vaemond Velaryon, que sempre fez questão de expor sua indiferença em relação aos filhos de Rhaenyra e Laenor.

As mudanças dos fios de cabelo de Lucerys começaram a acontecer quando ele tinha entre doze e treze anos. Atualmente, o Velaryon tem dezesseis anos, e seus fios prateados estavam cada dia mais bonitos, mas Lucerys insistia em deixá-los do mesmo tamanho; então, sempre que estavam grandes demais, ele pedia que cortassem o excesso.

Luke suspira e sente uma mão em seus ombros. Ele segura a mão e vira-se, olhando para sua mãe com um sorriso singelo.

— Você deveria descansar, meu filho. — Rhaenyra levou as mãos ao rosto do filho e deixou um beijo em sua testa.

— Eu estou bem, mãe, mas logo irei me deitar um pouco. — disse, tranquilizando-a.

— Tudo bem, mas por enquanto ficarei aqui lhe fazendo companhia. — entrelaçou seu braço no do filho, e caminharam para observar as ondas.

— Mãe — chamou.

Rhaenyra logo olhou para o filho.

— Sim? — apoiou-se em Lucerys.

— Como acha que ela é? — olhou nos olhos de sua mãe esperando uma resposta.

— Só os deuses sabem, meu filho, mas espero que ela seja alguém boa, pelo menos para você, meu doce menino. — acariciou o braço do filho e deu-lhe um sorriso singelo.

Rhaenyra amava seus filhos acima de tudo, e isso não era segredo para ninguém. Ela faria tudo por seus amados filhos, para vê-los bem e felizes, para vê-los seguros. Ela desceria até o sétimo inferno se fosse preciso. Amar os filhos era uma das suas mais notáveis qualidades. Rhaenyra é para seus filhos tudo aquilo que Alicent não conseguiu ser para os seus.

— Já está tarde, meu amor, precisa descansar. — soltou o braço de Lucerys.

Lucerys abaixou um pouco a cabeça; ele havia crescido nos últimos anos. Rhaenyra segurou o rosto do filho e deixou um beijo em sua testa, logo afagando os cabelos prateados de Luke.

— Boa noite, meu doce menino. — retirou as mãos dos cabelos do filho e se afastou.

— Boa noite, mãe. — Luke retribuiu o carinho de sua mãe com um sorriso.

Rhaenyra caminhou de volta para a sua cabine. Lucerys demorou um pouco mais antes de se retirar para dormir; ele olhou para as estrelas. Estava um pouco evidente a sua preocupação, ou devo dizer, nervosismo. Pois amanhã eles finalmente chegariam ao destino, Lançassolar.

Não queria admitir, mas estava mais nervoso do que nunca. Finalmente conheceria sua noiva e mal sabia como agir diante dela; aquilo o deixava com os nervos à flor da pele. Não sabia como agir; aquilo estava sendo mais difícil do que imaginava. Comparado com aquilo, pular no mar cheio de tubarões parecia mais convidativo.

Luke espantou todos os seus pensamentos naquele momento; afinal, a melhor coisa seria descansar, tanto para o corpo quanto para seus pensamentos. O jovem príncipe deixou o convés e caminhou em direção às cabines.

Entrou em sua cabine, retirou suas botas e preparou-se para deitar. Pois amanhã seria um longo dia.

Lucerys rapidamente pegou no sono. Talvez nem ele mesmo sabia que estava tão cansado assim. Mas o melhor a fazer era descansar.

Amanhã será um longo dia.