𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon

Capítulo 36: Despedidas

O sol da tarde tingia o horizonte de laranja e vermelho, enquanto a princesa Rhaenys caminhava pelos corredores de pedra de Pedra do Dragão. A textura fria das paredes contrastava com o calor no seu peito, um misto de apreensão e amor. Antes de partir para a batalha, sabia que precisava falar com seus netos. Solicitara a presença dos quatro. Algo em seu íntimo apertava com força, como se soubesse que o destino que lhe aguardava era incerto. Talvez voltasse vitoriosa, talvez não retornasse.

Ao entrar no salão, seus olhos se fixaram nos rostos dos amados netos. Jacaerys, Lucerys, Baela e Rhaena estavam ali, esperando por ela. Mas a ausência de Joffrey fez seu coração doer. Seu pequeno príncipe dos sussurros. A saudade pesava.

Rhaenys sorriu, um sorriso frágil, carregado de sentimentos profundos, inomináveis, que nenhuma língua poderia descrever plenamente.

— Meus adorados netos. — Sua voz era suave, mas carregada de emoção.

Ela estendeu a mão e tocou os cachos de Baela, passando os dedos com carinho por seu cabelo. Fez o mesmo com as tranças de Rhaena, sentindo a maciez dos fios. Jacaerys aproximou-se, e Rhaenys segurou suas mãos, deixando um beijo leve em sua testa, enquanto acariciava seus cachos castanhos. Lucerys, por sua vez, recebeu um abraço apertado, e suas bochechas ganharam o toque suave dos dedos da avó. Os cachos platinados e os olhos púrpura de Luke sempre a faziam lembrar de Rhaenyra.

Por fim, Rhaenys olhou para o espaço vazio ao lado de Lucerys, onde Joffrey costumava ficar quando todos estavam reunidos. Seu querido neto, que lembrava tanto Laenor — o nariz, os olhos, o sorriso. Ele era pura alegria em sua forma mais inocente. A saudade apertava ainda mais seu coração.

— Partirei para Pouso das Gralhas. Sei bem da batalha que me espera, e suspeito que possa ser uma armadilha para enfraquecer Rhaenyra. Por isso, se eu não retornar, peço que cuidem da mãe de vocês. Rhaenyra aparenta força perante todos, mas apenas uma mãe pode enxergar o sofrimento de outra. Fiquem ao lado dela. O conselho é leal à causa de Rhaenyra, mas ainda é composto, em sua maioria, por homens. Vocês entendem o que quero dizer?

— Sim, vovó. — responderam em uníssono.

— Isso é um adeus, vovó? — perguntou Rhaena, sua voz trêmula. As mãos apertavam com força as saias de seu vestido vermelho.

Rhaenys respirou fundo.

— Não sei, querida. Mas de uma coisa tenho certeza: amo vocês mais do que tudo. Amo minha família, e lutarei por todos nós.

— Estaremos aqui quando a senhora voltar. — Baela disse, firme, mas com o olhar úmido, enquanto sentia o carinho tranquilizador de Jacaerys em sua mão.

— Quando tudo isso acabar, a senhora vai me ajudar a preparar Baela para nosso casamento, não é? — Jacaerys sorriu, e o meio sorriso em seus lábios aqueceu o coração da avó.

— Seria uma honra, Jace. — respondeu Rhaenys, seu olhar então voltando-se para Lucerys. Aproximou-se dele e tomou suas mãos entre as suas. — Você será um grande homem, Luke. Proteja sua noiva e seu filho.

— Claro, vovó. Farei de tudo. — Ele respondeu, com um sorriso tímido.

Rhaenys sorriu em meio às lágrimas que já deslizavam por seu rosto. Em seguida, seus netos a envolveram em um abraço apertado e coletivo, e ela se permitiu perder-se naquele calor por um instante. Eles eram o futuro, a força da Casa do Dragão. E ela lutaria por eles, lutaria pela justiça de Rhaenyra.

Depois da despedida calorosa, Rhaenys respirou fundo, recompondo-se. Agora, era hora de encontrar a rainha.

Rhaenyra estava sentada em uma cadeira de madeira esculpida, o semblante sério, mas com traços de cansaço que a guerra e a perda de tantos entes queridos haviam deixado. No chão, Aegon e Viserys brincavam, suas risadas infantis enchendo o ar, trazendo um raro momento de leveza para a sala. Ao lado, o berço de Visenya balançava suavemente, com a pequena princesa ainda dormindo, alheia aos desafios que se aproximavam.