Capítulo 33: Marcha para guerra

538 59 72
                                    

Rhaenyra sobrevoava majestosamente a baía, sua confiante montaria Syrax agitada, mas obediente aos comandos da Targaryen. As estratégias há muito planejadas estavam agora em pleno vigor, com o sólido apoio de Lorde Corlys Velaryon no cerco iminente. Determinada, Rhaenyra estava prestes a selar todas as entradas para Porto Real, estrangulando completamente qualquer suprimento para aquele covil de traições.

Seus filhos, seu tesouro mais precioso, permaneceriam a salvo, pois ela não permitiria que arriscassem suas vidas em campos de batalha. Ao seu lado estavam cavaleiros de dragões de renome, incluindo ela mesma, Daemon e Rhaenys. O destino aguardava, e a Rainha dragão estava preparada para reivindicar sua posição com fogo, sangue e estratégia.

Rhaenyra manteve seu semblante inquebrável e sério, apesar da névoa da perda que obscurecia seus pensamentos. A dor da perda de Joffrey ainda atormentava suas noites de sono. Voando baixo com Syrax, as asas do dragão cortavam as águas, até que a inquietação de Syrax chamou sua atenção.

Seus olhos seguiram o olhar firme de Syrax e ela avistou Dreamfyre. Uma armadilha cruzou sua mente, mas Rhaenyra descartou a ideia, sabendo que não seriam tolos o suficiente para enviar Helaena, uma cavaleira sem experiência em batalha ou voo. Ela, desde os sete anos, voava nas costas de Syrax, portanto era mais experiente.

Rhaenyra passou a treinar incansavelmente com a espada; Daemon sempre demonstrou interesse em ajudar a esposa com seus desejos, afinal ela era a herdeira, e um dia viria a se tornar rainha, e Rhaenyra não seria uma rainha fraca.

A rainha dragão lançou um último olhar antes de ordenar que sua dragão Syrax fizesse meia volta. Com um toque suave de suas asas na água escura do mar, Syrax sobrevoou de volta em direção à Fortaleza de Pedra do Dragão. Syrax planou por cima da ponte da Fortaleza; Rhaenyra olhou para baixo, avistando uma cabeça com cabelos platinados.

Rhaenyra segurou firmemente as rédeas de Syrax, guiando o dragão em um arco gracioso sobre a ponte rochosa. Com uma descida suave, Syrax pousou na superfície da ponte. A Rainha Rhaenyra desmontou, sua presença dominante enquanto caminhava em direção ao seu marido, a quem ela avistou enquanto voava nas costas de seu dragão. Aproximando-se, ela fixou-o com um olhar penetrante antes de falar.

— Helaena está aqui — declarou ela.

As sobrancelhas de Daemon franziram-se com a notícia que acabara de receber.

— Dreamfyre está se aproximando — ele murmurou.

— Syrax a sentiu antes de mim, o que me levou a voltar. Considerei que poderia ser uma armadilha, mas duvido que eles fossem tão descuidados a ponto de mandá-la.

— Eu cuidarei disso, minha rainha. Permaneça vigilante — respondeu Daemon com a gravidade do momento.

A atenção deles então mudou quando Dreamfyre circulou vindo da praia, carregando Helaena e seus filhos nas costas. A visão de Helaena com seus filhos deixou Rhaenyra contemplativa e Daemon intrigado, com sua guarda alta pronto para matá-la caso fosse necessário.

Jacaerys estava vestido em tons cinzentos, agasalhado contra o frio. Na muralha, ao lado de Cregan Stark de Winterfell, ele fortalecia a aliança. Dias na casa do lorde nortenho aproximavam os dois, e Jacaerys gradualmente ganhava sua confiança, persuadindo-o a apoiar a causa de sua mãe. Cregan fora um homem íntegro e bastante sincero consigo, nunca negando que estava cada dia mais envolvido pelo príncipe herdeiro.

O lorde de Winterfell e o príncipe herdeiro conversavam animadamente no alto da muralha quando o meistre da muralha aproximou-se trazendo consigo uma mensagem em mãos com o símbolo Targaryen. Esta mensagem foi entregue a Jacaerys, que quebrou o selo disposto a ler o conteúdo; aquela era a letra de sua mãe, ah, como ele estava com saudades dela.

A cada palavra que lia, a feição contente de Jacaerys caía por terra; a brisa fria da muralha batia contra seu rosto, causando-lhe arrepios, mas naquele momento isso já não importava, o vento gelado da muralha era insignificante comparado à dor que invadiu Jacaerys. Jace travou sua face, sua respiração pesou e a dor tomou conta de si, lágrimas formaram-se no canto de seus olhos. Cregan, que não entendia nada, sua expressão demonstrava isso, mas sabia que o conteúdo da carta havia deixado seu príncipe abatido e aquilo mexeu consigo, o deixando preocupado com o herdeiro do trono. Não foi preciso perguntar nada, pois Jacaerys deixou escapar por seus lábios frios uma voz fraca e tomada pela dor.

— Joffrey está morto...

Após receber a carta de Rhaenyra, Alisandre encontrava-se sob vigilância constante. A notícia da morte de Joffrey havia trazido sérios problemas para a jovem princesa, colocando em risco sua gravidez até então tranquila. O choque da notícia provocou contrações intensas e alguns sangramentos, prontamente tratados pelos meistres de Lançassolar. A febre tomou conta do corpo de Alisandre, deixando-a debilitada, enquanto Qoren, seu pai, mantinha-se preocupado com a saúde da filha e do futuro neto.

Enquanto Qoren concentrava suas preocupações na filha, o irmão de sua falecida esposa assumia a responsabilidade pela segurança de Dorne. A aliança de Dorne com Rhaenyra havia sido declarada, e embora Qoren pensasse em se manter à margem, Alisandre persistia em seu apoio à causa. Enquanto a herdeira de Lançassolar permanecia enferma, Andromeda, sua prima, cuidava dela com dedicação.

— Você é forte, prima. Não permita que uma febre a derrote. Lute por você e por seu filho. — Andromeda sussurrou enquanto enxugava o suor da testa de Alisandre.

Totalmente tomada pela febre, Alisandre murmurava em seus delírios, chamando por Lucerys.

— Lucerys.. eu preciso de você...

Andromeda limpou o suor de sua prima e acariciou suas mãos para lhe trazer pelo menos um pouco de conforto. A loira de cabelos cacheados tinha um carinho especial por sua prima, visto que ela fora como uma irmã mais velha para si.

Em Pedra do Dragão, Helaena caminhava segurando Jaehaerys e Jaehaera pelas mãos, e o pequeno Maelor em seus braços agarrado a ela. Helaena sabia exatamente o que estava fazendo e o risco que estava correndo, mas ela não poderia deixar que seus filhos fossem brutalmente mortos em Porto Real.

— Irmã. — Rhaenyra foi a primeira a falar assim que Helaena chegou a uma distância considerável de si e de Daemon.

— Majestade. — Helaena curvou-se diante de Rhaenyra, ajudando seus filhos a fazer o mesmo. Tal atitude despertou a curiosidade de Daemon.

— O que está fazendo, garota?

— Eu vim aqui em paz, vocês podem até me manter como prisioneira, mas peço que mantenham meus filhos sob sua proteção e segurança. Eles são apenas crianças inocentes e não têm nada a ver com esta guerra.

— Meu filho também era só um menino, uma criança enviada como mensageiro que foi morto brutalmente por seu irmão.

— Minha irmã, eu só lhe peço que me escute e que pelo menos me dê uma oportunidade para lhe provar minha lealdade. Eu imploro, jamais faria algo que colocasse a vida de meus filhos em risco, a menos que isso fosse o certo a se fazer, e aqui estou. Eu imploro, escute uma súplica de uma mãe para uma mãe.

Dameon retirou a Irmã Sombria de seu coldre, mas Rhaenyra interveio.

— Você tem apenas uma chance, caso contrário, mandarei cortar sua cabeça e mandá-la de presente para o seu marido traidor e à vagabunda da sua mãe, uma traidora da coroa. Helaena concordou, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa, Sor Harrold Westerling chegou até a ponte pedregosa.

— Majestade, o Conselho necessita de sua presença. Os Verdes estão atacando; um exército liderado Criston Cole está marchando para Pouso das Gralhas.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora