Joffrey despertou lentamente, como se emergisse de um profundo abismo, sua mente ainda nublada pelos eventos que o levaram àquele estado de letargia. Seus olhos se abriram, e ele piscou algumas vezes para se acostumar com a luz suave do quarto. Mantos quentes o envolviam, e o crepitar do fogo próximo lhe proporcionava uma sensação reconfortante.
O príncipe tentou se lembrar de como tinha chegado ali, mas suas memórias pareciam vagas e desconexas. Lembrava-se de estar em Ponta Tempestade, de discutir com seu tio Daeron e de se sentir extremamente exausto, mas os detalhes escapavam de sua mente confusa.
Enquanto tentava se situar, seus olhos se depararam com a figura de um jovem que adentrava o quarto. Aquele rapaz tinha uma aparência singular; seus cabelos platinados contrastavam com a pele negra, e seus olhos violetas eram de uma intensidade surpreendente. Uma aura intrigante emanava dele.
— Quem é você? Onde estou? — questionou Joffrey, sua voz ainda fraca e trêmula.
O jovem estranho sorriu suavemente, aproximando-se da cama onde Joffrey estava deitado.
— Meu nome é Addam, e você está na minha casa, sob meus cuidados.
—— Sua casa? — repetiu Joffrey, confuso. Addam assentiu compreensivamente.
— Sim, minha casa. Você sofreu ferimentos graves durante os acontecimentos recentes, parece que você teve uma batalha não vencida.
A memória começava a voltar, e Joffrey recordou-se da batalha que travara, da traição que sofrera e da sensação de que estava prestes a encontrar seu fim. Contudo, algumas lacunas permaneciam.
— Malditos... — murmurou Joffrey, cerrando o punho de forma impotente. — Maldito Hightower, e maldito Borros.
Addam meneou a cabeça em concordância.
— Há muitos que almejam o poder, e nem sempre são aqueles que estão ao seu lado que merecem sua confiança. Lamento profundamente pelo que aconteceu.
O príncipe suspirou, sentindo uma mistura de frustração e dor. No entanto, seus olhos foram atraídos novamente pela figura incomum de Addam.
— Você... você é diferente. Quem são seus pais? — perguntou Joffrey, curioso.
— Bem, a origem dos meus pais não importa agora. O que importa é sua saúde e o que irá acontecer daqui para frente.
— O que acontecerá agora? — indagou Joffrey, olhando ao redor do quarto com um ar de incerteza. Addam pareceu refletir por um momento antes de responder.
— Agora, você deve descansar e recuperar suas forças. A jornada que está à sua frente não será fácil. Mas, quando estiver pronto, talvez seja o momento de repensar suas alianças e buscar aliados verdadeiros.
Joffrey assentiu, ponderando sobre as palavras de Addam. Mas algo ainda o incomodava bastante; seu corpo estava dolorido e sua mente coberta por uma névoa de esquecimento.
— Meu dragão, onde está Tyraxes?
Addam sentiu o ar gélido, sua boca secou por um breve instante. Ele deveria escolher bem suas palavras para dar a trágica notícia ao príncipe Velaryon.
— Meu príncipe, eu sinto muito, mas apenas as asas do seu dragão foram encontradas. Sinto muito, mas ele está... morto.
E assim, o príncipe Joffrey permaneceu estático. Seu peito parou de subir e descer conforme sua respiração. Joffrey ficou estático, uma dor descomunal invadiu seu peito e tomou conta de seus sentidos; a visão do príncipe ficou turva e embaçada, lágrimas salgadas escorriam de seu rosto. Aquilo não poderia estar acontecendo, seu dragão não poderia estar morto, não, aquilo era um engano, um terrível engano.
— Tyraxes... — estas foram as últimas palavras de Joffrey antes de apagar novamente.
Addam correu até ele e o segurou em seus braços, apoiando sua cabeça em seu braço e batendo a palma de sua mão contra o rosto de Joffrey.
— Alteza, acorde. Acorde, sobrinho.
Em Pedra do Dragão, Rhaenyra se reunia com seu conselho. Mesmo devastada pela perda de seu filho, ela deveria tomar as rédeas de toda a situação e trazer justiça por seu valente Joffrey. Lucerys e Rhaena estavam ainda mais afetados pela perda. Daemon havia saído para voar em Caraxes em busca de achar os restos mortais de Joffrey.
Rhaenys e Corlys permaneciam na sede de Pedra do Dragão após o funeral de Joffrey. Rhaenys ainda estava dolorida pela perda de seu querido neto, e Lorde Corlys estava na mesma situação de sua esposa, mas sempre se mantinha por perto para consolá-la. Enquanto toda a desgraça caía sobre os ombros da família de Rhaenyra, Daemon na mesma noite da cerimônia fúnebre de Joffrey, escreveu uma carta para o Verme Branco, Mysaria, seu ex-amante e os olhos que tudo veem em Porto Real.
Daemon foi em busca dos restos mortais de Joffrey, enquanto esperava que uma resposta de Mysaria chegasse à Fortaleza Rochosa.
A carta informando sobre o falecimento de Joffrey havia chegado ao Ninho da Águia no Vale de Arryn. A Senhora Jayne Arryn prestou suas condolências através de uma resposta e lamentou; logo após, mandaram erguer o estandarte com o dragão de três cabeças vermelho sobre fundo negro. Jacaerys havia cumprido sua missão de trazer o Vale para o lado de sua mãe, e agora teriam que aguardar a resposta de Winterfell.
Jacaerys deixou o Vale antes da carta ser entregue pessoalmente à Senhora Jayne Arryn.
A carta enviada a Winterfell chegaria em breve, e a que fora enviada a Dorne ainda demoraria a chegar. Alisandre já estava em seu segundo mês de gravidez; sua barriga já estava um pouco inchada. Todas as manhãs ela acordava um pouco enjoada e angustiada; segundo a princesa, tinha algo errado.
Qoren, a fim de tranquilizar a filha, mandou chamar sua sobrinha, Andromeda Dayne, prima de Alisandre e sua melhor amiga. Andromeda tinha cachos loiros e olhos violetas, assim como seu pai, irmão da falecida esposa de Qoren, Clarisse. Clarisse fora irmã de Dievol Dayne, ambos irmãos, sendo Dievol o mais velho, com três anos de diferença.
Andromeda é a única filha de Dievol, uma garota astuta, inteligente e de palavras afiadas, com uma beleza inegável. Andromeda tinha a mesma idade que Joffrey Velaryon.
Quatorze anos.
Helaena parou durante a noite em um lugar seguro para descansar; seus filhos estavam reclamando. Ela parou para que eles dormissem e os alimentou com um pouco de comida que havia guardado para fugir. Agora, ela continuava sua jornada para Pedra do Dragão. Helaena Targaryen evitou o destino trágico de seus filhos, pois dois homens foram avistados rondando e observando a Fortaleza Vermelha de longe.
Rhaena Targaryen estava em seu quarto, trancada por ela mesma. Sobre a mesa entalhada de madeira, rolava um mapa que ela mesma desenhara com sua pena e tinteiro. Neste mapa, estavam todas as passagens mais frágeis da Fortaleza de Maegor e um plano traçado. Os olhos de Rhaena ainda possuíam o olhar, o olhar de um Targaryen em fúria.
Rhaena sempre fora uma pessoa tranquila, a criança menos agitada de Laena e Daemon, mas agora... Agora as coisas mudaram e o despertar de Rhaena finalmente aconteceu. Agora ela provará que também carrega o sangue de Daemon Targaryen em suas veias.
O despertar de Rhaena trará fogo e sangue aos verdes.
— Trarei a desgraça até eles, transformarei a torre dos Hightower em cinzas, assim como o Conquistador fez em Harrenhal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon
FanfictionA aliança entre duas grandes casas é construída por uma união conjugal. Uma aliança feita em prol dos interesses políticos. A casa Targaryen de Westeros: Os grandiosos senhores de dragões, que carregam consigo o legado e o sangue da velha valiria. A...