Capítulo 37: Cerco

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Rhaenys ajustava a armadura enquanto se preparava para a partida rumo a Pouso das Gralhas. O céu estava cinzento, carregado com a ameaça de tempestades, mas seu semblante mantinha uma calma resoluta. O vento no Fosso dos Dragões assobiava entre as pedras antigas, ecoando a tensão que pairava no ar.

Rhaenyra estava ao lado dela, os olhos fixos em cada movimento da princesa de Meleeys. Era uma despedida silenciosa, mas cheia de significados não ditos. Finalmente, Rhaenys quebrou o silêncio, seu olhar suavizando ao encarar Rhaenyra.

— Dê um beijo nas crianças por mim. — O sorriso que ela oferecia era afetuoso, mas os olhos refletiam o peso do que estava por vir.

Rhaenyra assentiu, a voz embargada, porém firme.

— Eu darei. — Ela hesitou por um momento, as palavras seguintes carregadas de preocupação. — Vá e volte, por favor.

Rhaenys olhou para o horizonte por um breve instante antes de responder, como se já soubesse que o caminho à frente não seria fácil. Quando seus olhos encontraram os de Rhaenyra novamente, havia uma determinação tranquila em sua voz.

— Farei o possível, vossa graça.

Com essas palavras, ela virou-se, montando em sua majestosa rainha vermelha, Meleys, cujas escamas vermelhas brilhavam sob a luz pálida do dia. O bater das asas de Meleys ressoou como trovões enquanto elas alçavam voo, deixando Rhaenyra para trás, com o coração apertado e o olhar fixo no céu que logo engoliu Rhaenys.

No coração da Fortaleza Vermelha, o pequeno conselho dos Verdes se reunia em uma atmosfera de tensão. A luz das velas tremulava nas paredes de pedra da sala, lançando sombras sobre os rostos dos presentes. Alicent Hightower, com o semblante sério e focado, trocava palavras afiadas com Larys Strong, enquanto o rei Aegon II permanecia alheio a tudo, afundado em seu assento, os olhos semicerrados em desdém.

— Não podemos nos dar ao luxo de subestimar Rhaenyra — disse Alicent, com um olhar duro para o filho. — Ela ainda tem dragões, e os poucos aliados que restam a ela são fiéis. Cada decisão nossa deve ser precisa.

— Minha rainha está certa — murmurou Larys, o sempre astuto Senhor dos Sussurros. — Rhaenyra não é tola, e seu círculo é devoto. O cerco deve ser perfeito, sem falhas.

Aegon, entediado, revirou os olhos. Ele ignorava os avisos e as estratégias de sua mãe e de Larys, como se o conflito pelo trono fosse uma mera distração de seus prazeres reais. Para ele, ser rei significava poder absoluto, e as intrigas e preparações lhe causavam mais irritação do que preocupação real.

— Falem o quanto quiserem, eu sou o rei, e é minha vontade que vai prevalecer. — Sua voz tinha um tom preguiçoso, mas carregada de arrogância.

Alicent o olhou com desespero silencioso, sabendo que Aegon, com seu desprezo pela política e estratégia, estava se colocando em risco, assim como todo o reino.

— Aemond já partiu para preparar a emboscada. — Alicent comentou, com um toque de apreensão na voz. — Ele sabe o que precisa ser feito.

Larys sorriu de maneira insidiosa, como se estivesse sempre três passos à frente dos demais.

— Aemond é nosso melhor trunfo. Um dragão e uma mente afiada. Ele fará o que for necessário para assegurar nossa posição. Quanto a Rhaenyra... ela cairá em nossa armadilha.

O clima na sala era de expectativa tensa. Alicent estava visivelmente exausta, dividida entre o peso da guerra e a frustração com o comportamento indiferente de Aegon. O rei, por sua vez, parecia mais interessado no vinho em sua taça do que nas palavras trocadas ao seu redor.

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⏰ Última atualização: Sep 26 ⏰

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