O vento soprava, as ondas do mar estavam agitadas, as velas foram içadas pelos tripulantes que cuidavam do navio. Lucerys estava ao lado da mãe, ambos já dentro do navio, enquanto a princesa Martell se despedia de seu pai.
— Meu pequeno sol. — arrumou a mecha atrás da orelha da filha. — Cuide-se, não abaixe sua cabeça, minha filha. Não deixe que ninguém pise em você ou a menospreze, você é uma Martell.
— Insubmissos, imbatíveis, inquebráveis. — ditou o lema de sua casa com um sorriso nos lábios.
— Isso mesmo, minha garota. Não importa as circunstâncias; seja insubmissa, imbatível e inquebrável. Seja Alisandre Martell, princesa de Dorne e herdeira de Lançassolar. — acariciou os cabelos da filha e deixou um beijo na testa da garota.
— Até logo, papai.
— Até, meu sol.
Qoren abraçou a filha, segurou seu rosto entre as mãos e limpou suas lágrimas. Ele a olhou firme, e logo ela retomou sua postura impenetrável de antes.
Após a despedida, ela entrou no bote e foi até o navio de Lucerys. Ao chegar, subiu as escadas de madeira do barco; o jovem Velaryon a ajudou segurando sua mão para que pudesse pisar firme dentro do navio. A âncora foi puxada de volta, e as velas que faltavam foram içadas junto às que já haviam sido anteriormente. Agora, as bandeiras da casa Velaryon enfeitavam o navio de sua própria casa.
Joffrey se aproximou de Alisandre, dando-lhe um sorriso extrovertido; a jovem Martell retribuiu o ato do pequeno Velaryon.
— Alisa?
— Sim, Joff?
— Quando você se casar com Luke, você irá morar conosco em Derivamarca? — uma pergunta simples, mas que deixou Alisandre sem resposta, pelo menos naquele momento.
Sem querer dar uma resposta, a garota tentou enrolar o pequeno Joffrey da maneira que conseguiu, respondendo sua pergunta com outra pergunta.
— Por que a pergunta, Joff? — sorriu sem graça.
— Porque eu gosto da sua companhia e gostaria que você se mudasse para Derivamarca, assim como Rhaena irá fazer quando eu tiver idade suficiente para pedi-la em casamento.
Alisandre engasgou com o ar naquele breve momento, em seguida soltou um risinho pela última fala do jovem Joffrey.
— Você pretende se casar com Rhaena? — olhou para os olhos púrpura vibrantes do pequeno Velaryon. — Sabe que ela é mais velha do que você, não sabe?
— E você sabe que papai é mais velho que a mamãe, não sabe?
— Garoto esperto. — ela sorriu para Joffrey, que correspondeu com o mesmo gesto.
Joffrey tem seus recém completados quatorze anos; o jovem príncipe é um garoto gentil, meigo e educado assim como seus irmãos mais velhos. Joffrey cresceu na companhia de seus irmãos e de suas primas, especialmente Rhaena, por quem tem um carinho especial.
Rhaena ainda não sabe, mas Joffrey pretende pedir sua mão em casamento quando ele completar seus dezessete dias de nome. Lucerys, que observava a interação de seu irmão mais novo com sua noiva, resolveu se aproximar de ambos.
— Joff, Rhaena está o procurando. — mentiu. — Acho melhor ir até ela.
— Estou indo, obrigado por avisar, Luke. — sorriu para o irmão, que retribuiu de bom grado. — Até logo, Alisa.
— Até, Joff. — acenou para o garoto.
Lucerys se aproximou de Alisandre, ficando lado a lado; ambos apoiaram suas mãos na madeira da embarcação.
— Mentiu pra ele, não foi? — Alisandre foi a primeira a falar.
— Talvez... — suspirou, deixando sair um arzinho de riso.
— Você não presta. — sorriu para Luke.
— Eu não usaria essas palavras, mas tudo bem. — olhou de relance para ela. — Você vai gostar de Pedra do Dragão.
A Martell arqueou as sobrancelhas no mesmo instante que ouviu aquelas palavras. Como Lucerys poderia ter tanta certeza? Ela poderia muito bem detestar o lugar, o clima ou até mesmo o castelo. Uma vontade imensa de respondê-lo veio à sua mente, mas ela escolheu ficar calada perante aquela afirmação.
O clima estava bom, além do mais, ela não estava disposta no momento para começar uma discussão com Lucerys. Talvez em outra hora e em outras situações, mas não naquele momento.
[...]
A noite banhava os céus com o seu breu, sendo iluminada pela lua, uma bela lua. O vento frio soprava em direção às velas, as águas do mar batiam no casco do navio, o sopro era ouvido por aqueles que estavam fora das cabines.
Alisandre sentia a brisa do vento em seus cabelos, enquanto tomava uma taça de vinho, admirando a lua. Ela ditava palavras em sua mente, mas foi interrompida por Rhaenyra e Daemon, que estavam fora de suas cabines para tomar um pouco de ar fresco.
— Princesa. — Rhaenyra chamou.
Daemon acompanhou a esposa até a garota Martell.
— Sem formalidades, Rhaenyra. Estamos em família, não é mesmo?
— Claro. — sorriu satisfeita.
— Toma gosto por bebidas? — Daemon perguntou, observando a taça nas mãos da jovem.
— Apenas por vinho. Tomo só nas noites mais frias, como esta. — bebeu o restante do vinho que estava na taça.
— O vinho dornês, o melhor vinho dos Sete Reinos. Também tenho um grande apreço pelos vinhos de Dorne.
— As laranjas de Dorne também são deliciosas, minha esposa. — brincou Daemon, fazendo-a lembrar de um relato antigo.
Alisandre, mesmo sem entender, riu da piada interna entre o casal.
— Quando me casar com Lucerys, o que não irá faltar no seu estoque são barris de vinho.
— Obrigada, Alisandre.
— Não precisa agradecer. — sorriu para Rhaenyra, logo depois olhou para Daemon. — Você também irá receber um estoque considerável de laranjas.
Foi a vez de Rhaenyra e Alisandre caírem na risada, enquanto Daemon mantinha uma careta no rosto.
— Quanto a Lucerys, vocês não precisam se preocupar; ele está em boas mãos. — conteve o sorriso.
— Obrigada, espero que sejam felizes juntos. — declarou Rhaenyra.
— Apenas tente controlar o ego dele, acho que passei tempo demais com ele. — o comentário de Daemon fez Alisandre rir genuinamente.
— Podem deixar comigo. Irei cuidar bem dele e também do seu ego. — deu ênfase na última palavra.
Alisandre pôs a mão sobre a boca; os primeiros sinais de sono estavam a atingindo. Talvez o vinho tenha ajudado nesse quesito. Piscou os olhos mais algumas vezes, segurou a taça com firmeza e se despediu de Rhaenyra e Daemon.
— Uma última coisa: saiba que enquanto os herdeiros de Dorne forem escolhidos por seus direitos de nascença, e não por seu sexo, você terá apoio em Porto Real, após reivindicar seu trono e tornar-se rainha. — virou-se para frente e voltou a andar. — Boa noite.
Alisandre caminhou de volta para sua cabine, deixando Rhaenyra e Daemon surpresos com sua fala.
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𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon
FanficA aliança entre duas grandes casas é construída por uma união conjugal. Uma aliança feita em prol dos interesses políticos. A casa Targaryen de Westeros: Os grandiosos senhores de dragões, que carregam consigo o legado e o sangue da velha valiria. A...