Capítulo 11: Consolo

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Alisandre estava se preparando para dormir quando, de repente, ouviu batidas em sua porta. Ela segurou o laço de seu traje de seda e foi até a porta. Esperando que batessem mais uma vez, a Martell ficou de prontidão em frente à porta. Então, ela escutou batidas novamente e, por um instante, hesitou em abrir, mas logo em seguida tomou coragem e abriu de uma vez.

Ao abrir a porta, a garota se deparou com um Targaryen à sua frente, segurando uma vela entre as mãos. Alisandre se afastou da porta para que o Targaryen entrasse em seus aposentos e logo em seguida fechou a porta rapidamente.

— Desculpe, não sabia que já estava prestes a deitar.

— Tudo bem, mas por que veio aqui tão tarde?

— Nada em especial, apenas queria conversar.

— Por mim tudo bem, pode falar, Rhaena. — Alisandre caminhou até a cama.

— Podemos caminhar? Aqui está quente, vamos dar um passeio pela praia.

— Tudo bem, vou me trocar. — Ela tirou o traje de seda do corpo.

Rhaena, que estava observando, ficou levemente vermelha. Contudo, Alisandre não percebeu porque estava escuro e ela mesma estava distraída. A Martell foi até seu baú e pegou um vestido mais coberto, pois a brisa daquela noite era extremamente fria, devido às marés.

Após terminar de vestir o vestido, Alisandre caminhou até a porta, e Rhaena sentiu alívio ao ver a garota ao seu lado completamente vestida. Alisandre percebeu a inquietação da garota, mas nada lhe disse, apenas a seguiu em direção à praia fora do castelo pedregoso de Pedra do Dragão.

Elas caminharam em silêncio, até que Rhaena resolveu quebrá-lo, iniciando um diálogo simples, falando sobre coisas do dia a dia. Ao chegarem fora do castelo, puderam ouvir o barulho das ondas batendo nas rochas, pequenos estrondos da água batendo nas enormes rochas e voltando novamente para o mar.

Era incrível como a força da água movia algumas pedras soltas na beirada da praia. Rhaena, por ser filha de Lady Laena, também tinha o sangue Velaryon correndo em suas veias. Talvez isso explicasse um pouco sua paixão pelo mar.

Rhaena ajudou Alisandre a descer até a costa da praia. Chegando perto das ondas, as duas se sentaram nas rochas achatadas perto da costa. O vento frio batia em seus rostos, e os respingos da água do mar eram levados a favor do vento, trazendo um ar salgado, com gotículas de água respingando em seus cabelos soltos.

Os cachos de Rhaena estavam soltos, e seus fios prateados voavam por conta do vento, dando-lhe um ar de beleza imensurável. Alisandre internamente amaldiçoava os Targaryens e Velaryons por serem tão lindos e atraentes.

— Então, o que você queria comigo? — Alisandre mantinha seus olhos vidrados nas ondas do mar.

— Nada, eu só não queria ficar sozinha esta noite. — Alisandre rapidamente olhou para a Targaryen. — Baela estava dormindo tão tranquila que não quis acordá-la. Sabe, Alisa... em noites como essa eu sinto falta da minha mãe.

Com a fala da Targaryen, Alisandre sentiu um pesar em seu corpo. Aquele sentimento era muito conhecido por ela. A Martell sentia o mesmo quando lembrava de sua amada mãe, que faleceu por conta de uma febre incessante. Alisandre se aproximou de Rhaena e a abraçou.

— Sei como se sente, Rhae... — sussurrou suavemente próximo ao seu ouvido.

A Targaryen apertou o abraço, deixando algumas lágrimas caírem. Alisandre não sabia exatamente quanto tempo levou até que a Targaryen se acalmasse. Tudo que pôde dizer com firmeza era que Rhaena era uma pessoa gentil que escondia suas dores por trás de seus sorrisos e gentilezas.

Alisandre sentiu um pouco de inveja, pois Rhaena era tão forte que não precisava construir uma barreira amarga ou durona para parecer forte. Mas esses sentimentos foram deixados de lado naquele momento, pois tudo que Alisandre queria fazer era consolar sua amiga.

— Eu estou aqui com você, Rhae, você pode sempre contar comigo. — Alisandre acariciou os cachos prateados da Targaryen.

— Obrigada, Alisa... — Rhaena deu-lhe um sorriso fraco, limpando suas lágrimas.

As duas jovens passaram um bom tempo naquele lugar, naquela posição. Até que Rhaena se sentiu bem e confortável para voltar ao castelo, então foi a vez de Alisandre ajudar Rhaena a voltar para o castelo.

Alisandre levou Rhaena até a porta de seu quarto, despediu-se dela e saiu para retornar aos seus próprios aposentos. Ao entrar, a jovem nem se importou em trocar suas roupas, apenas deitou-se e ficou pensando na conversa que teve com Rhaena Targaryen. Aquela conversa mexeu com ela, seu emocional estava exposto, e por sorte não havia ninguém presente para vê-la tão frágil quanto agora.

Ela puxou as cobertas de sua cama para si, cobrindo seu corpo e abraçando seu travesseiro de penas. Sentindo o calor das cobertas, Alisandre sentiu seus olhos cansados, quase prestes a fechar. Alisandre sorriu, mas aquele sorriso era diferente dos outros, era um sorriso inocente e singelo.

— Sinto sua falta, mamãe... — foram as últimas palavras de Alisandre antes de cair no sono.

Clarisse Dayne, falecida esposa do príncipe Qoren Martell de Dorne, e mãe da princesa Alisandre Martell, tinha cabelos loiros e olhos violetas. Qoren se casou com Clarisse logo após a guerra dos Degraus, em 115 d.C. A princesa Clarisse deu à luz sua filha, Alisandre Martell. Apesar de carregar o sobrenome da casa Martell, suas características pertenciam à casa Dayne.

Quando Alisandre tinha apenas sete anos, uma febre atingiu sua mãe. A princesa a viu dias e noites angustiada e com fortes dores de cabeça. Viu sua amada e bela mãe, sempre tão sorridente e alegre, agora deitada em um leito. Uma quinzena depois, a princesa Clarisse veio a falecer. Mas durante todos os seus dias acamada, o príncipe Qoren nunca saiu do lado de sua amada esposa. Naquela fatídica madrugada, Dorne perdeu sua princesa, Qoren perdeu sua esposa e mãe de sua filha, e Alisandre perdeu sua mãe, sua adorada e doce mãe.

Alisandre tinha a aparência de sua mãe, um consolo para Qoren, mas também uma angústia. Desde a morte de sua amada Clarisse, o príncipe Qoren não voltou a se casar. Alisandre era tudo que ele tinha de mais valioso, o fruto do amor que sentia por sua adorada Clarisse.

A sua menina, o sol de sua vida.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora