Alisandre já havia se acostumado com várias coisas durante seus dezessete anos de vida, mas uma das únicas coisas com que ela nunca se acostumaria era a ideia de casar-se com uma pessoa que ela sequer conhecia. Desde que veio ao mundo, a garota sempre foi lembrada de que era comprometida.
Uma das noivas mais jovens, a garota foi prometida a um príncipe assim que nasceu e sequer chegou a trocar cartas ao decorrer dos anos. Lucerys Velaryon era o nome do estranho que a tomaria como esposa.
Alisandre nunca saiu de Dorne e nunca se imaginou abandonando seu lar, sua casa e seu povo. Por isso, ela já havia pensado várias vezes em cancelar esse noivado de anos. Mas seu pai, príncipe Qoren, a fazia refletir diversas vezes sobre o assunto. A jovem sempre teve um bom relacionamento com o pai; ela o adorava, assim como ele amava seu "pequeno sol", como ele havia apelidado a filha.
A princesa dornesa era conhecida por sua ousadia e por seus experimentos com venenos letais e paralisantes. Além de ser ótima em manusear uma lança, Alisandre era orgulhosa de seus dons.
A jovem acabara de chegar de mais um de seus passeios noturnos, que aconteciam com frequência, nos quais ela saía para se divertir um pouco. Afinal, ela não era uma santa, mas ainda assim, era uma donzela, como diziam na capital.
Ao entrar em seus aposentos, é recebida pelo pai que a esperava, e pelo que parecia, ele estava ali há um bom tempo.
— Não sou famoso por gostar de esperar — sentou-se em uma das cadeiras acolchoadas do quarto da filha.
— Desculpe, pai, não pretendia me atrasar, talvez só um pouco... — brincou, dando-lhe um sorriso extrovertido.
— Não sou o melhor exemplo de conduta, mas vamos deixar isso para outra hora — cortou o assunto paralelo rapidamente. — Estou aqui para lhe trazer notícias.
Alisandre arqueou as sobrancelhas e pegou uma taça de vinho que estava sobre a mesa próxima à sua cama. O vinho de Dorne era o melhor dos sete reinos, todos sabiam disso, e a princesa era uma das grandes apreciadoras do vinho dornês.
— Que tipo de notícias? — questionou, em seguida saboreando o gosto do vinho.
— Seu noivo está vindo para cá — falou curto e frio.
Alisandre sentiu o vinho descer por sua garganta amargamente e apertou a taça que estava em sua mão, pois se bobeasse, a taça iria de encontro ao chão. A garota piscou algumas vezes até conseguir digerir as palavras de seu pai.
— Desculpe, pai, mas acho que não entendi direito — deixou a taça sobre a mesa e balançou a cabeça.
— Você entendeu muito bem. Lucerys Velaryon está vindo para Dorne, junto com a família.
Alisandre sentou-se em sua cama, encarou o pai, ficou calada por alguns segundos até conseguir formular uma frase para contestá-lo.
— Pensei que só os veríamos no dia do casamento, nunca pensei que eles nos visitariam. Que ironia, os deuses gostam de brincar conosco.
— Rhaenyra enviou uma carta, e nela dizia que Lucerys desejava conhecer melhor sua noiva — levantou-se da cadeira e caminhou até a filha.
Alisandre respirou fundo e repousou as mãos em suas pernas. Ela se abalou por alguns segundos, mas logo depois se recompôs. Se Lucerys desejava conhecê-la melhor, então ele iria. A garota deu um sorriso orgulhoso.
Qoren beijou o topo da testa da filha e deu-lhe um sorriso após ver a expressão que ela fazia.
— Meu pequeno sol, comporte-se com o jovem Velaryon. Ele não está acostumado com nossos costumes — disse Qoren, se distanciando da filha.
— Não se preocupe, pai. Ele não queria me conhecer melhor? — sorriu para o pai que andava até a porta, por onde saiu segundos depois. — Então ele irá conhecer.
Alisandre sorriu satisfeita e jogou-se na cama. Ela mal podia esperar pela chegada do seu querido noivinho. Com toda a certeza, ela iria finalmente abrir o jogo com Lucerys. Ela desejava saber da boca dele o que ele achava desse noivado, pois as ideias dela eram diferentes das dele. Em sua percepção, Alisandre nunca se acostumaria com a ideia de casar com alguém que estava prestes a conhecer.
Mas é como ela mesma dizia: os deuses gostam de brincar com suas pobres vidas; afinal, nunca saberemos o que esperar. Mas uma coisa é bastante clara: uma união entre duas grandes casas não passa de um acordo político selado com um casamento.
— Lucerys Velaryon... vamos ver se você é como eu imaginei — falou em voz alta para si mesma.
Casar-se com Lucerys era uma ideia com a qual ela nunca se acostumaria ou tomaria como algo normal, mas isso nunca a impediu de imaginar como o garoto era. Ouviu por boatos que o jovem tinha cabelos escuros e olhos castanhos, o que claramente não era um traço típico de um Targaryen ou um Velaryon. Mas a paternidade dele pouco lhe importava.
Entretanto, novos boatos circularam sobre a aparência do jovem príncipe Velaryon. Desta vez, ouvira dizer que a princesa Rhaenyra havia se envolvido com bruxas. Para assegurar o direito do filho, um ritual de sangue havia sido feito, e, por meio deste, Lucerys adquiriu cabelos platinados.
Alisandre chegou a imaginar Lucerys diversas vezes, até mesmo em seus sonhos, o que a deixava irritada, pois ela odiava pensar em um estranho que tomou sua liberdade. Mas alguns pensamentos sempre escapavam de seu controle. Mas ainda assim, jurou pelos deuses que odiava Lucerys Velaryon.
Em seus sonhos, por vezes o príncipe tinha cabelos escuros e, por vezes, cabelos platinados. Por outro lado, em seus pensamentos, ela o visualizava com cabelos belos acima dos ombros, com um temperamento irritante e esnobe. Um mimadinho de merda, como dizia às vezes quando se pegava pensando e imaginando o herdeiro de Derivamarca.
A jovem levantou-se soprando as poucas velas acesas no quarto. Alisandre sempre gostou de dormir no escuro, pois aquele ambiente trazia uma sensação de conforto e tranquilidade inimagináveis. Logo retirou suas vestes, optando por algo mais confortável, e deitou-se. Um dos muitos costumes de Alisandre. Ela sempre se despia na hora de dormir; a única coisa que cobria seu corpo era um tecido fino de seda, quase transparente, que, com a luz adequada, revelava tudo que se escondia debaixo daquela veste mais fina que a areia do deserto de Dorne.
— Então você está a caminho, Lucerys... isso será muito divertido — sorriu ladina, em seguida fechou os olhos e virou-se para o lado esquerdo da cama.
Que os deuses tenham piedade da alma de Lucerys Velaryon.
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𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon
FanfictionA aliança entre duas grandes casas é construída por uma união conjugal. Uma aliança feita em prol dos interesses políticos. A casa Targaryen de Westeros: Os grandiosos senhores de dragões, que carregam consigo o legado e o sangue da velha valiria. A...