Capítulo 22: Confissões e conspirações

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Rhaenyra Targaryen era uma mulher de beleza marcante, com cabelos prateados que caíam em ondas sobre seus ombros. Ela usava uma longa túnica negra, bordada com o emblema da Casa Targaryen em vermelho e dourado. Seu rosto era sério e determinado, com olhos violeta brilhantes que pareciam penetrar a alma de quem a olhasse.

Sentada no Trono de Ferro, Rhaenyra parecia majestosa e poderosa. Ela estava ereta, com as mãos apoiadas nos braços do trono. O Trono de Ferro, por sua vez, era uma construção imponente, com espadas afiadas e pontiagudas formando a base e o encosto do trono. O metal frio e cinza contrastava com a pele pálida e macia de Rhaenyra.

Ao redor dela, membros da corte de Porto Real estavam curvados, observando-a com respeito e admiração. À sua frente, as portas do salão do trono estavam abertas, revelando o esplendor do palácio Targaryen. Janelas altas permitiam que a luz do sol entrasse, iluminando o rosto de Rhaenyra com um brilho dourado.

Após os ritos da cerimônia perante o trono, Alisandre finalmente se aproximou de Rhaenyra. Ela lhe deu um belo sorriso. A platinada olhou para sua futura nora e percebeu seu semblante preocupado. Alisandre felicitou Rhaenyra pela bela cerimônia e a chamou para um canto. Rhaenyra ficou surpresa com a atitude da Martell, pois tal comportamento não era típico dela. Então, Alisandre pediu para conversar com Rhaenyra em um lugar reservado. A platinada levou Alisandre até o salão do pequeno conselho, pois era o único lugar vazio, sem sombra de dúvidas.

Rhaenyra olhou desconfiada e preocupada para a loira. Somente após um breve momento, Alisandre suspirou e, em seguida, começou suas confissões, contando tudo, sem deixar escapar nenhum mínimo detalhe.

Os convidados e membros da corte seguiam para o salão, onde um banquete os esperava, o que dava um pouco mais de tempo para Rhaenyra e Alisandre.

— Como isso aconteceu?

— Não quero ser rude, mas você sabe como isso acontece, Rhaenyra.

— Refiro-me à falta de cuidado de vocês. Onde está ele? — Rhaenyra, ainda abalada pela notícia, perguntou de seu filho Lucerys.

— Deve estar com Daemon, conversando sobre o mesmo assunto.

— Como irei contar isso ao seu pai? Como iremos esconder isso sem que os curiosos saibam?

— Acalme-se, Rhaenyra, tem um jeito.

— E qual seria? — Rhaenyra perguntou nervosa.

— Casamento. — Alisandre falou de forma simplista.

— Alisandre, estava nos planos casar Baela e Jacaerys primeiro, em seguida seria você e Lucerys. Se eu acelerar o casamento de vocês tão de repente, surgirão boatos.

— Deixem que falem. Quanto ao meu pai, eu me resolverei com ele pessoalmente. Mandarei preparar meus baús e voltarei o mais rápido possível para Dorne.

— Não tome qualquer decisão ainda, precisamos conversar com mais calma. Após as festividades, compareça aos meus aposentos junto com Luke, pois teremos uma conversa. Eu, você, Lucerys e Daemon.

— Tudo bem.

— Agora devemos voltar, não podemos chamar a atenção dos verdes.

Rhaenyra e Alisandre se retiraram do salão. Rhaenyra estava prezando pelo sigilo da confissão de Alisandre; entretanto, o que as duas não imaginavam era que um certo pé-torto escutava sua conversa particular. Esperando as princesas se distanciarem, Larys Strong saiu de seu canto, apoiando-se em sua bengala, caminhando para fora do local e sumindo no corredor após alguns passos arrastados.

Alicent estava em um canto com uma taça de vinho em sua mão; junto a ela estavam Otto e Larys. O pé torto acabara de contar a conversa que havia escutado entre as princesas. Alicent bebericava o vinho, dando atenção aos fatos que o pé torto contava, enquanto Otto apenas ouvia com atenção, não deixando escapar nada.

O salão estava cheio; grandes e antigas casas estavam reunidas naquele local. Mesmo com sua fidelidade jurada a Rhaenyra, alguns lordes ainda não se conformavam com a ideia de uma mulher se sentar no trono de ferro e os regenciar. O ideal para esses lordes seria que o primeiro filho homem do rei tomasse seu lugar após sua morte, mas parece que essa ideia estava fora de alcance. Porém, se dependesse de Alicent e Otto, Aegon ascenderia ao trono, ocupando o lugar que é legitimamente de Rhaenyra.

Criston Cole estava próximo à rainha, perto o suficiente para ouvir toda a história que Larys contava. Seu rosto demonstrava uma certa aversão, pois aquilo significava mais um bastardo na linha de sucessão.

— Outro deles. — Otto disse friamente.

— É repugnante a forma como se perpetuam essas abominações, frutos da falta de moral de pessoas como elas. Prostitutas. — A última fala de Alicent saiu com um desgosto quase cuspido.

— Vossa graça, o que deve ser feito quanto a isso? — Larys olhou para Alicent, observando seu nítido desgosto pela notícia.

— A mão falará com os lordes do conselho verde, enquanto isso, preciso que algo seja feito. Arrume alguém, um plebeu que implante sementes de aversão à posição de Rhaenyra como herdeira, faça o povo se voltar contra ela.

— Como desejar, vossa graça. Tenho alguém em mente.

— Ótimo.

— Prepararei o conselho após a saída da princesa e de sua família da capital.

— Perfeito. Nada irá atrapalhar, Rhaenyra não irá tirar o direito de nascimento de Aegon. Ele é o primeiro filho homem do rei, não importa se ela é a herdeira perante a corja de traidores.

— Vossa graça, perdoe-me a intromissão, mas e quanto ao bastardo da princesa dornesa? — Criston Cole falou, após ouvir toda a conversa.

— Ele não irá nascer, e se nascer, morrerá. — Alicent disse friamente, com um semblante sombrio.

— Vossa graça, a cada dia continua a me surpreender. — Otto falou calorosamente, demonstrando orgulho por sua filha.

Do outro lado do salão estavam eles, os pretos, os apoiadores de Rhaenyra. Eles festejavam, bebiam e dançavam, todos alegres. De fato, era uma honra celebrar em nome da princesa, a herdeira e futura rainha dos sete reinos. A primeira mulher a se sentar no trono de ferro.

Joffrey levou Rhaena para o centro do salão; ele a conduzia alegremente. Os dois estavam felizes e animados. Rhaenyra observava seus filhos ao seu lado, e seu Joffrey dançando alegremente com a noiva. Aquele momento feliz ficaria para sempre em sua memória, nada estragaria aquilo.

Nada... Era o que Rhaenyra pensava; ela mal sabia o que viria depois daquela grande cerimônia.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora