Capítulo 21: Juramentos

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Uma quinzena havia se passado, e lordes de todos os sete reinos foram convocados para a reafirmação de seus juramentos perante o Trono de Ferro e sua herdeira. A Fortaleza de Maegor estava alvoroçada, com servos, copeiros e ajudantes. Todos mantinham-se atarefados para a grande cerimônia que ocorreria em menos de uma tarde. A agitação de todo o castelo não se refletia apenas nos servos, mas também na família real.

Rhaenyra estava sendo vestida por quatro damas de companhia, e sua barriga já estava visível. Talvez daqui a mais quinze luas o bebê já nasça. Enquanto Rhaenyra estava sendo preparada, Alisandre visitava um meistre, pois recentemente a jovem vinha se sentindo mal.

Baela e Rhaena se ajudavam nas arrumações de seus cabelos. Alisandre logo voltaria do meistre para se juntar às irmãs Targaryen.

— Que desejo horrível de vomitar — Alisandre falou para Luke, que a estava acompanhando de volta para os aposentos das gêmeas.

— Você sabe o que isso significa, não sabe? — Lucerys perguntou para a loira.

— Claro que sei. Agora, o que eu desejo saber é como iremos esconder isso dos olhos curiosos desta maldita Fortaleza!

— Tenha calma, iremos dar um jeito. Acho que precisaremos acelerar o casamento.

Lucerys deixa Alisandre na porta dos aposentos das gêmeas. Ainda com uma carranca no rosto, Alisandre manda Lucerys ir embora.

— É melhor você ir antes que eu mate você.

— Eu nem iria ficar mesmo... louca.

— Filho da mãe.

Alisandre abre a porta dos aposentos e entra rapidamente, sem dar chance a Lucerys de confrontá-la. O príncipe Velaryon suspira ao ver o comportamento de sua noiva. Ao decorrer dos dias, a relação deles havia mudado. Lucerys sabia disso, mas Alisandre sempre dizia que o detestava.

Lucerys não entendia bem, mas sabia que aquilo não era verdade. O Velaryon caminhou calmamente pelos corredores da Fortaleza de Maegor.

Alisandre caminhou até Rhaena, que estava sentada na cadeira acolchoada do quarto. Baela reparou no semblante preocupado e nervoso de Alisandre. Logo ela foi até a amiga, segurando suas mãos, e perguntou o que estava havendo, pois Alisandre estava estranha nos últimos dias.

— Estamos preocupadas com você, Alisa. Por favor, nos conte o que está havendo — Baela acariciava as mãos da loira.

— Bom... eu estou...

— Está o que, Alisa? — Baela reforça a pergunta.

— Eu estou grávida.

Se Rhaena não estivesse sentada, com certeza teria caído no chão pelo impacto da notícia. Baela entrou em um estado de choque e surpresa, olhando para Alisandre com seus olhos violetas dilatados.

Rhaena levantou-se da cadeira de uma vez e caminhou até a loira. Ela começou a questionar desde quando. Alisandre respondeu todas as perguntas feitas por Rhaena, enquanto Baela se mantinha quieta, apenas ouvindo e tentando raciocinar o que Alisa havia dito.

— Quem já sabe? — Baela perguntou.

— Somente eu, Lucerys, vocês duas e o meistre de confiança de Rhaenyra.

— Rhaena, cheque as portas, os corredores, e a passagem secreta — Baela falou quase em um sussurro.

Rhaena fez o que a irmã pediu, olhou a passagem secreta, a porta e os corredores. A prateada deu sinal de que estavam a sós, sem passarinhos escutando, ou sem um certo rato com patas tortas espiando.

— Quando a cerimônia acabar, vá diretamente falar com Rhaenyra. O casamento deve acontecer rapidamente, e sem suspeitas sobre sua gravidez. Tome cuidado com os verdes, principalmente aquele asqueroso do Larys Strong.

Alisandre ouviu atentamente Baela e concordou com a jovem. Logo depois, as três garotas continuaram a conversar e, em seguida, terminaram as arrumações de seus trajes reais. As gêmeas opinaram que Alisandre deveria vestir um vestido de seda, completamente detalhado com fendas nos braços.

O salão do trono estava cheio, com lordes e ladys de todos os sete reinos. Viserys estava sentado no trono, à espera de Rhaenyra. Lucerys estava ao lado de seu avô Corlys e sua avó Rhaenys. Jacaerys também estava próximo dos avós; ao lado de Baela estavam Rhaena e Joffrey. Alisandre estava mais afastada. Alicent vestia um vestido verde-musgo, e seus filhos também trajavam verde, exceto Helaena. A princesa vestia um belíssimo vestido azul-água, rico em detalhes.

Guardas posicionados nos portais de madeira do salão esperavam apenas as ordens para abri-los. Rhaenyra e Daemon estavam em frente aos portões.

— Tem certeza de que eles não se rebelarão? — Rhaenyra voltou-se para Daemon, seu tio. — E se, mesmo com essa reafirmação, eles não entenderem que devem fidelidade a mim?

— Os lordes entenderão o que lhes é dito para entender. Nós somos Targaryens, somos dragões, e você será a maior rainha que este reino já conheceu — Daemon respondeu. — Não há o que questionar agora. Lembre-se de que sempre estarei aqui para protegê-la.

Rhaenyra acena positivamente para o marido, e ela olha para o guarda indicando para que os portões sejam abertos.

Uma grande procissão de senhores e senhoras do reino se reúne na sala do trono, aguardando a coroação que solidificará a reivindicação de Rhaenyra ao trono. Ela caminha lentamente, mas com orgulho, em direção ao Trono de Ferro, com uma coroa adornada por um único rubi logo acima de sua testa. Daemon segue ao seu lado, mas ele se despede após Rhaenyra chegar aos degraus do trono.

O Alto Septão logo inicia a cerimônia. Rhaenyra mantinha seus olhos fixos em seu pai, que lhe oferecia um semblante carinhoso, porém cansado. Ele estava ali por ela, mesmo com a doença o consumindo a cada instante, ele se mantinha firme perante todos, para que sua filha fosse levada a sério. Ela era a herdeira legítima, e Viserys estava disposto a provar isso.

— Rhaenyra Targaryen, princesa de Pedra do Dragão. A herdeira do trono. — Rhaenyra virou-se para os lordes, que se ajoelharam perante ela, mais uma vez.

— Jurem sua fidelidade à herdeira do trono. Lutem em seu nome, protejam sua honra e, acima de tudo, acolham-na em suas casas. Os Sete observam seus juramentos, não os quebrem!

— A rainha, junto de seus filhos, devem ajoelhar-se também e jurar lealdade perante a herdeira — Viserys disse com a voz fraca.

Rhaenyra virou-se na direção deles, mas nenhum se moveu. Então Viserys molhou os lábios e voltou a falar.

— Qualquer resistência será encarada como um ato de traição!

A fala foi o suficiente para fazer Otto Hightower, Alicent, Aegon, Aemond e Helaena ajoelharem-se bem em frente a Rhaenyra, perante seus olhos.

Novamente todos permaneciam ajoelhados, ou pelo menos quase todos. Alisandre era a única exceção. A loira mantinha sua cabeça curvada em sinal de respeito, porém ela não se ajoelharia. Rhaenyra sorriu satisfeita para a futura nora.

Alicent praguejava Rhaenyra mentalmente, desejando sua morte, pois ela pagaria por essa humilhação.

Viserys levantou-se do Trono de Ferro, o que chamou a atenção de todos. Com a ajuda de um manto branco, Viserys ficou ao lado do trono. Naquele momento, Viserys ordenou que Rhaenyra se sentasse no Trono de Ferro.

Rhaenyra subiu calmamente os degraus do trono e, ao chegar no último, olhou para seu pai, que lhe deu um aceno positivo. Então, Rhaenyra sentou-se no Trono de Ferro. Todos olhavam para ela, sem machucados e sem cortes. A herdeira sentou-se no Trono de Ferro e ele não a havia rejeitado. Eram espadas derretidas com fogo de dragão, não havia como aceitar ou rejeitar, mas para o povo, ver Rhaenyra sentar-se no trono com lâminas afiadas e não sofrer sequer um mísero corte foi uma demonstração significativa de que aquele trono lhe pertencia.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora