A pira crepitava enquanto as chamas consumiam os lenços que substituíram o corpo de Joffrey. O calor intenso refletia a atmosfera pesada que pairava sobre todos os presentes naquela cerimônia fúnebre. Não era apenas o adeus a um ente querido, mas também a tristeza de não terem tido o direito de cremar o corpo de seu filho, irmão, neto e noivo.
Rhaenys soluçava inconsolavelmente, incapaz de conter a dor dilacerante que tomava conta de seu ser. Corlys, por sua vez, tentava ser o porto seguro para a esposa em luto. Por fora, o semblante do Velaryon mantinha-se forte, mas por dentro ele se despedaçava, esmagado pela perda avassaladora. Os olhos de Rhaenyra, embora marejados, emanavam um choro silencioso, suas lágrimas escorriam silenciosamente, espelhando a dor que a corroía por dentro.
Enquanto isso, Baela abraçava Rhaena, que acabara de perder seu noivo. Suas palavras de consolo eram um bálsamo frágil para a alma dilacerada da princesa. E então havia Lucerys, que não havia perdido apenas um irmão, mas também um grande amigo. Joffrey e Lucerys eram inseparáveis, tão próximos quanto Lucerys e Jacaerys. A responsabilidade pelo irmão mais novo pesava sobre ele, uma dor insuportável que nunca cessaria até que Daeron pagasse por seu crime.
O fogo consumia as últimas lembranças físicas de Joffrey, mas sua memória permaneceria viva em seus corações dilacerados, alimentando a determinação de buscar justiça e punição para aqueles que causaram tanto sofrimento.
Daemon estava ao lado de sua esposa, Rhaenyra, de frente para a pira. Seu rosto estava abatido, os olhos tristes refletiam a dor que carregava em seu coração, mas havia algo mais. Um fogo ardente de fúria queimava em seu olhar, uma chama intensa que prometia vingança.
Seu filho Joffrey, seu garoto valente, havia sido tirado dele pelos malditos verdes. A ira pulsava em suas veias, alimentada pela lembrança do sorriso inocente de Joffrey e das risadas alegres que agora nunca mais seriam ouvidas. A dor era insuportável, mas Daemon encontrou forças em sua raiva para lutar pelo que ele considerava justo.
Ele apertou o punho, sentindo a tensão em seus músculos, e jurou silenciosamente que os responsáveis pagariam por sua crueldade. Nenhum desgosto poderia calar sua determinação. Ele faria justiça pelo seu filho.
Rhaenyra colocou a mão em seu ombro, oferecendo um apoio silencioso. Ela também compartilhava da dor e da ira de Daemon. Seus olhos tristes se encontraram, comunicando uma compreensão mútua e uma determinação compartilhada.
Nenhum deles falou uma palavra, mas as palavras não eram necessárias. A conexão entre eles era profunda, alimentada pelo amor por Joffrey e pela promessa de vingança. Em silêncio, eles se uniram em sua dor e em sua determinação de enfrentar os malditos verdes.
Daemon respirou fundo, sentindo o fogo de sua fúria se espalhar por todo o seu ser. Seu olhar se fixou no horizonte, onde o sol da tarde banhava as águas do mar que cercava Pedra do Dragão. O sangue de Visenya Targaryen corria em suas veias, e ele se tornaria a tempestade que varreria aqueles que trouxeram a morte de Joffrey; ele mataria cada maldito Hightower, seja os malditos filhos da prostituta de Vilavelha ou seus parentes.
Daemon e Rhaenyra se ergueram, prontos para iniciar sua guerra por justiça. Os malditos verdes pagariam pelo que fizeram, e o nome de Joffrey seria lembrado para sempre. Mas antes de tudo, eles sofreriam.
Por cima deles, três corvos voaram. Seus destinos já estavam confirmados: Dorne, Vale de Arryn e Winterfell. Winterfell, onde Jacaerys chegaria em pouco menos de dois dias, após a partida do Vale de Arryn.
Após o retorno de Daeron a Porto Real, ele relatou a Aegon o que havia acontecido em Ponta Tempestade. Aegon estava sentado imponente no Trono de Ferro, seu olhar fixo e soberano sobre o irmão. Daeron contou sobre a aliança matrimonial que havia conseguido, e também sobre o derramamento de sangue que havia ocorrido naquelas terras distantes. Ele narrou com detalhes a morte de seu sobrinho, o jovem Joffrey Velaryon que havia desafiado em Ponta Tempestade.
Enquanto Daeron concluía seu relato, um murmúrio suave escapou dos lábios de Alicent Hightower, a rainha mãe. Seus olhos brilhavam com apreensão; em uma prece sussurrada, ela implorou por piedade. Porém, seu murmúrio foi tão baixo que apenas a mãe poderia ouvir. Aegon mantinha seus lábios curvados em um sorriso irônico, seu prazer sádico evidente.
Aegon ergueu-se do trono, seus olhos fixos em Daeron. Sua voz ressoou pela sala do trono, carregada de um tom de desprezo e satisfação.
— Menos um bastardo no mundo — proferiu ele, sua voz ecoando pelo salão do Trono de Ferro. Seu riso cruel encheu o ar, enquanto ele parabenizava o irmão por ter eliminado o obstáculo à sua linhagem.
Aegon deu um banquete para comemorar a atrocidade cometida por Daeron. Helaena agora tinha a oportunidade perfeita de escapar, com a ajuda de sua serva de confiança. A rainha consorte preparou seus filhos para o voo. Enquanto Aegon bebia até o estupor e se entregava a prostitutas em seu quarto, Helaena se esgueirava pelas passagens secretas com seus filhos: Jaehaerys, Jaehaera e Maelor.
Quando chegou ao fosso, Helaena prendeu seus filhos nas tiras de couro da sela de Dreamfyre. Helaena montou em Dreamfyre e prendeu seu pequeno Maelor na cintura, enquanto os gêmeos Jaehaerys e Jaehaera seguiam logo atrás, presos pelas tiras de couro. Helaena se despediu de sua serva e entregou a ela uma pequena quantia em moedas de ouro para desaparecer de Porto Real, sabendo que eles iriam procurá-la após seu desaparecimento.
— Sōves, Dreamfyre. — ela sussurrou.
Com o comando de sua montaria, Helaena ascendeu do poço do dragão e voou para o céu escuro. Seu destino era Pedra do Dragão; ela precisava chegar com urgência à ilha rochosa antes que o pior acontecesse, precisava salvar a vida de seus filhos e contar a Rhaenyra o que realmente havia acontecido com Joffrey.
Helaena sabia o que deveria fazer, o que era certo fazer. Ela nunca havia vestido o preto da Casa Targaryen antes, mas agora estava disposta a usá-lo, usaria por ela e por seus filhos. O início da guerra acabara de começar, onde verdes e pretos duelariam nos céus.
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𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon
FanficA aliança entre duas grandes casas é construída por uma união conjugal. Uma aliança feita em prol dos interesses políticos. A casa Targaryen de Westeros: Os grandiosos senhores de dragões, que carregam consigo o legado e o sangue da velha valiria. A...