Capítulo 17: A chegada de Daeron

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Alicent portava um vestido verde-musgo com detalhes dourados. Suas mangas eram longas, com fendas nas laterais, e pequenas pedras de esmeralda cravadas na extremidade dos pulsos. Acima do busto, estava ele: o colar de ouro com a estrela de sete pontas, o símbolo religioso da Fé dos Sete. A rainha verde usava uma tiara adornada com esmeraldas. Cada detalhe de suas vestes demonstrava sua riqueza e poder.

Alicent caminhou até a entrada da Fortaleza Vermelha, onde seus filhos mais velhos a esperavam; todos os três estavam lá. O motivo dessa comoção era a chegada do irmão mais novo, o caçula de Alicent e Viserys: o príncipe Daeron Targaryen.

Helaena, que raramente estava presente no mundo real, parecia mais atenta do que nunca. Seus olhos estavam alegres e radiantes, talvez pela emoção de reencontrar o irmãozinho. Aemond mantinha uma expressão neutra, difícil de decifrar, enquanto Aegon demonstrava seu mais puro desinteresse em relação à chegada do irmão, pois Daeron quase nunca era citado, tornando sua existência irrelevante para ele.

— Ele vai demorar muito? — Helaena perguntou, olhando para a mãe, que até então se mantinha calada.

— Ele já deve estar chegando, minha querida — Alicent respondeu, simplista.

— Deve ter se perdido, faz alguns anos que não vem à capital, desde aquele dia — Aegon falou com tom sarcástico.

— Você fica melhor calado — Aemond pronunciou-se.

— Por favor, não discutam — Alicent pediu, recebendo um aceno positivo de Aemond e uma confirmação de Aegon.

Tudo estava calmo, quando de repente um rugido estrondoso foi ouvido. Todos olharam surpresos e curiosos para os céus, apenas para se depararem com um dragão sobrevoando suas cabeças. Aquilo significava uma coisa: Daeron estava de volta ao seu antigo lar. O dragão do jovem príncipe era maior que Dreamfyre de Helaena. Tessarion era o nome do dragão de Daeron. Suas escamas eram tão azuis que ofuscavam o azul do céu, sendo chamado de a Rainha Azul do príncipe Targaryen, como muitos costumavam falar.

Após duas voltas ao redor da Fortaleza Vermelha, Tessarion seguiu para a colina de Rhaenys, onde ficava o fosso dos dragões.

— Então essa é a famosa Rainha Azul? — Aegon perguntou retoricamente.

— Ela é maior do que eu esperava — disse Aemond.

— Ela é linda, seu título faz jus a ela — Helaena falou convicta.

— Não sei o que vocês veem nessas feras monstruosas — Alicent murmurou para si mesma. No entanto, Helaena, que estava ao seu lado, ouviu e se afastou da mãe, demonstrando uma feição séria.

Após um breve período de espera, os portões foram abertos, revelando uma carruagem de madeira com o estandarte da Casa Targaryen nas extremidades. De dentro dela, o príncipe Daeron saiu.

Ainda trajando vestes de montaria, em uma coloração verde, seus cabelos eram tão brancos quanto leite. Seus olhos eram violetas escuros, mas mesmo assim lindos. O comprimento do seu cabelo era curto, acima dos ombros, e extremamente liso.

Daeron caminhou até os degraus onde sua mãe e irmãos estavam. Ele se aproximou de sua mãe e a abraçou, recebendo um beijo na testa.

— Um bom filho sempre retorna à sua casa — Alicent proferiu, apertando Daeron em seus braços.

— Também senti saudades, mamãe — o garoto sorriu para a rainha.

Alicent retribuiu com mais um beijo em sua testa. Daeron direcionou seu olhar para os irmãos próximos e sorriu para eles, sendo retribuído apenas por Helaena.

— Irmão! — Helaena disse, com um sorriso nos lábios.

Daeron tentou abraçar a irmã, mas ela recusou de imediato. Então ele desistiu do cumprimento e passou para os outros irmãos, onde Aemond apenas acenou positivamente com a cabeça, e Aegon o puxou, pondo seu braço ao redor do pescoço do garoto.

— Querido irmãozinho, existem tantas coisas sobre as quais precisamos conversar.

— Podemos falar depois, agora estou cansado.

— Tudo bem, eu espero, afinal não tenho absolutamente nada para fazer.

Alicent limpou a garganta, chamando a atenção de todos para si.

— Daeron deve estar cansado, por isso devemos deixá-lo descansar. Agora, vamos — a rainha adentrou a Fortaleza, seguida por Helaena e Aemond. Aegon arrastou Daeron em seguida.

[...]

Os três filhos homens da rainha estavam reunidos, tomando vinho, sentados nas poltronas acolchoadas em frente à lareira, com o fogo queimando em seu interior.

— Parece que mamãe planejou tudo, todos nós aqui reunidos — Aegon levou sua taça de vinho à boca.

— Nossa querida irmã chegará amanhã, e obviamente seus bastardos estarão juntos — Aemond comentou, girando suavemente a taça entre os dedos.

— Chegaram notícias até Vilavelha sobre aquilo... É verdade, ou há algo por trás? — Daeron perguntou, referindo-se a Lucerys.

— Não duvido que nossa querida irmã esteja envolvida com alguma bruxa, pois não acredito que os cabelos daquele bastardo ficaram platinados do dia para a noite — Aegon falou, debochando.

— Acredito que devem ser apenas boatos, ou ela jogou seiva branca nos cabelos dele — Aemond deixou escapar um pequeno riso.

Daeron riu baixo, enquanto Aegon gargalhou com a fala de Aemond. Os três continuaram a beber enquanto jogavam conversa fora, se desligando do assunto que eram os filhos de Rhaenyra; ou, como costumam chamar, os "garotos fortes de Rhaenyra".

Enquanto os filhos de Alicent faziam sua pequena reunião em volta da lareira, a rainha verde estava no salão do Pequeno Conselho com o lorde mão: Otto Hightower.

Ambos discutiam uma forma de tentar legitimar Aegon como herdeiro de Viserys, mas até o momento nenhum dos planos estava correndo bem. Otto sugeriu que Alicent desse leite de papoula a Viserys para convencê-lo a assinar um termo declarando Aegon como herdeiro do Trono de Ferro e próximo rei dos Sete Reinos.

— Essa é a melhor solução viável; manteremos a princesa Rhaenyra e sua família presos como traidores.

— Não! — Alicent se alterou. — Se desejamos fazer isso, devemos fazer direito.

— Então qual sua sugestão, Vossa Graça?

— Exterminaremos Rhaenyra e seus bastardos — Alicent falou fria e convicta.

— E quanto à princesa Martell?

— Ela manteremos presa. Tenho planos para ela. Qoren entregará sua lealdade a Aegon se mantivermos sua adorada filha como refém — Alicent arrumou sua postura quando um dos mantos brancos entrou no salão.

— Vossa Graça, meu lorde mão — ele fez sua reverência. — Os estandartes das casas Velaryon e Targaryen foram avistados se aproximando.

— Ela chegou... — Alicent murmurou.

— Tudo bem, agora pode se retirar — Otto disse ao manto branco.

Alicent e Otto se olharam por alguns segundos e, logo depois, saíram do salão.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora